R.I.P. PELÉ

O habito de se referir a Pelé na terceira pessoa mostra o quanto Edson Arantes do Nascimento tinha consciência da enorme distancia que separava o jogador do indivíduo. Mesmo que objetivamente fossem considerados uma única pessoa, o primeiro era uma entidade, um mito. O  segundo, um homem banal e sem qualidades indigno do próprio sucesso. Ao longo dos anos , não foram poucas as atitudes e opiniões do Sr. Edson Arantes que despertaram a indignação de muitos dos admirados de Pelé. Por outro lado, não é novidade o fato de que jogador brasileiro, com raras exceções, é um sujeito que se orgulha de ser burro e intelectualmente limitado. Coisa que os aproxima da grande maioria dos aficionados pelo esporte bretão. Por mais antipático que seja dizer isso, a morte de Edson Arantes do Nascimento foi apenas mais uma morte na banalidade do morrer cotidiano. Todo mundo morre. Muitos sem receber atendimento na sala de espera dos hospitais públicos. Situação bem diferente da do St. Edson.

 Quanto ao Pelé, um mito não morre e nem envelhece. Indiferente ao futebol, escrevo estas linhas sem compartilhar da comoção global pela morte do sr. Edson e sem me identificar com o Brasil que ele representa.

DELINQUÊNCIA APÁTRIA

Fui parido e educado

para ser e viver como um  animal de circo e picadeiro.

Mas nunca acreditei,

e sempre repudiei pátrias,

 exercícios,

  Estados e bandeiras.

Desde sempre quiz ser livre

e resisti a todos os cabestros.

Nunca me conformei ao destino

que me tentaram impor.

Estava eu predestinado

ao heroísmo de ser marginal e atrevido,

de existir torto e persistir mal educado.

CONSERVADORISMO FUNCIONAL

As situações que nos definem

 Como entidades unas e continuadas, 

Condicionadas a tantas rotinas compartilhadas,

 São vazias de proposito e perpetuadas por simples inercia. 

Elas só sobrevivem porque a maioria de nós odeia mudanças

 e não suporta o desabrigo de situações amorfas e dispersas

  ou o desassossego de condições novas e incertas. 

Somos uma sociedade de covardes,

 de medíocres.

 Vivemos como pássaros amantes de gaiolas que sofrem vertigens

só de  imaginar a aventura da liberdade

 da imensidão de um céu  aberto em azul.

DESOBEDIÊNCIA CIVIL

Rebelar-se exige coragem,

uma imensa dose 

de generosidade e boa vontade.

Mas, acima de tudo,

pressupõe a ousadia

de colocar-se em risco,

de desafiar toda autoridade

e verdade estabelecida,

até que a própria existência

se torne um intenso exercício de desobediência.

Rebelar-se é fazer de si mesmo um outro,

Um caos e uma máquina de guerra,

afirmar contra o Estado 

a potência da  multidão

e a liberdade que nasce da ação direta.

OS ULTIMOS DIAS DO DESGOVERNO BOLSONARO

O melancólico fim do desgoverno Bozonauro está longe de resolver a crise política que se define, não é de hoje, pela falência do atual sistema político e, consequentemente, como uma crise da própria república.

O caráter oligárquico e elitista da "democracia" brasileira torna o autoritarismo corriqueiro já que o regime reflete a brutal desigualdade de nossa sociedade e o arbítrio que sempre definiu o jogo do poder.

Parcela considerável da população não espera grandes novidades do novo governo e nem considera grave os calamitosos últimos quatro anos de desgoverno da extrema direita. No fundo, para tal maioria, entra e sai governo e a minoria de sempre determina os rumos de nossa perpétua tragédia nacional. 

Mesmo assim, seria saudável se Bozonauro fosse responsabilizado pelos seus tantos atos criminosos a frente do executivo junto com alguns de seus ministros. Mesmo que o sistema jurídico não seja feito para punir políticos e ricos em geral e sim para perpetuar seus crimes. Mesmo que o rigor da lei não exista para os criminosos de terno e gravata que desfrutam da intimidade e camaradagem de seus juízes .

CONGRESSO NACIONAL= ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

As chamadas imendas de relator, vulgarmente conhecida como "orçamento secreto", que sustentaram a governabilidade do governo Bozo, institucionalizando o mais descarado fisiologismo eleitoreiro e uso arbitrário de verbas publicas já patrocinada pelo poder legislativo, sob o aval presidencial, não serão superadas por sua inconstitucionalidade decretada pelo STF. 

Bem sabemos que os parlamentares brasileiros agem como uma astuta máfia, muito competente quando o assunto é manter seus privilégios e perpetuar falcatruas sob qualquer governo que deles depende para governar.

A corrupção sempre está na ordem do dia do congresso nacional e na agenda do executivo da vez.

Como dizia Bezerra da Silva: se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão.

Político no Brasil não tem vergonha de roubar.

A FUTILIDADE É MÃE DA ALEGRIA

As pessoas parecem felizes,

apesar da carestia,

da violência,

dos políticos corruptos,

Dos hospitais em colápso,

de nossa falta de educação,

e, principalmente,

da saudade dos que morreram  cedo.

Sim. As pessoas parecem felizes,

sorrindo de tudo,

como se o dia estivesse perfeito.

O segredo é não pensar em nada,

não saber de nada,

e viver indiferente a tudo que nos reduz a nada.

O segredo de tudo,

é, simplesmente, o nada.

Então não se importe,

Não queira nada,

e sorria ao vazio

de uma vida tão sem graça.

CONTRA O NACIONALISMO

Meus pés não reconhecem a prisão

de qualquer estado nação.

Meu chão não tem fronteiras,

como não tem limites

minha imaginação.

Infinita é minha necessidade de ser livre 

e plenamente existir

contra bandeiras e burocracias.

Minha casa é sempre onde estou

no efêmero acontecer do meu aqui e agora.

Onde quer que vá respirarei iberdade.

CONTRA TODA AUTORIDADE!

Toda autoridade é asquerosa,

uma bem sucedida mentira

que pelo cabestro da fé 

diminui quem lhe reverência 

em miserável exercício de covardia e idolatria.

Morte ao rei, presidente  ou primeiro ministro!

Abaixo os privilégios dos bem nascidos!

que morram todos!

Que seja autônomo o povo!

Longa vida a revolta,

a raiva,

e a rebelião de qualquer bestial multidão

que sirva de alma as nossas ruas

tão maltratadas.

Toda baderna é bem vinda,

Pois a ordem atual

é odiosa e maldita.

Abaixo todos os senhores,

juízes e padres!

Desapareçam em qualquer precipício

os rebanhos!

Que nos embriague o vinho doce da mais deliciosa  insurgência.

Quero dançar, aí da hoje sobre um chão que treme!

SOBRE BOSSA NOVA

No fundo a bossa nova sempre foi mais sobre a morte do que sobre amor,

sobre nossas desventuras,

sobre nossa preguiça,

sobre nossa falta de perspectivas,

e sobre a futilidade melancólica e tropical que nos fez avessos a mentira nacional desenvolvimentista

e delinquentes irresponsáveis e  amigos do carnaval.

TODO GOVERNO NÃO PRESTA!

Todo governo é fisiológico, em alguma medida corrupto, e conivente com o privilégio enquanto princípio estrutural da ordem política vigente.

Então, nunca espere nada de qualquer governo além da manutenção das desigualdades, do capitalismo, e  da nossa quase absoluta falta de perspectivas para o futuro a curto e médio prazo.

MORTE AOS RICOS!

Muitos amam o poder.

Mas o poder é privilégio de poucos.

Apenas uma minoria de púrias,

em obscuro conluio,

decide os rumos do mundo.

A maioria existe para manter a ordem,

para a escravidão voluntária,

sobrevivendo da miséria

de qualquer fé ou razão

que lhes conforma a alma.

Mas a exclusão não para de crescer

alimentando a repulsa ao poder

que inspira a multidão fragelada.

Restará um dia,

como alternativa

aos que amam o poder,

apenas uma palavra de ordem:

Morte aos ricos

antes que seja tarde!!!

EM TEMPOS DE COPA DO MUNDO

Em tempos de copa do mundo há todo um esforço midiático para vender o evento as nossas consciências, torná-lo espetacular e cada vez mais lucrativo, de uma perspectiva global.

Tentam nos fazer esquecer o quanto a FIFA é uma instituição de duvidosa reputação e o quanto o futebol já não é mais uma prática esportiva que renova vínculos comunitários, mas um negócio milionário muito distante de nossa humilde realidade.

CONSERVADORISMO ELEITORAL

Existe apenas um tipo de eleição: a da continuidade. Não importa a conjuntura das candidaturas, muito menos o resultado das urnas, uma eleição é sempre um evento conservador, destinado ao rito de reprodução de um sistema político que sustenta uma dada ordem social econômica vigente.

Em toda eleição muda-se apenas para perpetuar o velho. É a regra da democracia quando redudizada a superficial fórmula liberal de alternância do poder de Estado . Não se deve, portanto, esperar muito de qualquer novo governo. Nossos problemas permanecerão os mesmos enquanto vigorar tal regime oligárquico fundado em desigualdades e privilégios.

CONTRA O NACIONALISMO

Por si só, o patriotismo é uma destas miseráveis patologias coletivas que nos foram legadas pela modernidade. Pode-se dizer que, ao conformar ao confinamento e administração nacional uma população, alimentou o capitalismo em sua fase comercial e imperialista fundada na exploração desmedida. O fez desterritorizando o homem da terra através da vertigem das grandes cidades pós industriais na imposição do materialismo produtividade e burguês.

Mas a mais triste memória do nacionalismo são ainda os fascismos e as duas grandes guerras europeias do século XX.

Onde invocado pelo espírito da época, o nacionalismo fede a autoritarismo e exploração.

CONTRA O BOLCHEVISMO

Não tente reduzir minha rebelião 

a impessoalidade da relação capital/trabalho.

Não me venha com 

economicismos e doutrinas

para enjaular meu grito.

Não sou força produtiva,

sou inteiramente selvagem

e avesso

ao progresso de sua civilização.

Não tenho nenhuma pretensão

ao cretino juízo de qualquer razão de Estado.

CONTRA O PODER QUE NOS MATA

É tempo de extremo perigoso,

quando o poder já não mais oprime,

mas conforma.

Quando a norma não nos limita de fora,

mas nos conduz por dentro.

Neste momento é preciso emitir

um alerta de incêndio,

é preciso resistir

como um bárbaro

ou como um filho do inferno.

Pois já não há mais futuro

que não se ofereça

como o inevitável

de qualquer distopia.

Apagou-se, para sempre,

o fogo de toda esperança.

Tudo é melancolia.

Ninguém mais pode existir

fora ou além da falsa paz da norma.

A verdade é uma fé totalitaria,

esmagando todos nós,

enquanto tortura e mata a poesia.

POEMA IMPOLÍTICO

Pouco me importa quem ganhou a eleição.

Se  há governo sou oposição.

Tenho todo direito de sê-lo,

 de dizer não,

de querer ser livre, 

e me recusar a viver 

 como me obrigam os donos do mundo.

Ainda é tempo de virar hippie,

nômade, louco ou vagabundo,

contra o cada vez mais duvidoso

 progresso nacional.

Não esperem que eu acredite em governos,

Na lei, na ordem, em deus, pátria e família.

Quero distância de tudo que fede e apodrece como poder, norma, e hierarquia .

Também não aposto no futuro do mundo.

Creio no eterno retorno do caos

contra as mentiras da humanidade.

O futuro é a Terra reinventada pelo impolitico da natureza.

O amanhã será verde e terrestre.

A VERDADE COMO MENTIRA

A verdade é a mentira perfeita.

Ela é o que nos conforma 

a ilusão de outros mundos.

Ela é o que domina

ou define,

os limites do próprio possível.

A verdade estabelece 

o que pode ser dito,

sonhado,

gritado ou pensado,

fora das quatro paredes do quarto de hospício.

A verdade é a narrativa que vira norma,

a propaganda que inventa o produto

que todo mundo compra.

Sua essência é o segredo da fé:

o vazio que une o rebanho,

o desejo sem gozo,

sempre renovado.

A verdade é a alma do nada,

é a vida que mata,

o livro que nunca foi escrito,

ou, simplesmente, 

aquilo que não pode ser,

mas que todos juram

que aconteceu.

A verdade é a falácia

que alimenta a esperança.

LUTAR, LUTAR, LUTAR.

A luta acontece dentro, fora, e através de todos e de ninguém.

Todo corpo é uma partícula revolucionária de uma infinita e intempestiva revolução molecular que não para de crescer, multiplicar, reinventar o impossível....

Lutar é mudar sempre e a mudança é o que define a vida em sua radicalidade e ingovernabilidade. 

EM BUSCA DAS INSURGÊNCIAS PERDIDAS

Vivi pra ver uma extrema direita asquerosa, fascista, picareta e doentia, se organizar e ensaiar insurgências contra a ordem política vigente,  diante de uma esquerda liberal, conservadora e populista, que de tão eleitoreira se afastou das ruas por amor ao poder .

Vivi pra ver a apoteose da servidão voluntária em tempos de crises e precariedades, incertezas e abismos.

Precisamos todos urgentemente rejuvenescer , reinventar a vida, para dançar novas lutas e revoltas ....

Pelo fim imediato deste mundo!!!!

....antes que seja tarde demais.

DIA DE LUTA

Abraçado a vida indigna 

de todos os dias

registra teu grito no calendário,

arromba a porta das horas

e rouba o futuro

para mudar o aqui e agora

antes que seja tarde demais.

É hora de dizer não,

de reinventar a revolução,

Jogar a fome na rua,

explodir a miséria,

 odiar o trabalho,

A igreja e o capital.

Tua alma é a revolta,

tua arma a poesia viva

de um corpo em luta

anti estatal.

TRISTE DIAGNÓSTICO DE UM SEGUNDO TURNO ELEITORAL

Vivemos em uma republiqueta oligárquica bananica onde política virou um espetáculo de gosto duvidoso entre a direita e a e esquerda, estas duas filhas exóticas  de uma ordem institucional elitista e autoritária.

Mas agora, entre nós, há uma triste novidade: uma extrema direita escrota e podre cresce como um câncer em um organismo que nunca foi saudável. 

As possibilidades de evolução deste quadro patológico são as piores possíveis. Afinal temos diante de nós um cenário de pré catástrofe e hiper realidade, onde banalizamos o mal que devora um corpo político, faz muito tempo, moribundo, e, as vésperas de um estado de transe.

CONFORMISMO

Há em nós uma covardia, 

um silêncio,

um equilíbrio,

uma obediência,

que nos ilude sensatos.

Aceitamos as coisas como são

apodrecendo a realidade

com nossa domesticação.

Há em nós uma covardia,

uma servidão que nos castra.

PROPAGANDA ELEITOREIRA

Fazer propaganda eleitoral é tentar vender merda para papel higiênico.

 Tal metáfora absurda  é perfeita para ilustrar o sofisma de nossos discursos e o ridículo das convicções sufragistas.

Afinal, para os profissionais da política institucional a vida pública é um palco onde se interpreta um papel. Tudo é falso, mentiroso, e , as vezes grotesco, devido a mediocridade do público.

NA CASA DE TAIBA

Na casa de taiba,

precária e fora do mundo,

tudo é natureza.

A vida é bruta, dura,

Cruel e absoluta

na coincidência dos opostos.

O tempo esquece o espaço

no eterno retorno do mundo.

Há sempre doenças,

sobrevivências,

e silêncios.

Na casa de taiba,

as pessoas são pedras,

e a sociedade, o Estado, 

a Razão e a História,

são menos que nada,

como bosta de boi na beira da estrada.

SOBRE NEGACIONISTAS

Os conspiracionistas de direita e esquerda se julgam muito inteligentes criticando políticas públicas como vacinação em massa, a indústria farmacêutica ou os meios de comunicação. 

Geralmente, confundem paranóia com espírito crítico e a especulação leviana com a realidade.

Depois da pandemia de COVID sabemos que  eles não passam de negacionistas  fanáticos a  espalhar desinformação e escrotidão conservadora pelas redes sociais.

Aprendemos a não lhes despensas muita atenção.

NOTA SOBRE O FIM DO MUNDO

O mundo onde nascemos não existe mais,

mas insistimos em continuar vivendo e pensando

como antigamente na ilusão de verdades eternas.

O fato é que o mundo acabou e ninguém percebeu.

O mundo onde vivemos não existe mais....

CONSERVADORISMO HOJE

Atualmente o conservadorismo não possui fronteiras ideológicas. É de direita e esquerda na acrítica afirmação moral da tradição judaico cristão.Nossa sociedade é autoritária e desigual pela vontade de um deus único e machista.

O conservadorismo cristão é, por muitas razões,  a raiz que sustenta a vida nesta terra maldita.

É o que torna retrógrada toda mudança condenada a aberrancia da ordem e progresso do nosso eterno e calamitoso retrocesso colonial.

Acreditar que existe um cristianismo bom é perpetuar tamanho desastre.

AFORISMO SOBRE A MENTIRA DA VERDADE

A única verdade em período eleitoral é que tudo é mentira e o contrário também é real... não importa quantos duvidem disso.

DEMOCRACIA AUTORITÁRIA

"Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério. (...)

Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo".

 Guimarães, Ulisses 1987

Mesmo sem compartilhar do civismo nacionalista, que também alimenta as ditaduras, somos francos inimigos do autoritarismo, do terrorismo de Estado, tal como Ulisses Guimarães. Diferente dele, entretanto, sabemos  hoje no Brasil a democracia pode permitir em nome da república arbítrios e oligárquismos tão perversos quanto os que ocorrem em qualquer ditadura. Afinal, a república entre nós nunca teve vocação para democracia. Teve como pai, aliás,  um golpe de Estado e nunca gostou de povo na rua.

TEMPOS DE REBANHOS

Desde as eleições de 2014 o congresso nacional e a própria sociedade civil vem se revelando cada vez mais conservadora. Pautas Libertárias como da descriminação do aborto e das drogas são cada vez mais marginalizadas e temas ligados a valores conservadores são cada vez mais influentes através de pautas punitivistas.

A própria esquerda abraça temas conservadores ligados a religiosidade e família buscando sobreviver como opção política em tempos tão pudicos.  Hoje são raras as almas rebeldes que avançam contra os limites do presente. Normizamos a desigualdade, o fanatismo e  o autoritarismo.  Talvez nosso futuro reinvente os melhores dias do fascismo. O certo é que os rebanhos não param de crescer...

PREMISSAS INSURGENTES

A pluralidade de lutas e contra condutas contemporâneas, de re-existencias e fugas, desenham no corpo a intuição de outros modos de existência, a realização incerta de um cultivo de si contra o tempo e o mundo.

Mas o rosto não cabe no instante, na invenção dos fatos, na incerteza das rotinas, entre a morte e a imanência, que desafiam as condutas.

O inimigo é o poder que nos escraviza a moral e ao rebanho, que nos conforma ao cosmos e a ilusão do sagrado.

O INIMIGO É DEUS, O ESTADO E O HOMEM.

O inimigo delira o absoluto, o universal, a Razão na história.

NÃO VOTE! LUTE!

Todo voto é inútil,

como todo governo é injusto.

Ser governado é ser anulado

submeter-se ao Estado,

Como um escravo.

Não há escolha,

Ninguém é livre,

através do voto.

Fuja ao rebanho.

Não vote.

Lute!!

PERÍODO ELEITORAL

Período eleitoral é uma puta merda!

 A realidade desaparece. 

Todo mundo viaja na maionese.

Acha que é carro pra ser dirigido,

ou escravo pra ter senhor.

Até bandido fica iludido,

e entrega a alma na zona.

SOBRE A MISERIA DO CRISTIANISMO

"CONTRA O CRISTIANISMO: Agora é o nosso gosto que decide contra o cristianismo, não mais as nossas razões." F.  Nietzsche in A Gaia Ciência. Aforisma 132.

Acho estranho quando as pessoas se referem a um cristianismo "bom" ou "autêntico" contra toda  atrocidade cristã, como se não  fosse  vocação de tal religião  o gosto por tudo  que é doentio, elitista, autoritário, contra a vida, conservador ou reacionário.

Contra o cristianismo depõe sua própria história.

A DECADÊNCIA DA POLITICA

Onde a política é reduzida ao maniqueísmo, a luta do bem contra o mal, e ao totalitarismo da virtude, predomina o fanatismo mais perigoso. Pois longe de um exercício de cuidado de si e dos outros, um ofício de liberdade, a política se reduz a condução de rebanhos, inspirada pela patologia do ressentimento, pelo mais tosco ideal de uma falsa moralidade absoluta.

GOVERNOS E MUDANÇAS

Todo novo governo é sempre  uma frustrada tentativa de correção dos erros do governo anterior. Mas o grande erro é o governo como princípio. Afinal, todo governo é um arranjo oligárquico e  corporativo destinado a conservação da ordem vigente fundada em hierarquias e desigualdades. 

Governos não nascem das escolhas e desejos dos governados, mas da servidão aos seus governantes.

Não se deve esperar transformações de nenhum governo, pois eles mudam as coisas em sua aparência para conservar- las tal como são em sua essência.

Na república moderna, todo poder é exercido em nome do povo e contra o povo para o bem de poucos.

CONTRA CAMPANHA ELEITORAL 2022

A urna eletrônica é segura. Mas os políticos e o Estado não funcionam, são um lixo.

Fora todos os parasitas! 

Não se deixe assujeitar pelo poder.

Pare de ser um babaca.

Faça autonomia, autogestão.

Pratique apoio mútuo.

URGÊNCIA

É urgente fugir a rotina,

ao previsível e a norma,

apesar de toda impotência,

precariedade, medo e incerteza,

que nos conforma a autoridade e a injustiça.

Cultivar vida,

é sempre criar revolta,

ser ousado e atrevido,

Frente a ordem estabelecida.

Não importa se nos falta esperança,

se não existe saída,

ou nos sobram ameaças.

É urgente fugir a rotina,

inventar outro dia.

 Na dor e na raiva,

intuir outra vida,

antes que seja tarde

e o futuro desista de nós.

CHAMADO A GRANDE REBELIÃO

Governos não mudam o mundo. Eles apenas administram a ordem estabelecida. Buscam tornar suportável o intolerável jogo de poder e do controle que nos conforma.

Derrubem todos os governos, antes que seja tarde demais para a vida. Renunciem a servidão voluntária de uma vida de merda.

Nosso futuro está morto!!

Queimem o passado!!!

RACISMO MODERNISTA

O mito das três raças, tão caro ao fascismo discreto da ditadura do Estado Novo, miturado ao nacionalismo pós romântico dos modernistas, inventou a mistura de raças. Mas no fundo, longe de expressão de uma singularidade de nossa formação social, tal mistura, ao ser romantizada, escondia a brutalidade de um racismo que, diferente daquele triunfante na América do Norte, não recorria a muros para produzir segregação. Partia, ao contrário, da promiscuidade, como estratégia de poder e consolidação de status e normativas de desigualdade e hierarquias inspiradas pela invenção do negro como o outro submisso da cultura hegemônica. O negro inventado pela cultura colonial é o que perdeu seu passado, o que não tem alma.

MARASMO ELEITORAL

Diferente das eleições gerais de 2018, as de 2022, seguem mornas, apesar da grande crise econômica e total falta de perspectivas dos nativos tupiniquins no cenário pós pandemia. No fundo, é do conhecimento geral que resultado eleitoral algum há de mudar nosso futuro coletivo. Estamos condenados as incertezas do presente global.

Por outro lado, o Brasil nunca pareceu tão pequeno dentro de um mundo tão rico em transformações. A falsa polarização esquerda x direita, é a ilusão de alguns poucos tolos que ainda buscam sentido e razão na política institucional. 

POLÍCIA GENOCIDA

A polícia mata preto todo dia.

Mata pra manter a ordem das raças,

Reafirmar privilégios, silêncios,

misérias & abismos.

A polícia mata preto todo dia,

Porque segundo a igreja,

preto não tem alma

e matar é ofício próprio da polícia,

pois a pena de morte é sua política.

DIAS DE LUTA

Nunca acreditei no Estado.

jamais confiei em qualquer governo.

Sei que todos os políticos mentem,

que o poder corrompe,

a religião ilude,

E que o capitalismo mata.

Sei que a vida não é um conto de fada

e a gente só Sobrevive na raiva.

REDES SOCIAIS

As redes sociais criaram a ilusão de que somos senhores de nossas opiniões e, pior ainda, de que há alguma autenticidade no mimetismo de nossos enunciados.

Chegamos ao ridículo da subjetividade sem sujeito ou objetivação, a apoteose do simulacro.

O NEO CONSERVADORISMO COMO PATOLOGIA POLÍTICA

O neo conservadorismo, sob a forma do bolsonarismo ou de qualquer outra variante igualmente nefasta, reintroduziu entre nós a ideia de uma "política total".

 A vida, convertida em ação política, confunde-se, assim,  com  religião e fanatismo na apoteose do rebanho, na afirmação radical da moral e seus  modelos absolutos como política demagógica e populista de Estado.

O pesadelo conservador que nos últimos quatro anos norteou a vida política nacional é uma patologia social, uma pedagogia do horror,  uma febre coletiva, que parece longe de cessar.

Somos um país como nunca antes enfermo.

DORMIR ATÉ O MUNDO ACABAR

Quero dormir até o fim do mundo.

Não saber mais nada 

sobre a crise das coisas

ou sobre as coisas da crise.

 Sei que, se a vida hoje anda difícil.

Mas amanhã ela, certamente,

correrá contra o impossível.

Então deixem me dormir, esquecer,

e esperar o fim do mundo.

Afinal, hoje em dia,

é quase impossível viver

sem querer gritar.

Deixem me dormir

até o mundo acabar.

Quero toda minha tristeza

convertida em sono e preguiça.

CONTRA HISTÓRIA NACIONAL

A história nacional não passa de um folhetim ruim,

Literatura barata patrocinada pelo Estado

Para apagar a triste memória de populações exploradas e massacradas.

A bandeira da razão, 

puta expressão da burocracia da nação,

 apodrece entre os tantos mortos

soterrados em em nossos abismos coloniais.

Fujam dos cursos de história e de seus contos de fada oligarquicos.

Diga não a fábula da grande nação.

Não se iluda com a falácia da república

e com a podridão nacional.

ANTI PÁTRIA

Sou filho de um canto de  terra,

Mas inimigo de bandeiras,

do Estado Nação

Inventado pela escravidão

e perpetuado pela exploração

de nossa voluntária servidão moderna.

Abomino este Estado

armado, divino,

Produtivo e autoritário,

que todos os dias

nos mata um pouco

em seu desumano progresso

Supostamente infinito.

 Silenciados sob sua bandeira

somos sujeitados ao seu maldito poder,

apartados do tempo da natureza

 e da vida desrazoada 

dos nossos corpos e territórios existênciais.

CONTRA OS REFORMISTAS

Os amantes do progresso, das reformas, e da paz social, vivem em um país irreal de pacificações e diálogos entre desiguais, defendem a hipocrisia liberal de um capitalismo sem contradições. Eles negam o dissenso e os embates como próprios da política, como estratégia mesquinha de eliminação autoritária de conflitos e criminalização dos movimentos sociais.

UTOPIA VIVA

Haverá de ser verdade

a outra realidade

de um sonho de infância 

onde imperava a liberdade e a igualdade,

onde nenhum poder nos governava,

e a vida era intensa e maior que o tempo.

Haverá de ser verdade

A viva utopia que me agita a vontade,

que me lança contra o mundo

em um delírio cego de esperança.

Haverá de ser verdade

todo futuro perdido em nossas infâncias.

A DECADÊNCIA DA NAÇÃO, O BI CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA E O CORAÇÃO PODRE DO IMPERADOR

Em tempos de imaginação global e emergência climática, o mito do estado nação anda em baixa.  Sua narrativa faz parte quase que exclusivamente da retórica neo fascista.O que torna desconfortável até mesmo torcer vc pela seleção brasileira em ano de copa do mundo.

Por isso não surpreende o ridículo das celebrações do bi centenário da independência no Brasil. A nação é uma mentira colonial que não nos engana mais.

A iniciativa, de inspiração reacionária, de trazer o  coração de Pedro I para exposição, durante a celebração do bi centenário, beira o cúmulo do ridículo nacionalista. Como diz um posto de rede social sobre o episódio:

"Coração de Dom Pedro, o transporte de carniça mais caro do mundo !!!!"

Um segundo comentário também merece aqui ser lembrado:

"Que lance é esse de quererem expor o coração de Dom Pedro I? Seria mais interessante exibir o pinto dele, que tem histórias mais interessantes."

LUTAS E TRANSFORMAÇÕES

Afirmo a urgência de todas as lutas,

resistências, dissonâncias,

e formas de existência,

que questionam a ordem vigente,

os limites do tempo presente,

e a competência das autoridades.

É preciso, de todas as formas,

gritar os limites da realidade,

denunciar o absurdo dos enunciados,

Gramáticas e hierarquias,

que inventam privilegiados,

alimentando precariedades,

conformismos e silêncios.

Todo eugenismo deve ser denunciado,

confrontado e esmagado

em um grande e popular carnaval.

para que a vida transgrida a norma,

Identidades e verdades,

e jamais se detenha sob qualquer forma fixa.

Afirmo a liberdade, o intempestivo,

e o inesperado,

O eterno retorno do inumano que dança e que luta 

no encontro da terra,  do céu e do fogo

em alucinada mudança em urgências da natureza.

 

MEMÓRIA POSTUMA

Um dia eu fui uma criança,

como muitas outras crianças,

tutelada, amada pela família, 

suportada pelo Estado,

e moldada para o conformismo social.

Fui jovem,

educado para ser explorado,

sacrificado e coisificado,

Conforme  os interesses nacionais

e as exigências do mercado.

Fui adulto.

Banal, previsível,

e comum,

como qualquer animal doméstico

em busca de abrigo e recompensas.

Hoje não passo de uma lembrança sem alma,

Indiferente a qualquer realidade,

ignorada pelo próprio tempo,

avesso a toda ilusão de eternidade. 

MORTE EM SOCIEDADE

Não seremos salvos no final.

Não há redenção.

Estamos todos condenados

a uma morte qualquer,

impessoal e protocolar.

A vida segue,

sobrevive a doença

da sociedade,

ao poder soberano,

quase divino,

através do absurdo

de nossas crenças, hábitos,

e falsas metafísicas e racismos.

 Existir é qualquer espécie

de pesadelo coletivo

onde ninguém será feliz.

Abomine tua família.

Cuidado com a genética

e com a maldição nacional.

MISÉRIA REPÚBLICANA

Pouco me importa as eleições gerais,

o futuro da república,

a copa do mundo,

Mentiras e hipocrisias,

que inspiram todo discurso oficial.

Todo poder é roubado do povo,

e contra ele é exercido,

em nossa elitista e racista tradição repúblicana.

Voto não muda isso,

nem garante democracia.

CAMPANHA ELEITORAL 2022

Hoje começa oficialmente no país mais uma campanha eleitoral a presidência da república. A mais polarizada e ideológica das últimas décadas, e a primeira, desde a redemocratização, assombrada pelo fantasma de golpe e ruptura institucional.

Apesar disso, não se discute política, no país do faz de conta, onde o povo morre de fome, enquanto os políticos enriquecem e a corrupção move campanhas onde o futuro, como sempre, promete repetir o passado. Afinal, como já dizia Millôr Fernandes, o Brasil tem um longo passado pela frente.

E QUEM MANDA É O CONGRESSO E O CENTRÃO...

As instituições seguem funcionando normalmente em nossa república oligárquica das bananas nanicas ...

É ano de circo eleitoral, 

Todos os candidatos participam do espetáculo nacional, da hipocrisia e demagogia de todos os partidos em democrático conluio contra o interesse público.

Afinal, para os profissionais do poder, a política não passa de um grande negócio.

Viva a constituição!!!

ELITE E ANTICIVILIZAÇÃO BRASILEIRA

A elite brasileira, é uma minoria desorganizada, umas famílias decadentes, de gentes racistas e arrogantes, que acreditam apenas na estúpida metafísica de seu próprio direito divino, que fazem dele o destino natural e eterno da nação que existe apenas em sua imaginação.

A elite brasileira é provinciana, burra, e mau educada,  mas sempre contou  com a passividade das massas, com a brutalidade de uma população que fez da obediência uma estratégia de sobrevivência.

NIILISMO E ANTROPOCENO

A preguiça,

a indiferença,

o niilismo,

são hoje as forças

mais revolucionárias do mundo.

Nada mais nos move ou comove.

Não seguiremos em frente.

Desistimos de nossas ilusões,

Do ingodo das civilizações, da Razão

e do progresso da humanidade .

Somos apenas terrestres,

oscilantes entre o nascimento e a morte,

com os pés embriagados por distâncias e sonhos.

.

SOBREVIVÊNCIA NEOLIBERAL

Não há futuro para todos.

Portanto, sonhe com moderação.

Ou sobreviva com determinação.

Que importa?

Tenha fé e seja otimista.

A vida não é justa

e a felicidade é para poucos.

Mas a esperança sempre  inspira a todos

 Em meio a tanta barbaridade, burocracia,

e duvidosos direitos universais.

O mundo pode acabar amanhã.

Mas alguns lucram com o fim do mundo

e a desgraça de muitos é sempre a oportunidade de alguém.

Siga em frente!

Dados produzem fatos

e a economia importa mais do que a vida.

Persiga as tendências.

O progresso é o lucro.

Viva a razão, a história,

e a astúcia dos bem nascidos.

Pois o mundo,

Diz o poder e a lei,

 é dos vencedores,

Não dos vencidos.

Acorde cedo.

Em tempos de novas tecnologias,

Reinvente seu conformismo:

Seja um ativista do banal e do possível,

empresário de si mesmo.

Viva intensamente a miséria do tempo  presente

Pois o futuro morreu prematuro

E só temos o dia de hoje

E a intuição de uma vida impossível.

Para sobreviver aos fatos 

embriague-se  com o virtual.

No mais sorria.

Você está sendo filmado!

200 ANOS DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL: E DAI?

Os 200 anos de emancipação política do Brasil, marco estabelecido através do sete de setembro, através d e uma narrativa positivista e elista, não nos comove hoje, seja como povo ou população de uma sociedade de exclusão.

O misto de euforia republicana e desencanto elitista das narrativas do centenário da independência em 1922, não se repetem neste novo século assombrado por tantos cenários distópicos.

Anda entre nós em decadência o mito do estado nacional, apesar da ofensiva neo conservadora em curso, que alimenta fantasias autoritárias e golpistas.

Não há por parte das elites e seus intelectuais do progresso, qualquer esforço para construir uma narrativa triunfante que legitima entre nós o tão desgastado ideal republicano.

O eugenismo, racismo, e desigualdade de nosso projeto de sociedade desautoriza hoje qualquer apogia a modernidade e as instituições que a consagraram.

Afinal, a emancipação política não se confunde com qualquer ideal de emancipação popular, não passando de redefinição de um regime oligárquico de dominação até hoje vigente.

A LIBERDADE DA LUTA POR LIBERDADE

Quem nunca sentiu 

o mundo na palma da mão esquerda,

Erguendo um molotov  para brindar a ruína do Capital,

 não pode dizer que, na contra mão  do progresso da civilização, enfrentou todas as épocas passadas, pelo futuro da liberdade. Não pode dizer que soube sua vida dentro de todas as vidas livres que florescem na eternidade, não pode saber todas as consequências do seu viver, como franco inimigo de toda autoridade.

POLARIZAÇÃO POLÍTICA E AUTORITARISMO

A ideia de que política se reduz a  lógica amigo/inimigo foi formulada por Karl Smith, enquanto teórico/jurista nazista... Mais do que a política como guerra continuada por outros meios, o que se afirma com tal ideia é a recusa do outro e, como tal, da própria política, enquanto prática pública da invenção da liberdade.

A polarização política é autoritária e perigosa em ambos os pólos que se retro alimentam. Cada um,ao seu modo, busca afirmar-se como um bem absoluto e inquestionável, frente a ameaça do mal que seu adversário representa. De ambos os lados a mesma narrativa, a mesma desqualificação do outro, a sombra de um sempre iminente estado de excessão para coroar a razão absoluta do pesadelo moderno das luzes e curar de vez  um sistema político liberal  enfermo através do poder pastoral. Há algo de milenarismo no infantilismo da cultura política nacional, entre o Salvador da pátria e a servidão voluntária.

Felizmente nada se resolve no circo do sufrágio universal que legitima o julgo oligárquico. Tudo é sempre reversível e ninguém é responsável por nada na medida em que não é assumida a secreta e perversa afinidade dos opostos em disputa.

ESTADO DE EMERGÊNCIA ELEITORAL

Depois que governo e oposição se uniram para aprovar a PEC das bondades eleitoreiras, instituindo um estado de emergência no país, só podemos supor que foi institucionalizada de vez a prática do vale tudo na política institucional e oligárquica nacional.

Longe de combater a fome e a precariedade da vida de grande parcela da população, o Estado promove o clientelismo como placebo social. pois a brutalidade das desigualdades em um país feito apenas para os "bem nascidos"  não será superada por falsas políticas de redestribuição de renda que  alimentam a fome com esmolas governamentais.

CHAMADO AOS REVOLTADOS

É certo que nascemos em tempos insanos,

de poderes monstruosos,

que pesam sobre o corpo,

a palavra e os atos,

mais do que qualquer mistério

ou ditadorial imperativo divino.

A vida, reduzida a disciplina, 

é mera busca por sobrevivência

frente a brutalidade que sustenta os privilégios de alguns minguados bem nascidos.

A ordem, é certo,

ainda é branca,

restrita,

e descança sobre as costas dos  cativos,

como sempre privados de alma,

marginalizados pela lei 

e administrados como gado,

enquanto convencidos pelo Estado

da falácia de que são livres.

. 

O mundo atual é feito para poucos.

Para os canalhas e 

 abastardos 

que arrotam moralismos

cultivando autoritarismos

e arbítrios.

Eles são referendados pelos eruditos

que ainda ruminam as falsas virtudes do progresso e da civilização. 

Nascemos em tempos onde a revolta é um dever,

um modo de afirmar a existência 

contra a servidão que nos foi imposta

como forma de vida.

Faço aqui um chamado

aos novos espartaquistas

que, na contramão dos rebanhos, preparam rm segredo,

com muita paciência e afinco,

a grande festa da insurreição e da revolta,

que há de jogar por terra

todas as verdades que sustentam estes tempos horrendos que nos oprimem.

Somos o relâmpago,

a tempestade que vem,

o que não tem medida,

e não se define,

o que transborda.

Somos o inedperado.

DISTOPIA REPUBLICANA

Enquanto os rebanhos brincam de eleições, resta lembrar uma realidade cada vez mais monstruosa em suas consequências:

Dos três podres poderes de nossa oligarquica república autoritária, o legislativo é aquele que reúne os mais ousados dentre os canalhas.

O SILÊNCIO DOS CONFORMADOS

Desprezo a normalidade dos fatos e hábitos,

a servidão voluntária 

dos que tem fome de segurança,

que se apequenam diante da autoridade,

intorpecidos por qualquer ilusão de esperança,

e vivem serenos sem um único traço de dignidade.

Nada é mas repulsivo

do que a moral dos escravos,

do que a fé dos conformados,

que amam o peso de suas correntes,

e se entregam a ditadura

de um deus delinquente.

REVOLTA E INTIMISMO

Ser revoltado  é insistir 

contra a ordem,  hábitos, e melancolias, 

saber o indecente vigor de morte

nos subterrânios de nossas rotinas.

É produzir perigos,

assumir riscos,

na embriaguez da insurgência

contra a autoridade de todos os ídolos.

É afirmar o ilegível,

a potência do incompreensível,

fazer do não um rugido. 

É explodir o tempo em mil urgências e des-sentidos,

aprender o fogo e o frio,

até provar o efêmero do eterno.

É estar onde o futuro envelhece

e tudo desaparece

no eterno retorno de falsos princípios e hipocrisias.

Ser revoltado é ser insubmisso a rotina,

fazer ploriferar desordens,

deboches, risos e gritos,

a beira de abismos.

É afirmar-se  intempestivo,

selvagem, precário, 

em um corpo em desastre

dançando no escuro.

Ser indiferente a sorte e ao destino,

desfazer a si mesmo,

saber-se um outro,

 a margem do instante,

da verdade e de seus rebanhos.

É tornar-se trágico

onde te imaginam livre.

É superar a si mesmo,

sucumbir a potência do impossível,

criar como quem se entrega

a correnteza de um rio invisível. 

Guilherme Castelo Branco ( org.) Terrorismo de Estado, 2 ed. BH: autêntica, 2013

" Este livro apresenta uma coletânea de artigos que discute o terrorismo de Estado, seus aspectos conceituais e suas características presentes na vida política contemporânea. A partir de análises siciológicas e filosóficas, os autores discutem questões fundamentais desse tipo de uso excessivo do poder pelo Estado: Como tantos fenômenos de violência e desmandos podem ter acontecido? Qual a razão que preside a tais arbritariedades e crimes? Seria uma violência inerente à racionalidade política ocidental? Seria apenas uma exceção? Ou tal campo de violência acobertada pelo Estado e por seus sistemas Judiciários seria uma consequência inevitável dos alicerceres histórico-sociais de nossos sistemas políticos? Como explicacar, por outri lado, a burocracia e sua presença na vida política e social? Como, numa época de avanços tecnológicos, científicos e artísticos, tantas intuições praticam técnicas de exclusão e sugerem práticas intimidatórias?"

DIANTE DO INTOLERÁVEL

Diante do intolerável,  não basta a indignação de uma consciência lúcida e conformada. É preciso contrapor ao inadimissível a vida transmutada em grito primal e definitivo. Fazer surgir o inumano, o inesperado como potência, nos corpos transbordantes da ação direta.

É preciso antecipar futuros, transfigurar o tempo, derrubar o muro do tempo presente com a desmedida força das aríetes das imaginações selvagens.