quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

TEORIA DAS ELITES E CRISE POLITICA NO BRASIL

Caso tomemos como referência a teoria das elites dos italianos Gaetano Mosca e Vilfredo Pareto, fundada na premissa ou inexorável principio sociológico de que em qualquer sociedade ou grupo ocorre uma diferenciação entre uma elite dirigente e uma maioria de dirigidos. Tal reflexão embasou uma critica substancial ao socialismo e a também ao regime democrático. Para tais autores, a democracia se distinguiria de outros regimes políticos pelo fato de apresentar uma  elite aberta ou renovável através do sufrágio ou, mais precisamente, da disputa constante pela hegemonia através das urnas. Além disso, em uma democracia, a relação entre as elites e a massa é mediada por outras instancias que não permitem uma dominação direta da maioria de dirigidos pela minoria de dirigentes, como, por exemplo, sindicatos, imprensa e diversas outras formas de associativismo. 

Em tempos de crise de representatividade e desgaste das formas institucionalizadas de poder, revisitar a teoria das elites pode ser útil para uma releitura mais realista do verdadeiro caos que vem se tornando a vida politica tupiniquim. Uma obra particularmente interessante neste sentido é a Sociologia dos Partidos Políticos de Robert Michels, que afastando-se do cientificismo positivista de Mosca e Pareto, busca na psicologia a fundamentação da formação de elites de poder.

Afinal, elite não é aqui sinônimo de um pequeno grupo em posição de superioridade hierárquica. A própria constituição de dirigentes se deve, segundo a teoria das elites,  ao fato desta minoria destacar-se em termos organizacionais a ponto de estabelecer uma “lei de ferro das oligarquias”, mesmo em um regime formalmente edificado sobre o principio da representatividade.

As elites politicas, ou de poder, converteram-se em uma casta de dirigentes com interesses específicos e dinâmica própria, aparelhando as instituições democráticas. Assim, podemos muito superficialmente diagnosticar o caso brasileiro e os frequentes escândalos de corrupção que marcam a historia politica recente, como uma consequência deste processo de privatização das instancias representativas de poder por esta minoria de profissionais da politica.

Cabe ainda considerar os efeitos do domínio destas corporações de interesses dentro da maquina administrativa junto a outras elites de poder público como, por exemplo, aquela que personifica o poder judiciário.

Longe de uma conclusão, cabe aqui apenas  apontar para a necessidade de estabelecer cada vez mais trincheiras de exercício e prática de democracia direta em contra partida ao monopólio do poder institucional pelas elites.



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