OS DESPOSSUÍDOS

Neste injusto mundo de perdas e ganhos, os despossuídos sonham e transcendem a necessidade.

Querem mais do que a realidade morta de todos os dias, onde aprendem  a obediência e o trabalho, onde devoram a vida como um suculento pedaço de carne, contra uma fome jamais saciada.

Há um brilho nos olhos da multidão dos simples, uma expectativa de futuros e intuições de liberdade, de onde nascem todos os encontros, lutas e melancolias, nos subterrânios da existência  comum.

Nada conforma  os despossuídos a este mundo de posses e disciplinas. Há em todos eles um mal estar cotidiano que desafia a ordem que sustenta os proprietários, que lhes impõe sacrificios diários ao deus dinheiro no aıtar do mercado.

Em todos os cantos da cidade há uma raiva contida, uma rebelião  adiada contra a realidade maldita dos valores universais que beneficiam tão poucos. Uma hora a determinação será maior do que a esperança,  e o fogo das novidades há de arder nas entranhas do capitalismo.

CELEBRANDO UM MUNDO MORTO

Celebramos diariamente a caduquice do mundo atual,

de nossos valores, certezas, e modos de vida,

de tudo que é podre e convencional,

e nos faz distantes da natureza,

da expontaneidade e alegria

da gratuidade de existir em descreta vertigem.

Sustentamos o absurdo da verdade,

os falaciosos sentidos da vida,

a razão que nos castra e nos reduz ao trabalho

para o maldito progresso da civilização e do Capital. 

Fugimos do nada que nos nutre sonhos,

que nos dilui no tempo,

aflorando novas infâncias,

diante do assombro de realidades em devir.

Somos escravos das falsas esperanças de ser

que nos levam ao engodo da eternidade.

Mas nada disso importa,

pois apesar de tudo 

sempre seremos finitos e provisórios habitantes da Terra.

Ainda descobriremos

algum eficiente antidoto contra a alegria que nos conforma ao céu de um mundo morto.

VALOR ECONÔMICO

Em um mundo onde a economia é mais importante do que a vida, a maioria de nós não passa de paradoxais escravos assalariados.

Vivemos para servir ao deus dinheiro que pouco se importa com seus adoradores, e faz do progresso das maquinas o futuro de nossa desumanidade.

O mundo de hoje se perdeu do futuro e do próprio conceito de mundo.

CONTRA O AUTORITARISMO

O autoritarismo está na ordem do dia.

Respira-se ódio,  morte, e desastre.

Há muita burrice no ar,

opiniões toscas nas bocas podres dos homens de bem.

Os canalhas perderam o pudor.

Mas nada é maior do que nossa vontade de transformar,

de criar liberdade.

O autoritarismo jamais vencerá.

MENSAGEM LIBERTÁRIA

Näo  precisamos de esperança pra seguir em frente....

a   vida é questão de necessidade na arte na invenção da liberdade.

Não cabemos nos fatos ou nas notícias de jornal. Somos artífices de nossa própria realidade.

Sonhamos juntos um amanhã diferente onde a liberdade há de decorar as ruas e a cidade.

MENU ELEITORAL

O voto é a ilusão de escolha dos que não decidem, mas se conformam a bandeira de  uma opinião.

E no cardápio eleitoral do colápso da chamada Nova República só há  pratos indigestos.

É preciso levantar da mesa e refundar o país e inventar o cardápio da liberdade na cozinha da auto gestão. 

ELOGIO AOS NOVOS BÁRBAROS

Desprezo aqueles que ostentam  certezas demais,

defensores dos fatos,

que dominam a ciência do certo e do errado.

Não suporto os que semeam verdades no coração do deserto,

os que sempre tem razão,

os que amam o Estado,

hierarquias e leis,

e falam em nome da história,

da glória das instituições,

exautando as virtudes da ordem

como quem elogia o direito divino dos reis.

Amo os bárbaros que derrubam os muros das grandes cidades,

os fragelos da civilização e vítimas da fome,

que nada tem a perder

ou esperar do amanhã.

Amo a fúria das hordas, das turbas,

e multidões.

Apoio os despidos de opinião,

inimigos do bom lirismo,

que embriagados pelo espírito de rebelião,

derrubam todos os idolos e

princípios,

desafiando a opulência dos ricos

e bem nutridos.

Amo os selvagens filhos

de uma nova terra

que anunciam terríveis tempestades

em nome da liberdade.

 

OS LIMITES DA DEMOCRACIA ESTATAL

A democracia, enquanto arranjo do poder estatal, e não como cultura política fundada na ação direta, compartilhada  por todos, é mais sensível a intervenção sistemática de minorias organizadas, do que a suposta vontade geral das maiorias silenciosas.

Na modernidade, a democracia se reduziu ao controle da população e a sobrevivência de facções elitistas que vivem do poder de Estado.

TODO GOVERNO É CORRUPTO

Não existe governo neste país que não promova a corrupção. 

Todo governo tem seus escândalos,

seus desvios, mentiras,

e demagogias.

Afinal, todo governo é um arranjo de elites contra o povo.

A única variável é o tamanho de nossa indignação, 

nossa ação direta contra a podridão estatal e nossa vontade de transformação.

BRASIL ANTI MODERNO

A escravidão, a mentalidade colonial, inventou o Brasil que nos tornamos na ficção nacional entre o poder e a desigualdade.

O Brasil existe para suas elites perpetuando indefinidamente o " antigo regime".

O Brasil nunca foi moderno.

PRECARIEDADE SOCIAL

O dinheiro  falta

e alimenta  angustias

na barriga vazia que fala.

Em um mundo 

onde tudo

foi posto a venda

tudo é melancolia.

Só há amanhã

para quem pode

comprar o futuro.

A maioria fica no passado

contando trocados.

Pois o progresso é para poucos

e o trabalho não dignifica o homem.

Em tempos de novas tecnologias

Somos os novos escravos do progresso de nossa cotidiana catástrofe. 

SOBRE A POLÍTICA INSTITUCIONAL EM ANO ELEITORAL

A política institucional no Brasil se tornou uma estranha mistura entre igreja, contravenção, circo, hospício, e prostíbulo. Um dantesco, horendo e público espetáculo diante do qual nos conformamos a falsa e mediocre condição de passivos espectadores, sem voz , sem razão. 

Diante de tudo isso, o sufrágio é uma lamentável ilusão...

A BURRICE DA EDUCAÇÃO

Em todos os tempos do mundo, um país onde verbas públicas do Ministerio da Educação são destinadas a compra de bíblias,  é um país comprometido com o progresso da ignorância, que confunde servidão e virtude, e onde o poder impera contra a liberdade de pensamento.

É um país que investe na burrice da educação.