terça-feira, 30 de janeiro de 2024

CONTRA O MILITARISMO

Nunca vesti uma farda.
Jamais fui soldado,
um castrado escravo
de qualquer Estado.

A terra que meus pés  bem conhecem
não reconheço em bandeiras,
hinos e armas erguidas.
Não sou lacaio de qualquer nação.

Nunca fui a guerra.
Jamais tive inimigos
ou senhores.
Nunca oprimi
ou matei  ninguém.

Sou livre de toda autoridade
e a liberdade é meu único caminho.

Confesso que quando menino,
apaixonado por contra cultura,
quase fui hippie.
Hoje tenho orgulho
da minha visceral aversão ao patriotismo
e a sua subserviência absurda.






domingo, 28 de janeiro de 2024

TODOS QUEREM SEGURANÇA

Todos querem segurança.
Proteção contra tudo que é moderno,
urbano e capitalista.

Mesmo que apenas  se fale contra
a delinquência,
que apenas se reclame
do crescimento numérico
do  exército de miseráveis
que dominam as ruas.

Mas todos querem segurança.
Proteção contra tudo que é moderno,
urbano e capitalista.

Todos pedem polícia,
repressão estatal,
vigilância e truculência
contra a delinquência .

Mas todos querem segurança.
Proteção contra tudo que é moderno,
urbano e capitalista.

O INSURGENTE

A lei nunca esteve ao meu lado.
Jamais esperei proteção da polícia,
e nunca contei com a tutela do Estado.

Cresci sendo explorado,
vivendo das migalhas do luxo,
como bom descendente
de escravos.

Nunca passei de um número,
de um padrão de consumo,
ou simples força de trabalho.

Sempre fui considerado coisa.
Nunca fui moderno,
cidadão livre e bem educado
e nasci em um país pouco civilizado.

Minha sorte, minha luta,
minha revolta e meu grito
sou eu que faço entre meus iguais.
Sou marginal,
periférico e insurgente.
Um dissidente e um maldito.

Adversário da lei, da polícia
e do Estado
em nome de algum sonho coletivo
de   liberdade e igualdade.

sábado, 27 de janeiro de 2024

ALGUMAS PESSOAS

Algumas pessoas acham
que o mundo é como é.
Que tudo é estabelecido
por decreto divino
e que é preciso escolher
sempre o certo
em detrimento do errado.

Algumas pessoas
são autoritárias e subservientes.
Moralistas, fatalistas, fascistas.
ou, simplesmente ,lacaias do Estado.
Aceitam as regras impostas,
sem nunca ousar questionar.
Para elas, o mundo é como é
e nada nunca há mudar.

Algumas pessoas são incapazes
de saber o mundo
além da prisão de um quintal
e vivem com a cara enterrada no chão.




segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

A RAZÃO DOS RICOS

A economia sempre vai bem
para quem tem dinheiro.

Não existe crise, 
não importa o governo,
ou o futuro da humanidade.

O mundo nunca será perfeito.
Estara sempre em progresso,
em inacabada modernidade.

Não interessa o crescimento da desigualdade,
o esgotamento dos recursos naturais,
e o iminente colapso das humanidades.
Importa apenas o infiniro desenvolvimento
das forças produtivas
e a acumulação capitalista,
 além dos limites da própria realidade.

domingo, 21 de janeiro de 2024

NOSSA ESTRANHA SOCIEDADE

A atual sociedade é profundamente injusta, desigual e absurda.
Afinal, ela é feita para felicidade de poucos e
movida pelo infortúnio de muitos.

Sua lei é o crime,
sua justiça abusiva.
e sua razão é sua própria autodestruição.

A atual sociedade não foi feita para a vida.
Ela não existiu e jamais existirá para todos.

Nosso melhor futuro é sua superação.







sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

CONJUNTURA NACIONAL


Tenho vivido de um passado roto,
cultivando um futuro tosco
em um presente insosso.

Tudo na minha vida
fede a desgosto.
Pois vivo em um país sem povo,
governado por ratos de esgoto.
um cotidiano cada vez mais escroto.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

A GRANDE UTOPIA

Quando não existir mais privilégios e destinções,
depois do desaparecimento definitivo dos Estados, famílias, almas, religiões, trabalhos e patrões,
pode ser que  cada um de nós 
finalmente exista
para o egoísmo uns dos outros
sem correr o risco
de sermos escravizados
pelos demagogos que falam em nome de todos.

Quando estiver sepultado de vez todo ideal aristocrático,
superada toda ambição e exploração,
possamos finalmente compartilhar nosso egoísmo,
com a naturalidade dos demais animais,
com os quais dividiremos o ar e o chão
como iguais .


A DOCE REALIDADE DE NOSSA AMARGA DEMOCRACIA

Diluída em fatos
e convertida em notícias,
a realidade,
esvaziada de toda contradição e conflito,
 se conforma a banalidade  das explicações
de meia dúzia de  especialistas.

Há discursos para todos os gostos,
público para todas as opiniões,
desde que previamente catalogadas,
domesticadas,
e esvaziadas de qualquer potêncial de ameaça.

Afinal, toda rebeldia é permitida,
desde que não mude nada.

Portanto, leia, se informe,
se posicione,
compartilhe sua melhor opção imposta.

Há um amplo catálogo
de posições, saberes e emoções,
para decorar sua mente,
para você se exibir nas redes sociais.
O que vale é perpetuar o espetáculo da democracia.

Somos todos iguais em um mundo que existe pra poucos.
Então, seja você mesmo  para se tornar todo mundo.

Consuma cada vez mais notícias 
para se conformar a realidade.
Eleja sempre o menos pior
e chame isso de liberdade.

Em caso de dívida, 
consulte sempre um guia,
 um bom  especialista.

Nunca pense com a própria cabeça.
Nunca recorra a violência.
Acredite na democracia.
Ignore toda desigualdade.
Nunca se revolte.
Viva deus, família e democracia!






segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

BOLSONARO E MILITARES IMPUNES

Um ano depois do fim do seu desgoverno e , apesar de todos os crimes e atos absurdos por ele praticados, enquanto presidente da república, Bolsonaro ainda não foi preso.
Aliás, poucos esperam que ele seja preso, já que não há no Brasil a vocação para a punição exemplar de políticos corruptos. Pelo contrário, o que vigora é a quase  certeza de impunidade e a sensação de que o crime não apenas compensa, mas é inerente ao exercício de um mandato.
Todo político sujo e mal caráter jura inocência, mesmo diante das provas mais contundentes de suas práticas desonestas.
No Brasil, roubar dinheiro público não é vergonha , é regra. Nada mais natural do que abusar do cartão corporativo, promover rachadinhas ou receber propinas. É lucrativo estar no poder. Os militares sabem disso desde a última ditadura promovendo farras com o dinheiro público dentro das quatro linhas da impunidade.

OITO DE JANEIRO: UM ANO DEPOIS

Um ano depois dos atos anti democráticos e golpistas de oito de janeiro, o fantasma de uma ruptura institucional ainda paira sobre a República.
O crescimento e credenciamento da extrema direita como uma força política nacional custou muito caro a uma democracia frágil e duvidosa, gerida por  facções oligárquicas e fisiológicas, despostas a manter privilégios a qualquer custo.
A política, afinal, não passa hoje de um grande e milionário negócio e, em nome da democracia, tudo é permitido. Até mesmo o mais descarado autoritarismo.
Uma significativa parcela da população, foi seduzida pelo canto anti democráticos do populismo bolsonarista revelando o desgaste de uma democracia profundamente elitista e uma inegável crise do campo progressista.
Um ano depois dos atos anti democráticos de oito de janeiro, fugindo do simplismo do discurso chapa branca de vitória da democracia e de suas instituições, o que cabe constatar é a fragilidade e desgaste do atual sistema político, do próprio presidencialismo, diante dos arranjos republicanos que orquestram a hegemonia de um legislativo corrupto sobre um executivo impotente e submisso aos caprichos de uma classe política cada vez mais descaradamente oportunista e corrupta.
O crescimento da extrema direita foi no Brasil proporcional a falência e colapso das esquerdas e dos progressismos frente a hegemonia de um pragmático  neo conservadorismo petista comprometido com a pauta neo liberal vigente. Vivemos tempos conservadores e incertos para um duvidoso e relativo Estado de direito onde não há diferença entre esquerda e direita e muito menos espaço para um movimento popular independente desde 2013 criminalizado 
 em nome da "democracia" enquanto o país se torna cada vez mais desigual e socialmente injusto.