quarta-feira, 4 de julho de 2018

O PROBLEMA DA SUB REPRESENTAÇÃO POLITICA

A crise de representação politica não é um problema novo no Brasil. Pode-se mesmo dizer que os partidos políticos, desde o período imperial, se constituíram como espaços elitistas edificados sobre a sub representação da maioria da população.

Surpreendentemente, mesmo nos dias de hoje, sob o signo da democracia, tal sub-representação se perpetua. Agora atinge de forma muito crônica negros e mulheres, que constituem a maioria da população nacional.  Vigora entre nós uma espécie de racismo e machismo institucional que, obviamente, está vinculado ao fato dos partidos políticos funcionarem tradicionalmente como cartórios eleitorais comandados por elites de poder de Estado. O aspecto ideológico não influencia em nada tal definição comum à constituição de todas as agremiações. O que realmente vigora e define o perfil de um partido é uma promiscuidade entre elites econômicas e politicas.

Mesmo entre os partidos de esquerda, nos anos pós redemocratização, observou-se um franco declínio da importância das bases na vida partidária e um absoluto domínio de seus caciques e políticos profissionais. No máximo, sua base, cada vez mais reduzida, é vista como simples correia de transmissão de deliberações verticais.

 Ao mesmo tempo, as praticas politicas de políticos de esquerda e direita, obedecendo a pauta universal da governalidade e necessárias alianças para manutenção e funcionamento da atual estrutura jurídico politica, faz predominar um claro conservadorismo eleitoreiro e composições pragmáticas justificadas pela chamada governabilidade.

O problema da sub representação não se resolve com um ideal de inclusão politico partidária. Afinal, a politica tradicional e as maquinas partidárias são espaços cada vez mais desgastados e não representativos cuja vocação elitista tende a se aprofundar. A auto representação, através da ação direta, em coletivos, fóruns, etc. é um modo  de participação da vida publica que cada vez mais se afirma como caminho para construção de uma nova cultura política.

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