quarta-feira, 21 de novembro de 2018

CINE POLITITICA BRASIL


O noticiário politico é monótono e previsível como um filme ruim. Mas não importa se mudam a fita, o enredo é sempre terrível. Mesmo assim quase ninguém quer sair da sala, de suas confortáveis cadeiras dispostas à esquerda ou a direita do espetáculo, para ir lá fora enfrentar a vida no tumulto das ruas.  Esperam apenas que a administração do cinema ofereça pipoca como cortesia enquanto o noticiário dita o ritmo das horas perdidas. Assim o tempo passa  e a tela vai nos roubando a vida....

No noticiário é sempre o mesmo governo. Não importa os eleitos. O poder não tem outro enredo.....é sempre o mesmo filme: o noticiário.

A DECADÊNCIA DA ESQUERDA LATINO AMERICANA



A decadência da esquerda institucional na América Latina não se deve propriamente a eventuais virtudes de uma nova direita emergente, mas as contradições e fragilidades  das forças politicas que lhe representam nesta parte do continente.

Em que pesem suas diferentes trajetórias e identidades, todos os partidos e lideranças de esquerda, demonstraram ao longo das últimas décadas em que gozaram de alguma hegemonia em diferentes cenários nacionais, um apreço desmedido pelo poder de Estado, uma vocação autoritária e abertura para o mais rasteiro calculo fisiológico. O alinhamento com Cuba e Venezuela, entulhos do velho capitalismo de estado soviético, também contribuiu para expor os arcaísmos ideológicos de governos como o brasileiro.  

Países como Argentina, Brasil, Chile e Uruguai tentaram afirmar nos últimos anos uma nova inserção da chamada América Latina no novo cenário mundial. Contavam para tanto com a manutenção e consolidação de um projeto de poder de longo prazo, personificado por partidos políticos de tradição de esquerda comprometidos com alianças conservadoras e acomodações politicas e corporativas. Em outras palavras, as forças e legendas de esquerda, que no plano multinacional buscavam consolidar um projeto politico comum, dito progressista, no plano nacional sujeitavam-se a uma logica conservadora onde iniciativas populistas eram dosadas com o mais nefasto fisiologismo. Evidentemente as peculiaridades de cada situação nacional devem ser consideradas em tal generalização deliberadamente imprecisa. Mas o fato é que o resultado é o mesmo em todo os casos: a perda de hegemonia e uma guinada a direita ironicamente alimentada pela vitória de Trump nos Estados Unidos. Fato politico que deu ao continente uma nova silhueta na geografia global.

A esquerda institucional latino americana, longe de filiar-se a intenção de qualquer projeto emancipatório caiu no medíocre calculo da simples manutenção do poder de Estado, descredenciou-se como alternativa politica transformadora, acabando  estigmatizada pela opinião pública como uma variação do status quo. Não é, portanto, de forma alguma lamentável ou surpreendente sua derrocada politica na região.

Assim como na Europa, o desgaste da politica tradicional vem alimentando inquietudes e ensaios de uma nova forma de pensar e fazer politica a margem das instituições de poder, baseada em mobilizações e ações moleculares, formas horizontais e diretas de participação.  No Brasil, 2013 e a greve dos caminhoneiros são exemplos desta nova tendência. O populismo da esquerda já não contempla este novo movimento social e suas demandas por mudanças efetivas que extrapolam a pauta reformista e suas concessões a agenda neo liberal.   

terça-feira, 20 de novembro de 2018

OS LIMITES DE QUALQUER GOVERNO

Todos os governos do Brasil guardam em seus arranjos de governabilidade incertezas e contradições. Eles são o resultado da acomodação de diversos interesses e composições oligárquicas partidárias. 

A engenharia de um governo não segue pautas eleitorais. Em tempos de presidencialismo de coalização é basicamente um arranjo entre legislativo e executivo que não escapa a fisilogísmos e a uma agenda nacional que lhe é imposta.

Não se deve esperar muito de novos governos. Normalmente eles sucumbem a sua própria heterogeneidade e conflitos internos insolúveis.

Todo governo tem seus limites e só serve para manter a desordem nacional dentro dos trilhos institucionais.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

NASCER NO BRASIL

Quem teve o infortúnio de nascer em território tupiniquim carrega uma única certeza ao longo da vida: tudo piora com o tempo. 

A ordem nos reprime e o progresso nos conduz ao abismo. Todas as autoridades são perversas e heróis nacionais  não existem.

Toda sua existência será dedicada a uma sobrevivência medíocre.

CONSERVADORISMO E VELHICE

A velhice,em uma sociedade marcada pela desigualdade, torna-se um privilégio e um fardo para os mais jovens. 

Paradoxalmente a população envelhece em tempos de violências, de mortes prematuras. No fundo é a noção de humanidade que vem sendo desconstruída. É a juventude que estamos matando cultivando a velhice. A sociedade atual abomina seus hippies e o poder jovem e faz do conservadorismo uma nova vitalidade. Eis a essência ideológica do culto da terceira idade. Afinal, que tipo de velhice está sendo inventada?

A QUESTÃO SOCIAL DO ENVELHECIMENTO

A velhice é um fato social cada vez mais relevante nas sociedades contemporâneas. A crise dos sistemas de previdência social é em boa medida consequência disso. 

A velhice vem se tornando uma conquista social em tempos de avanços da medicina. Mas o mercado da saúde hospitalar e clínica não tem visto nisso nada além do que um negócio lucrativo.

É urgente pensar ou repensar a velhice em sociedades moldadas para a experiência da juventude e seu vigor produtivo. De outro modo, envelhecer há de se tornar um grande desastre social.

ALÉM DA DICOTOMIA ESQUERDA X DIREITA

Nos debates hegemônicos e fortemente ideológicos que atualmente obscurecem o cenário político, predominam narrativas que definem o Brasil como uma categoria totalizante. Trata-se de uma entidade quase absoluta, um espírito histórico incontestável e objeto de sonhos de progresso e desenvolvimento. Ainda vivemos no Brasil grande, país do futuro, inventado pela ditadura varguista.

A margem destas narrativas, o que chamamos de Brasil revela-se cada vez mais como pluralidade, como múltiplos interesses e apetites coletivos inconciliáveis. A diversidade é ao mesmo tempo uma qualidade e um fardo que desqualifica a polarização verbal que tenta limitar o jogo do poder a um confronto estéril entre direita e esquerda. O real desafio da contemporaneidade é o equacionamento desta diversidade. 

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

UMA REPÚBLICA DAS BANANAS

129 anos de uma república oligárquica, 30 anos de uma constituição democrática em uma democracia que não é para todos. 

Nesta nefasta data não ocorreram protestos ou indignações. Mas os políticos e seu mundo, como em nenhuma outra época, nos parecem deploráveis representantes da mediocridade nacional. Vivemos em uma república de bananas.

A MISÉRIA REPUBLICANA

A república completa 129 anos. Em termos históricos, um pouco mais de um século, é um intervalo relativamente pequeno. Mas o suficiente para consolidar uma avaliação um tanto quanto elementar: a república no Brasil, ou as repúblicas, já que várias foram as constituições e rupturas institucionais, nunca passou de um arranjo elitista consagrador do poder oligárquico. A democracia, foi até agora um hiato entre autoritarismos e pouco enfraqueceu a opressão republicana. Somos vítimas de uma republica que não nasceu de uma revolução, que jamais foi popular ou mesmo expressão de interesses públicos. A privatização da política é o que define nossa cultura republicana.

DESCONSIDERAÇÃO REPUBLICANA

A república não inaugurou a modernidade nos trópicos. Apenas sofisticou o elitismo como premissa da construção de um espaço público definido pela exclusão. 

A república não merece qualquer respeito. Ela carece de um povo. Não se fez em nome da liberdade, mas sob a herança maldita da escravidão.

domingo, 11 de novembro de 2018

UM PAÍS DE PEQUENAS TRAGÉDIAS

O Brasil é um país de pequenas tragédias cotidianas. Pessoas morrem de necessidade todos os dias por falta do mais elementar cuidado. Seja ele personificado pela falta de atenção médico hospitalar, psicológica ou simplesmente afetiva. Trata-se de um país pouco solidário onde cada um está entregue à própria sorte e miséria. Nele, carregamos nossa cota de sofrimento, de penúria, em uma sociedade de mortos vivos. Apenas uma pequena minoria é beneficiada por todos os avanços da civilização.

BRASIL EM TEMPOS SOMBRIOS

Em tempos de Bolsonaro,  o discurso  asqueroso da grande nação desenvolvimentista, personificadora da ordem e progresso, apenas mudou de lado.  Adentramos um momento onde, ironicamente, nos vemos confrontados com uma espécie de PT invertido. Nos defrontamos agora com um populismo ainda mais  autoritário e messiânico, que acha possível submeter a sociedade inteira a um projeto lunático de Estado delirante. Direita e esquerda, afinal, representam o mesmo arcaísmo neurótico em um mundo que muda, se transforma e vive a expectativa da radicalidade de um futuro de autenticas novidades. Por aqui, entretanto, nesse fim de mundo tropical, o passado ainda dá o tom das variações do sempre igual.

O autoritarismo sempre foi a grande vocação nacional e em tempos de globalização faz ressurgir a mítica das identidades.

Mas, pelo menos,  nunca foi tão clara a inquietude e nervosismo de novas paisagens de vida que se insurgem indigentes e discretas contra o deserto do arcaico da eterna e obsoleta modernidade tropical. 

O teatro do poder já não nos engana mais....
Nada está sob controle....

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

O POÇO SEM FUNDO DA VAIDADE NACIONAL

Falta as pessoas um pouco de senso crítico. Não apenas em relação ao mundo, mas principalmente em relação a si mesmas.
Todo mundo confia demasiadamente em seu próprio julgamento, naquilo que toma como verdade.
Eis nosso maior problema:

Ninguém nunca percebe  que vivemos em um país onde o ridículo perpassa todas as possibilidades de opinião. Coletivamente, produzimos um absurdo estado de coisas do qual somos agentes e cúmplices. Sempre tomamos como referência alguma ilusão de progresso quando todo o nosso futuro fede a passado. Isso se torna mais visceral na medida em que a pós verdade, o simulacro das opiniões, reinventa nosso senso de realidade reduzindo imagens de mundo a brutalidade dos afetos.

DESCONFIE

Desconfie sempre das notícias. Quanto mais informado você se torna, menos saberá da realidade. Tudo que lhe dizem por aí é uma grande mentira com força de lei. A realidade é bem mais simples: tudo é a miséria produzida pelo poder de Estado.

Somos todos escravos.
Somos todos vítimas. 
Somos todos culpados.

Desconfie...

terça-feira, 6 de novembro de 2018

O CONFORMISTA PARADOXAL

Transbordava de urgências enquanto morria afogado em necessidades. Mesmo assim tinha a boca em silêncio e seguia no fluxo da normalidade.

Não tinha personalidade para inventar futuros, aceitava o jogo ruim da realidade dos fatos.

Não se pode dizer que era um conformado ou que era um alienado. Sabia todos os defeitos e mentiras da sociedade. Seu problema era não acreditar  em sua própria revolta. Contrariava por ceticismo suas próprias convicções.

A RADICALIZAÇÃO DA BURRICE NACIONAL

Em tempos em que o mundo se torna mais conservador, apesar da iminência de transformações técnico científicas radicais e quebra de paradigmas globais, o Brasil, como era de se esperar, radicaliza sua estupidez coletiva e se torna um país mais escroto. 

A mediocridade política se dilui em guerrilha cultural franca entre conservadores e progressistas nas paisagens do eterno atraso nacional.

A polarização entre imbecis e debiloides expressa como nunca antes o quanto a reflexão e o pensamento crítico não tem lugar neste vasto inferno tropical.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

FATALIDADE SOCIAL



Endividados,
Mau remunerados,
E morando felizes  em qualquer buraco.
É assim que vivemos em tempos de neoliberalismo,
De refugiados do faz de conta da prosperidade social,
Do empreendedorismo dos miseráveis,
De teologias da prosperidade
E das ilusões de recuperação econômica.
Há quem fale no narcótico das politicas sociais.
Mas a grande verdade
É que já roubaram de nós toda dignidade.