sexta-feira, 31 de maio de 2019

MULTIDÕES URBANAS


As ruas pertencem às multidões. 

A composição dos corpos se confunde com a arquitetura das coisas, com a intensidade dos encontros, dos encantos, que inventam uma paisagem viva e humana.


Toda nossa existência depende dos fluxos das ruas, do desejo que nos dilui no acontecer intenso das multidões.

A multidões expressam a vida em toda sua intensidade.


"A multidão se organiza em torno dos eventos do momento, nos quais uma linguagem comum se expressa. Uma linguagem comum que nasce da indignação e do protesto, do cansaço de sempre se encontrar em situações que não têm saída. É exatamente como antes era com a classe operária. A multidão se organiza à base de paixões que caminham junto com a resistência e com tentativas de construções de uma perspectiva de uma nova via de solução dos problemas. Não há muita diferença do ponto de vista entre a multidão e todos os outros movimentos que nascem da base de necessidades ou anseios fundamentais de se viver e produzir. Mas há um outro elemento que é a singularidade. Quando a multidão se move, nunca é simplesmente uma massa, é uma riqueza plural de elementos de questionamentos de vida. É claro que aqui nasce um problema de organização. Há um grande problema de unidade, de articulação dos movimentos, em meio a muitas singularidades. Mas esta é também a riqueza, a beleza do processo que vivemos."

Antônio Negri

quinta-feira, 30 de maio de 2019

DEMOCRACIA PARA QUEM?


Em um pais conservador como o  Brasil, democracia e liberdade são palavras ocas. Não afetam consciências e não mobilizam multidões. Enfeitam livros, leis e discursos demagógicos.

A democracia não chega ao cotidiano do cidadão comum, sempre sem lei, direitos ou dinheiro. A democracia só funciona para aqueles que mandam.



sexta-feira, 24 de maio de 2019

O DRAMA DA JUVENTUDE BRASILEIRA


O Brasil não é um país generoso em termos de oportunidades, por aqui o futuro é sempre uma incógnita. Tudo depende da maré global,  apesar das eternas promessas  do nacionalismo tosco dos discursos dominantes.

A falta de perspectivas profissionais aflige a maioria dos jovens em uma economia em estado de crise  constante. Um diploma de graduação  já não garante boa vida a ninguém. Não há nenhuma formula politica que garanta prosperidade diante de um cenário de grandes  mudanças em curso no mundo do trabalho. O impacto de novas tecnologias  nos hábitos coletivos anunciam a sombra de um futuro inumano. 

Definitivamente eu não queria ser jovem no Brasil de hoje. A possibilidade de sucesso profissional é reservada a uma minoria cada vez menor.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

PONTO DE INSURGÊNCIA


Uma hora a vida grita,
A existência transborda,
E nada mais é possível
Do jeito antigo.

É quando a multidão
Vira fogo
E o hoje queima o passado.

É quando  o futuro sacode a terra,
Derruba o céu,
Contra as inercias da eterna esperança.

O instante é nossa urgência!

UM PRESIDENTE ESCULHAMBADO



Com apenas cinco meses de catrastrófico "governo", foi possível carimbar na testa de Bostonaro o titulo de presidente mais esculhambado da república desde a redemocratização.

Seus partidários, cada vez em menor número, podem alegar tratar-se de perseguição da oposição de esquerda.  Mas seus erros, equívocos e despreparo, são tão escandalosos, que não há quem em sã consciência, não reconheça, mesmo que moderadamente, o flagelo do desgoverno em curso. Desgoverno, diga-se de passagem, marcado por constantes desencontros internos (brigas e baixarias infinitas).

Mesmo entre os opositores é inegável alguma surpresa quanto a isso. Quem poderia prever que em tão pouco tempo, já surgiria no horizonte politico a possibilidade de um novo impeachment?

UNIÃO BRASIL PORTUGAL


O artigo 12 do paragrafo primeiro da constituição brasileira garante aos cidadãos portugueses residentes no Brasil direitos iguais ao dos brasileiros. Isso significa que qualquer português residente no país pode requerer junto ao Ministério da Justiça o pleno exercício da cidadania tupiniquim, mesmo não sendo um cidadão brasileiro. Tal anomalia nacional remete evidentemente a herança colonial e a singularidade do processo de emancipação politica que deu origem ao Brasil. A interiorização da metrópole, substituiu por aqui a guerra republicana pela independência, engendrou a constituição de um império nos trópicos com as costas voltadas para o continente.

Em contra partida, em 22 de abril de 2000, foi assinado o Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres, que estabelece o mesmo direito a um brasileiro residente em Portugal, independentemente  de ter ascendência portuguesa. 

Tal recurso é pouco conhecido, mas ganha um significado especial em tempos de globalização e fluxos migratórios. Afinal, não são poucos os infelizes nascidos no Brasil que gostariam de fugir da maldição que é estar condenado a prisão do solo tupiniquim como trágico  destino.

Mas, infelizmente, fugir do Brasil é uma oportunidade reservada a poucos privilegiados.


DA CORRUPÇÃO PÚBLICA

A corrupção pública é uma filosofia do interesse privado,  a mercantilização do poder e da vida levada às últimas consequências.

Ela é uma rede de apetites organizados que impõe a instituições publicas relações parasitárias baseadas no exercício de um poder, de um privilégio.

Ela prospera onde não há transparência.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

TRÁFICO DE INFLUÊNCIAS


Por aqui vive-se de influencias, de boas relações,  arranjos de vassalagem e compromisso. Não há fronteiras entre a solidariedade e os pequenos e grandes esquemas de corrupção. 

Todos se associam de modo corporativo e perseguem seus pequenos interesses, independentemente da origem social. Não faz diferença se estamos falando de camelôs ou empresários.  O Brasil é um país de negociatas infinitas e transversais, um paraíso da corrupção e do mau caratismo. Por aqui, até a honestidade custa caro.


segunda-feira, 20 de maio de 2019

BRAZIL: PAÍS DO FUZIL


O fuzil ( uma arma de guerra) é o grande símbolo da violência urbana no Brasil. O fato é grave, já que não estamos em guerra. 

A violência do Estado,  ou civil, no caso dos criminosos, transformou a barbárie em uma meta linguagem, em uma cultura do poder institucionalizado e dos micro poderes  não estatais.

A população é refém desta cultura da violência e do confronto que torna a morte  uma triste rotina em nosso cotidiano urbano. A violência ultrapassou todos os limites do razoável. Não há quem não esteja sujeito ao risco de se tornar uma vítima inocente de situação social tão absurda e calamitosa. Mas o mais assustador é como esta violência é banalizada, naturalizada.

O Brasil é o país do fuzil. Vivemos em permanente estado de insegurança pública.

sábado, 18 de maio de 2019

MEDIOCRIDADE REPUBLICANA

Uma das expressões da crise da república tupiniquim  é a mediocridade do jogo do poder, a inaptidão dos seus atores. Ocuparam sucessivamente a cadeira do executivo Dilma, Temer e Bolsonaro. Cada um a seu próprio modo é uma caricatura de si mesmo, uma expressão da indignidade da classe política, do despreparo e da incompetência dos profissionais do poder. É cada vez mais difícil escutar um político falar sem sentir asco ou cair na lábia de novos salvadores da pátria. Nosso futuro coletivo pertence a revolta e insurreição daqueles que por tanto tempo consentiram em ser governados pelos medíocres e gananciosos.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

O TSUNAMI DA EDUCAÇÃO


As manifestações do 15M ( quinze de maio) , em defesa da educação, acordaram as ruas de norte a sul do país contra o desgoverno Bostonaro. Não se via uma onda de protestos tão intensos desde 2013. 

De fato, como em 2013, trata-se novamente de um protesto da juventude e dos professores que afeta corações e mentes,  que espalha um pouco de vida na cena política nacional indo além da polarização esquerda X direita.

JUVENTUDE, EDUCAÇÃO E MUDANÇA


Em 2017 foram divulgados os dados de uma pesquisa realizada no ano anterior pelo movimento TODOS PELA EDUCAÇÃO, no âmbito do projeto “Repensar o ensino médio”.


 Os resultados apontavam para um fato interessante: pelo menos 43% dos estudantes participavam, direta ou indiretamente, de movimentos sociais.  Nada surpreendente. Tradicionalmente, desde o pós Segunda Grande Guerra, os estudantes são no mundo ocidental  uma categoria social, que por suas próprias características, é mais aberta a engajamentos e mobilizações  contestatórias. Afinal, ser jovem é ainda não estar enquadrado, não participar do jogo social de forma plena e ativa. A marginalidade é o que caracteriza o jovem em relação a sociedade.

Quando se diz que a juventude é o futuro da nação, é importante esclarecer que isso não é verdade apenas pelo fato de que um dia os jovens serão adultos e estarão no comando. Mas, essencialmente, porque é vocação da juventude estabelecer descontinuidades, protagonizar rupturas, no eterno jogo da luta de gerações. Estar no comando nunca significa para a geração vindoura o mesmo que representa para a geração anterior.

Não é, portanto, apenas a educação, ou um modelo de educação critica, que torna o jovem contestador. A própria condição de jovem é um grande passo em direção a comportamentos rebeldes. A delinquência é vida, é superar tradições e inventar coisas novas. O conservadorismo, sempre na contramão do contemporâneo, nunca vence a guerra dos valores.
É importante reafirmar isso em tempos de conservadorismos e ataques a escola e a educação critica. Não é a escola que leva ao engajamento da juventude, mas a juventude que cria e mantem uma educação engajada.  


segunda-feira, 13 de maio de 2019

QUANDO A REALIDADE É UMA PIADA PRONTA


Todo governo é em alguma medida uma paródia de si mesmo. O humor sempre foi um instrumento muito eficaz para desvelar o ridículo que se esconde sob o formalismo governamental, para expor os traços caricatos e aberrantes dos presidentes e ministros da republica, bem como de suas propostas mais exuberantes  e declarações infelizes.

O governo Bolsonaro (ou Bostonaro), entretanto, leva as últimas consequências o ridículo inerente a qualquer governo. Chega ao ponto de desbancar qualquer piada com a mera realidade dos fatos. Trata-se mesmo do ridículo em seu estado puro. A mínima razoabilidade que se espera de qualquer governo não se aplica aos atuais ocupantes do poder executivo.
Não há outra conclusão: Estamos diante de um espetáculo dantesco, sem qualquer comparação em nossa elitista e cretina história republicana.


sábado, 11 de maio de 2019

A PERSISTÊNCIA DO ARCAICO

Vivemos em uma sociedade onde o arcaico sempre foi uma matriz cultural. Tivemos nosso próprio antigo regime sustentado pela escravidão e o elitismo. Eles engendraram uma tradição autoritária jamais superada. De modo que a democracia nunca foi um ideal nacional, mas uma imposição dos rumos do mundo ocidental.

Ainda hoje a democracia no Brasil possui um caráter oligárquico e excludente. Pois é imagem e semelhança de uma sociedade de desiguais onde a dominância de poucos se impõe ao interesse de todos.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

A LOUCURA COMO CAMINHO

Não há qualquer justiça na realidade política. Apenas o poder como uma peste atingindo a todos. 

O Estado é uma doença que promete a cura. Tudo mais é ilusão.

Não há outra porta além desta que nos conduz a loucura. Mas quem disse que a loucura não é uma solução?

quinta-feira, 2 de maio de 2019

ANALISE DE CONJUNTURA ( SEMPRE ATUAL)




Há muitas precariedades,
Carências, demagogias,
Privilégios e patifarias
Dando os rumos da vida nacional.
Há muito preconceito,  ignorância
E Arrogância, definindo nossos rumos culturais.
Mas há, principalmente,
Muita ganância, muito olho grande,
Autoritarismo e capitalismo
Desgraçando de vez a vida da gente!

quarta-feira, 1 de maio de 2019

A DECADÊNCIA DO PRIMEIRO DE MAIO


O dia do trabalho deixou de ser no Brasil uma data de protestos e manifestações políticas.


A decadência dos sindicatos como entidades representativas dos trabalhadores, a  precariedade das relações trabalhistas, contribuíram para o esvaziamento da data como marco das lutas populares.

Os partidos de esquerda também andam mais comprometidos com o jogo do poder do que com qualquer velho ideal revolucionário.


Alem disso, não vivemos mais em uma "sociedade de fábrica" onde a norma e a disciplina expressavam um modelo hierárquico de organização social que despertava ferrenha oposição entre os que ocupavam uma posição subalterna.

O dia do trabalho não é mais  consagrado a revolta e reivindicações, pois, na sociedade atual,  tudo é incerto e provisório, o medo define a pauta nacional. Vivemos agora em uma sociedade de dispersos, onde atônicos os trabalhadores tentam vislumbrar qualquer horizonte de medíocre sobrevivência. Ninguém acredita em dias melhores. O Capital e suas corporações dominam governos e, diante de um generalizado ceticismo, impõe a ganância como motor de um suposto progresso. O certo é que, se ele existe, será para poucos.

A MONSTRUOSIDADE DO ESTADO

O desgoverno Bostonaro revela algo no mínimo assustador: a insanidade que no fundo define os rumos de qualquer governo, a arbitrariedade dos agentes públicos, o volúvel jogo da composição de intenções e interesses, que orienta as ditas autoridades  em sua função de controle e gestão de nossas vidas.

O Estado é absurdo. Sempre autoritário ou coercitiva na imposição de suas normativas. Ele favorece ao personalismo, a tirania e faz de qualquer noção de democracia uma letra morta diante dos protocolos do poder.