CONTRA A LEI E A ORDEM

Não acredito na garantia

da lei e da ordem.

Duvido do Estado,

da polícia,

da política,

do códico penal

e da moral burguesa.

Não confio na sociedade,

não venero a família,

nem defendo a normalidade

do  estado de exceção, 

autoritarismo e corrupção .

Desprezo todos os que amam o poder,

veneram a disciplina e a obediência 

 contra a a criatividade e a liberdade de ser.

FUTURO DESCOLONIAL

Meu passado não é branco,

europeu e colonial.

Meu passado é orgulhosamente negro,

indigina, indigente e marginal.

Meu futuro não veste as desbotadas cores

da bandeira nacional.

Meus filhos hão de ser livres,

inventarão um chão  contra o Estado 

as margens da  história universal.

NÃO QUERO VIVER COMO OS BRANCOS

Não quero fazer parte do mundo dos brancos,

viver em meio a tão brutal desigualdade,

sem meios ou oportunidades

para saber a vida em todas sua intensidade.

Não quero viver como os brancos.

Aprender a Europa, ser cristão,

saber a civilização como barbárie,

a exploração como norma 

colonial e humana.

Não quero saber como os brancos

um mundo sem justiça e sem alma,

reduzir a existência ao simulacro de uma eterna prisão.

GUERRA, AUTORITARISMO E CAPITALISMO

A guerra é a linguagem do fascismo,

do Estado, dos rebanhos.

Ela é a essência do obscurantismo,

do autoritarismo,

a medida da ambição dos tiranos.

A guerra é a apoteose dos assassinos,

um grande e lucrativo negócio,

indispensável ao bom funcionamento do capitalismo.

A guerra é uma questão de poder e ambição.

CONTRA O LATIFÚNDIO

O latifúndio produz veneno,

dinheiro e fome.

Não respeita a terra, a natureza

nem alimenta o homem.

O latifúndio é  indústria, negócio e política.

Não é agricultura.

Não cultiva um chão, nem nutre um território.

Só vende carne, madeira e grão

para saciar a ambição 

de quem explora e mata a natureza.

O latifúndio é o agro que produz deserto,

que destrói o mundo, nega a vida,

dia após dia,

em nome da civilização e do progresso.

MEU CAMINHO É A ANARQUIA, MEU DESTINO A REVOLUÇÃO

Tenho nojo do jogo podre do poder.

Desprezo os demagogos,

 populistas de direita e esquerda,

 comunistas,  liberais, fascistas e

reformistas.

Todos falam a linguagem do Estado,

perpetuam hierarquias e desigualdades

em nome de um povo que falta.

Tenho gosto em lutar, questionar,

em ousar querer um mundo novo

contra toda forma de conformismo, servidão e opressão.

Afirmo aos quatro ventos o princípio da autogestão,

da autonomia e do  apoio mútuo.

Defendo o direito a rebelião,

nossa vocação é a revolta,

a insurreição.

Meu caminho é a anarquia,

meu destino a revolução.

GUERRA E MODERNIDADE

Estados patrocinam guerras,

produzindo destruição e morte

em nome do poder e da ambição 

de poucos.

Há quem lucre com as guerras

e com a indústria bélica,

há quem viva da morte 

de populações inocentes,

do fragelo dos refugiados.

A mordenidade, afinal, fez da morte 

uma  política de Estado.

INFORMAÇÃO

A realidade,

foi reduzida a espetáculo,

rasa informação,

onde os fatos, 

superados pela interpretação

não passam de grosseira  ilusão.

Os acontecimentos, agora

são segredos de Estado

e a verdade é uma questão 

de propaganda e manipulação.

Hoje as notícias  correm o mundo em segundos

mas não confiamos nos meios de comunicação.

Sabemos que a realidade nunca será notíciada.

ONDE PROSPERA A REVOLTA

Toda resposta, toda saída,

 será intempestiva,

 disruptiva, subversiva.

Toda solução será perigosa.

Urgentemente perigosa...

A vida só muda onde prospera a  revolta.

CONTRA OS CONSERVADORES

Dos conservadores,

moralistas e fascistas,

que tanto falam em deus,

pátria & família,

quero distância.

Não suporto essa gente 

que acha descente

defender desigualdade,

exploração e maldade.

Quero distância destas pessoas brancas,

dissimuladas,

filhas e netas de supremacistas.

MEU PASSADO NUNCA FOI EUROPEU

Não sou branco,

bisneto de imigrantes supremacistas.

Não descendo de genocidas.

Não nasci sob a proteção 

de um pretenso deus único totalitário.

Não fundei cidades, nem inventei impérios.

Nasci índio, preto, periférico.

Meu tempo não é história.

É terra, corpo, vida

e memória.

Meu passado nunca foi europeu.