Segundo Benedict Anderson em seu clássico estudo “Nação e Consciência Nacional, um estado nação é uma comunidade política imaginária, uma dessas estranhas construções culturais da modernidade. Particularmente, diria ainda que algumas imaginações nacionais mostram-se mais funcionais enquanto outras, por uma serie de variáveis, são tragicamente desfuncionais e carnavalescas versões de qualquer fantasia nacionalista ideal. O exemplo brasileiro enquadra-se, naturalmente, neste ultimo caso...
Minha pele negra é minha bandeira,
e no eco de perdidos tambores
ainda escuto antigos cantos de libertação
e de natureza.
Minha terra é o aqui e agora do Não a civilização.
Não sirvo a qualquer governo, história ou nação.
Existo em estado de devir e desobediência,
As- significando o mundo
gritando permanentes micro Revoluções ascendentes.
A ausência de uma coordenação nacional do plano de imunização contra a COVID-19, o oportunismo, irresponsabilidade e negacionismo de muitas prefeituras espalhadas pelo país, vem transformando o processo de vacinação em um pesadelo. Não fosse isso suficiente, há o negacionismo de parcela significativa da população, que se recusa a aderir as medidas preventivas como uso de máscara e higienização e ainda promove aglomerações. Mas o desejo por imunizantes prevalece no país. País, diga-se de passagem, sem vacina ou perspectiva de concluir com sucesso qualquer plano de imunização.
As variantes cada vez mais letais do vírus também contribuem para composição de um cenário sombrio de um número de mortes, desencadeado por um único evento, sem precedentes. Através da nova peste global, todas as mazelas, desfuncionalidades, patologias, obtusidade provinciana, do Estado e da Sociedade que prevalece neste amplo território-nação, são expostas nas filas e angustias daqueles que não conseguem se vacinar enquanto o morrer prospera e esgota hospitais e cemitérios.
