sexta-feira, 4 de setembro de 2020

CIBERPOLITICA E AS METAMORFOSES DA SOCIEDADE DE CONTROLE

 

Segue um interessante texto sobre uma questão colocada na pauta das discussões globais faz alguns anos. Entretanto, ela escapa ao provincianismo do imaginário tupiniquim. Mesmo quando o resultado das últimas eleições nacionais foram definidos, em grande parte, pelo uso indiscriminado e até mesmo abusivo, de


dispositivos e estratégias de cibepolitica.  Ironicamente, no Brasil, a direita tem sido mais contemporânea do que o dito camnpo progressista....

 

“ Tratamos, aqui, de um pensamento que invoca um vitalismo. Pensamento que recobre a fala do professor Alliez e que pode ser definido pela atribuição de um estatuto ontológico à crença e ao desejo, potências que seriam imanentes à Vida, o que nos permitiria situar nossa consideração para além dos estados mentais e afetivos dos sujeitos. Precisamos ultrapassar o Eu. Ultrapassar-nos em direção a um plano povoado de singularidades nômades, de vitalidade impessoal para fazer acontecer o impensável de nós. Ativar a potência de vida que nos habita, ativar o coletivo de nossas redes e associações, revelando uma base ontológica que reside nas práticas criativas da multidão. Constituir o que Toni Negri chama de poder constituinte12. O espaço biopolítico se torna, neste contexto, mais interessante do que o político, na medida em que ele é o caldo em que se misturam o político, o social, o econômico, o afetivo: é ele que reúne o ponto de vista do desejo, da produção concreta, da coletividade humana em ação. É neste ponto, prezado professor Alliez e relembrando o papel crucial que as tecnologias desempenham no lançamento das base da governabilidade embora seus resultados não possam ser considerados como a priori , que lhe devolvo a palavra, colocando-lhe duas questões: Uma, alinhada ao fluxo da presente Conferência: como a produção de cérebros e de corpos de muitos pode construir um sentido e uma direção comuns, num momento em que as forças do liberalismo e a onda de individualismo impregnam os modos de ser e estar em sociedade? Outra, a título de virmos a conhecer suas mais recentes produções no campo da filosofia e da arte, como nos mostra seu curriculum e últimas publicações. Também acreditamos que na obra de arte há uma crença que assegura o laço do homem com o mundo. É Deleuze que nos lembra que só a crença no mundo pode unir o homem ao que vê e escuta e que na obra de arte há uma fé que devolve o mundo. A arte operaria como uma perfuradora do real que nos possibilitaria crer novamente no mundo. Como poderíamos problematizar as relações Filosofia, Ciência e Arte no contexto da produção do poder constituinte da multidão?”

 

FONSECA, Tania Mara Galli . Conversando com Éric Alliez sobre Ciberpolítica – da Incorporalidade à Biopolítica. Informática na Educação: teoria & prática, Porto Alegre, v.9, n.2, p.74-86, jul./dez. 2006.

 

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