quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

RACHADINHAS : QUANDO A CORRUPÇÃO COMPENSA

 


Não surpreende a recente decisão da quinta turma do STJ que anulou a quebra de sigilo bancário e fiscal do atual senador e ex deputado estadual Flávio Bostonaro e outros investigados pelo esquema das rachadinhas nos gabinetes da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Tal decisão esvazia a denúncia apresentada no final do ano passado pelo MP do Rio de Janeiro, uma vez que desqualifica as principais provas do esquema, sejam as fornecidas pelo Coaf. ou as obtidas em ações de busca e apreensão. Em que pese as escandalosas evidências, a blindagem da família Bozo, junto ao supremo, ao “centrão”, e outras instâncias de poder, indicam que o clã se livrou, por enquanto, das dores de cabeça com os tribunais e eventuais pressões políticas institucionais.

O que é escandaloso neste e em tantos outros episódios da vida política nacional, ocorridos nos últimos anos, é a facilidade com que políticos corruptos e suas práticas, mesmo quando adquirem publicidade e são vítimas de investigação, terminam impunes ou sem qualquer consequência para seus autores ou para os mecanismos e condições que permitiram o ilícito e se confundem com o próprio funcionamento obscuro de nosso sistema político. No Brasil, portanto, a corrupção é a alma da política. Parece que como sociedade naturalizamos o fato de forma mais escandalosa do que o próprio fato em si. Ninguém se escandaliza ou se vê muito atingido por tais absurdos e todos os acusados arrotam inocência descaradamente.

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