Acompanhar a cobertura feita pela imprensa tupiniquim do julgamento do Mensalão inspira certa perplexidade. Falo da curiosa estratégia dos advogados de defesa dos acusados que em uma única voz recusam a realidade dos fatos e ousam até mesmo a propor a inocência de seus clientes ancorados na descarada tese da falta de provas.
Parece brincadeira, mas assistimos hoje ao julgamento da mais absurda e sombria quadrilha de criminosos já montada na história tupiniquim e , entanto, a fragilidade do processo, longe de uma memorável punição, parece encaminhar-se para um desenvolvimento e conclusão no mínimo patética.
É realmente difícil acreditar na eficácia do poder judiciário que prende com rigor um ladrão de galinha, mas permite que se duvide da realidade da mais radical pilhagem de dinheiro público de toda a anedótica histórica nacional.
Aliais, é curioso como o senso comum não vê os réus do mensalão como criminosos iguais aqueles tão escrachados pelos sensacionalistas telejornais diários por praticarem assaltos ou traficarem drogas ilícitas.
No fundo é latente no imaginário dos nativos destas estranhas terras que roubar dinheiro público é coisa banal e uma mera questão de oportunidade já que a coisa publica, segundo sabedoria corrente, “não é de ninguém”.
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