domingo, 27 de novembro de 2022

EM TEMPOS DE COPA DO MUNDO

Em tempos de copa do mundo há todo um esforço midiático para vender o evento as nossas consciências, torná-lo espetacular e cada vez mais lucrativo, de uma perspectiva global.
Tentam nos fazer esquecer o quanto a FIFA é uma instituição de duvidosa reputação e o quanto o futebol já não é mais uma prática esportiva que renova vínculos comunitários, mas um negócio milionário muito distante de nossa humilde realidade.


CONSERVADORISMO ELEITORAL

Existe apenas um tipo de eleição: a da continuidade. Não importa a conjuntura das candidaturas, muito menos o resultado das urnas, uma eleição é sempre um evento conservador, destinado ao rito de reprodução de um sistema político que sustenta uma dada ordem social econômica vigente.
Em toda eleição muda-se apenas para perpetuar o velho. É a regra da democracia quando redudizada a superficial fórmula liberal de alternância do poder de Estado . Não se deve, portanto, esperar muito de qualquer novo governo. Nossos problemas permanecerão os mesmos enquanto vigorar tal regime oligárquico fundado em desigualdades e privilégios.

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

CONTRA O NACIONALISMO

Por si só, o patriotismo é uma destas miseráveis patologias coletivas que nos foram legadas pela modernidade. Pode-se dizer que, ao conformar ao confinamento e administração nacional uma população, alimentou o capitalismo em sua fase comercial e imperialista fundada na exploração desmedida. O fez desterritorizando o homem da terra através da vertigem das grandes cidades pós industriais na imposição do materialismo produtividade e burguês.
Mas a mais triste memória do nacionalismo são ainda os fascismos e as duas grandes guerras europeias do século XX.
Onde invocado pelo espírito da época, o nacionalismo fede a autoritarismo e exploração.


quinta-feira, 10 de novembro de 2022

CONTRA O BOLCHEVISMO

Não tente reduzir minha rebelião 
a impessoalidade da relação capital/trabalho.
Não me venha com 
economicismos e doutrinas
para enjaular meu grito.

Não sou força produtiva,
sou inteiramente selvagem
e avesso
ao progresso de sua civilização.
Não tenho nenhuma pretensão
ao cretino juízo de qualquer razão de Estado.





sábado, 5 de novembro de 2022

CONTRA O PODER QUE NOS MATA

É tempo de extremo perigoso,
quando o poder já não mais oprime,
mas conforma.
Quando a norma não nos limita de fora,
mas nos conduz por dentro.

Neste momento é preciso emitir
um alerta de incêndio,
é preciso resistir
como um bárbaro
ou como um filho do inferno.

Pois já não há mais futuro
que não se ofereça
como o inevitável
de qualquer distopia.

Apagou-se, para sempre,
o fogo de toda esperança.
Tudo é melancolia.
Ninguém mais pode existir
fora ou além da falsa paz da norma.
A verdade é uma fé totalitaria,
esmagando todos nós,
enquanto tortura e mata a poesia.


quinta-feira, 3 de novembro de 2022

POEMA IMPOLÍTICO

Pouco me importa quem ganhou a eleição.
Se  há governo sou oposição.
Tenho todo direito de sê-lo,
 de dizer não,
de querer ser livre, 
e me recusar a viver 
 como me obrigam os donos do mundo.

Ainda é tempo de virar hippie,
nômade, louco ou vagabundo,
contra o cada vez mais duvidoso
 progresso nacional.

Não esperem que eu acredite em governos,
Na lei, na ordem, em deus, pátria e família.
Quero distância de tudo que fede e apodrece como poder, norma, e hierarquia .

Também não aposto no futuro do mundo.
Creio no eterno retorno do caos
contra as mentiras da humanidade.

O futuro é a Terra reinventada pelo impolitico da natureza.
O amanhã será verde e terrestre.





A VERDADE COMO MENTIRA

A verdade é a mentira perfeita.
Ela é o que nos conforma 
a ilusão de outros mundos.

Ela é o que domina
ou define,
os limites do próprio possível.

A verdade estabelece 
o que pode ser dito,
sonhado,
gritado ou pensado,
fora das quatro paredes do quarto de hospício.

A verdade é a narrativa que vira norma,
a propaganda que inventa o produto
que todo mundo compra.

Sua essência é o segredo da fé:
o vazio que une o rebanho,
o desejo sem gozo,
sempre renovado.

A verdade é a alma do nada,
é a vida que mata,
o livro que nunca foi escrito,
ou, simplesmente, 
aquilo que não pode ser,
mas que todos juram
que aconteceu.

A verdade é a falácia
que alimenta a esperança.