segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

A REBELIÃO COMO PRINCÍPIO



Onde poucos mandam para a obediência de muitos
haverá privilégios, corrupção e injustiça.
A desigualdade alimentará a revolta
que nos ensina o caminho da rebelião.
Pois, apesar de todas as dificuldades,
sempre respiramos dignidade,
e sonhamos um novo mundo,
embriagados de liberdade.


domingo, 22 de janeiro de 2023

MEDO E GOVERNANÇA

A pedagogia do medo sustenta a escola do autoritarismo.
Governos fortes são aqueles que usam a precariedade como propaganda para oferecer segurança e prosperidade,
Governos fortes se alimentam do medo para justificar arbitrariedades, 
tentando nos persuadir das virtudes da autoridade.
Governos fortes nos enfraquecem.
Mas onde impera a autonomia, jamais prospera a autoridade.


quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

REVOLTAS URBANAS

Quero abraçar nas ruas
os que como eu 
se definem como insurgentes,
que buscam outros mundos possíveis e urgentes.

Quero estar junto dos que não obedecem,
questionam e desafiam,
toda maldita autoridade que nos impede de bem viver a vida.

Que não haja paz em um mundo de escravos.
Ponham fogo nas ruas!
Morte a todos os senhores!
Somos  a liberdade organizada em revolta
e estamos  em todas as partes.

Somos os bestializados,
os sem lugar, os miseráveis,
os inclassificáveis e danados,
a profanar a ordem e a alma das coisas.

Ousemos inventar algo novo,
Transgredir certezas e  leis.
Compartilhar um futuro rebelde
contra a caduquice indecente
das verdades ocas que animam
 o mundo de hoje.

Seremos um só cordão
 quando a cidade 
finalmente acordar em franca rebelião
contra toda forma de poder
e autoridade.

Seremos em novo amanhecer
totalmente ingovernaveis!

















terça-feira, 17 de janeiro de 2023

CONFORMISMO

O que mais espanta
é esta calma,
esta normalidade,
esta docilidade,
ou incapacidade de questionamento
ou revolta.

Corpos obedientes vivem de esperança,
cultivam identidades,
seduzidos por meia dúzia de palavras de ordem e consumo.

Acostumados a própria angústia,
domesticaram a impotência,
a falta de alma,
como resposta ao nada
de sua quase vida.





segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

AS PROMESSAS ELEITOREiRAS E AS DURAS REALIDADES DOS GOVERNOS POSSÍVEIS

Vamos ser sinceros, ninguém é ingênuo ao ponto de pensar que qualquer governo cumprirá suas promessas de campanha. E não importa muito as justificativas para não faze-lo depois de eleito. Não cumpli-las é praticamente um atestado de demagogia. Mas a demagogia não é  exatamente a alma de qualquer campanha eleitoral?  
Os eleitores, afinal, são induzidos a  votar como quem compra um sabonete no supermercado e, em tempos de algoritmos e novas tribos, tudo é markinting , propaganda e maquiagem. No fundo, são apenas negócios...
O fato é que o baixo nível das campanhas eleitorais no Brasil dos últimos anos cresceu proporcionalmente ao reducionismo dos discursos a rasa polarização ideológica que tenta por todos os meios, paradoxalmente, promover o adversário a cabo eleitoral. Ambos os lados afirmam: Ou eu ou ele ( leia-se "ele" como caos e retrocesso). É tudo questão de ser convincente fazendo do outro o bode expiatório. A realidade pouco importa e tudo tem jeito, tudo é possível, nas narrativas sorridentes  de campanha.
 No governo, ao contrário, tudo é difícil. Os dirigidos logo percebem as contradições de seus dirigentes e cada nova eleição parece ser quase sempre uma tentativa para corrigir o resultado da eleição anterior. 
Então, quando aponta-se os limites das promessas de campanha de um governo, questiona-se, no fundo, a própria ideia de governo. Desdenha-se da restrita esfera publica  definida pelo poder institucionalizado por poucos e pelos discursos baratos.  Zomba-se, assim, do governo como um arranjo de interesses, como  um grande teatro, um simulacro, onde  facções oligarquicas fazem do trato da coisa público um grande e lamentável espetáculo que nos custa, aliais, muito caro. 
Todo governo quebra promessas e,quase o tempo todo, mente descaradamente.
Não é a toa que não nos cansamos de,  em toda eleição, afirmar nossa abstenção como premissa de construção de um outro caminho, de apontar para necessidade de alternativas ao falido e desfuncional sistema político de nossa nova república velha.

AGORA NÃO VALE DIZER QUE NÃO PROMETEU QUE É FEIO...


CRÔNICA DE VERÃO

O sol de verão rege nossa agonia
e as ruas ardem pacificamente.

Nas casas, os ventiladores estão exaustos.

Por toda a cidade
 os corpos 
existem mais
do que qualquer pensamento
e a ordem é um fogo
que devora o céu.

É quase impossível
sobreviver nos trópicos.

E, se o inferno existisse
ele, certamente,  seria tropical.














sábado, 14 de janeiro de 2023

PROTESTO E MELANCOLIA

Sou do tamanho da minha revolta,
da minha angústia e do meu desencanto.
Sou menor que qualquer esperança
sacrificada pelo meu pranto.

Mas sei que irei crescer,
apesar de todo o desanimo e desencanto.
Escuto os sussurros
que convocam para hora dos desesperados,
Para união de todos os desgraçados e malditos.

Quando chegar a hora,
Serei do tamanho do nosso grito.
Intenso,
contra a ordem que nos oprime,
explora e mata
dia após dia.

Nenhum de nós estará sozinho
ou será calado pelo
terrorismo de Estado.

 Cresceremos ombro a ombro.
Teremos o tamanho e a coragem de um monstro
que nada tem a perder.

Juntos seremos um gigante
sempre disposto a combater
pra fazer a vida 
simplesmente viver
apesar da angústia
e dos desencantos.

Há de chegar o dia
em que juntos
iremos vencer,
inventar outro mundo
transformando o cotidiano 
para viver outros sonhos.















terça-feira, 10 de janeiro de 2023

DECADÊNCIA NACIONAL

Os atos anti democráticos que aconteceram em Brasília no último domingo ( 08/01/22), em franca provocação golpista aos três poderes, apenas perpetuaram um clima de ameaça de ruptura institucional que já nos assombra, sem qualquer trégua,  a quatro anos.
Desde que Bolsonaro chegou ao poder fomos assombrados pelo fantasma da ditadura e, é preciso dizer, depois que ele concluiu seu mandato, sem ser afastado por todos as atrocidades que cometeu no poder, a democracia tupiniquim perdeu a pouca dignidade que ainda tinha.
Não só a democracia, mas o próprio país nunca nos pareceu tão racista, corrupto, autoritário, truculento, descaradamente hipocrita e velhaco.
E o fato de Bolsonaro não ter sido reeleito, muito menos qualquer feito realizado pelo governo que lhe sucedeu, redime o país de sua miséria moral e intelectual.
O Brasil se tornou um dos menores países do mundo e isso não deve mudar nos próximos anos. Talvez até piore.


 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

ONDE REINA A ALTERIDADE

Onde reina a alteridade 
a liberdade descarta o poder,
 despreza o monoteismo da  ordem estabelecida
e nos faz descrer de todos os princípios. 

 Ninguém é refém de identidades 
e nenhuma autoridade dita normas
  ou inventa leis. 

 Onde reina a alteridade
opiniões e verdades não são a medida do mundo,
 nem a moral governa o corpo.

 Ninguém manda, 
ninguém obedece. 
Todos andam juntos
 sem seguir no mesmo caminho. 

 Alteridade, afinal, 
é inventar a si mesmo
 como pratica de liberdade 
através da experiência do outro. 

 Onde reina a alteridade
 Todo rei é maldito.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

CONTRA O TERRORISMO DE ESTADO E O ABUSO POLICIAL

Em grandes capitais como o Rio de Janeiro e São Paulo, o aparato repressivo do Estado , personalizado por suas forças de segurança, tem por missão prender e matar negros e quase negros inocentes ou não. 
Trata-se de uma política de extermínio étnico ou, pura e simplesmente, terrorismo escancarado de Estado.
É preciso sistematicamente denunciar a barbárie policial e a irresponsabilidade das ditas autoridades públicas que, em nome de um punitivismo racista, sustentam a criminalização dos negros e pobres que de tantas outras maneiras já são vítimas deste pesadelo coletivo chamado Brasil.

SOBRE O NOVO GOVERNO

Alguns vão dizer que ainda é muito cedo para falar qualquer coisa sobre o novo governo. Mas o que me parece claro é que há muito pouco a se esperar dele, como não se deve esperar nada de qualquer governo. 
Afinal, governos não passam de arranjos oligarquica para o exercício do poder de Estado. Assim, todos eles estão mais comprometidos com a manutenção do status quo do que com qualquer solução para as mazelas sociais ou desafios enfrentados pela sociedade. Governar é sempre encontrar formas novas para manter tudo como está.

 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

CONSUMISMO PÓS MODERNO

Quanto custa, afinal, nossa descartável existência
 nestes tempos em que a vida se tornou biodegradável?

 Talvez não custe nada, 
Pois não tem valor de troca 
Nem de uso.
 Tudo que agora importa
 É a impessoalidade das grandes cifras, 
o desejo diluído
 e traduzido em algoritmos, 
consumo e vício. 

 Estamos todos mortos 
E enterrados em cidades. 
O mundo é um grande cemitério a céu aberto. Quanto custou, afinal, 
a acumulação primitiva, 
a economia global?

A POTÊNCIA DA VIDA

Enquanto os governos passam
e a sociedade se reinventa 
contra o Estado,
a vida resiste no coração da floresta,
as margens dos rios,
no fundo dos oceanos,
e no pico das montanhas.

A vida reinventa mundos,
abriga a morte e o futuro
no corpo da Terra Mãe
contra a fome pós industrial,
contra o deserto neoliberal
e a desmedida ambição do capital.

A vida transcende tudo que é humano
e a natureza não tem limites.


segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

CONTRA O PODER DE ESTADO

Que nenhum poder nos limite,
obrigue, conforme, 
ou nos torne obedientes e mansos.

Que a revolta sempre  defina nossas atitudes e atos.
Pois não nascemos escravos,
nem submissos.
Abominamos desigualdades,
arbitrariedades e privilégios.

Sabemos que todo poder é maldito
e todo aquele que ama o poder
é nosso inimigo.

Não recuaremos jamais
diante do terrorismo de Estado.
Lutamos pela vida
e pelo devir da terra que nos abriga.