CONTRA O BRASIL

Brasil é uma palavra vermelha

de sangue,

que define nosso dantesco inferno atlante.

 É o nome de um país de fome,

 onde se explora e se mata

negros e índios,

onde o capitalismo é selvagem,

e prosperam mediocres elites,

ao sabor do caos tropical e seus autoritarismos.

O Brasil é um grande absurdo nacional,

onde impera a ordem e o progresso do arcaismo mais radical.

O Brasil é um país onde o povo

nasce morto

entre a cruz e a espada,

e o grito por uma terra livre

é sufocado nas periferias

em nome da modernidade

de uma sempre renovada tirania. 

Aqui todos os nativos nascem em exílio.

ESTADO E ELEIÇÃO

Em ano eleitoral, a máquina estatal torna-se instrumento de negociatas, trambiques, populismo, demagogia, e toda sorte de prática espúria, para bem servir ao jogo partidário eleitoreiro e aos interesses oligárquicos da chamada classe politica. 

Tal comportamento já é tão  naturalizado em nossa duvidosa democracia tropical que não prococa escândalos. Imperam os currais eleitorais,  os profissionais de campanha, e as campanhas milionarias, que não despensam a verba pública de um generoso fundo partidário. 

Independente do resultado das eleições. Só os políticos ganham. O povo se condena nas ruas a mais quatro anos de desfuncionalidade estatal enquando os políticos,  eleitos ou não,  aumentam suas fortunas. Tudo isso é de uma obviedade escandalosa. Mas mais escandalosa, ainda, é a passividade da população,  diante de tanto descalabro.

ANO ELEITORAL

Em ano eleitoral, com milionário financiamento público de campanha, combinado aos obscuros acordos políticos e negociatas vergonhosas de sempre,  que fazem das eleições um milionário negócio, é dificil, sr não impossível,  alguém em sã consciência,  acreditar no poder do voto. Na politica partidaria, a mentira e a demagogia são pré requisitos para quem almeja, por razões duvidosas, os privilégios inerentes a um cargo público. 

REFLEXÕES SOBRE O BRASIL DO CORONA VIRUS XLVI

Compartilhamos o ar com pessoas burras, ignorantes, e anti vacinas. Isso nunca foi tão desagradável e perigoso. Mas é lamentável e desnecessário que elas lotem e morram nos hospitais por uma tosca miopia ideologica conservadora.

PROJETO NACIONAL

Deste o segundo governo Dilma, passando pela ponte para o abismo do governo Temer, caindo no desgoverno bolsonarista, nos é imposta uma politica de Estado destinada a fazer triunfar de vez o mais perverso neoliberarismo. Atualiza-se, assim, o eterno projeto nacional,  de um país para poucos e para cada vez menos. Esperem mais do mesmo de qualquer novo governo possível. 

PENSAMENTO SELVAGEM

Avesso ao humanismo,

ao progresso,

ao industrialismo,

e ao racismo dos bem nacidos,

penso a margem da civilização ocidental uma contra história da razão.

Penso nas trincheiras das periferias e florestas,

entre os sensualismos e vertigens

de uma América selvagem,

 descolonizada, indigesta ao cristianismo, plena de liberdade e natureza, 

onde o trabalho não impera.

Penso, contra todo pensamento

que me ensinaram na escola e na igreja,

protesto contra o bom senso e o razoável dos amantes das belas letras.

Pensar é, para mim, saber o corpo,

 ser animal e mata,

na fala selvagem que é maior que a escrita.

A palavra é a alma da boca

e nos define a liberdade.

 

O ESTATAL CONTRA O COMUM

Existe um abismo entre o público e o estatal. O público é a criação do comum, o estatal é o coletivo normativo do poder oligarquico que perverte o comum.

Nos falta o comum na ausência da multidão como potência de afetos e encontros. É nesta ausência  que a hierarquia e a norma estatal inventa cotidianamente a precariedade e a morte.

REFLEXÕES SOBRE O BRASIL DO CORONA VIRUS XLV

O mal causado pelo negacionismo no combate a pandemia é razão  mais do que suficiente para tratar o bolsonarismo como um caso de patologia social.

 O neo conservadirismo  não é uma posição politica, é uma perversidade, um desvio de caráter,  fundado no ódio e no autoritarismo.  Algo que nenhuma sociedade minimamente democrática pode tolerar sem trair seus princípios. 

REFLEXÕES SOBRE O BRASIL DO CORONA VIRUS XLIV

Completamos no país dois anos de pandemia e um ano do início da vacinação. Para muita gente o que fica destes dois marcos é o luto, a marca da morte, que despotencializa qualquer avaliação otimista do atual cenário. O mesmo se aplica ao absurdo do negacionismo que, dois anos depois,  impunimente, ainda faz da mentira e do conspiracionismo, uma patologia tão grave quanto a pandemia. Do mesmo modo, os desvios e crimes cometidos por agentes públicos na má condução da crise, permanece impuni. Começando pelo genocida que, contra todo bom senso, ainda ocupa o troninho presidencial.

BRASIL: PAÍS DO PASSADO

Cafagestice, breguice, corrupção,  autoritarismo partriacal, rentismo, provincianismo, e hipocrisia, definem o ethos das sociedades ditas brasieiras.

Em tempos de ofensiva conservadora, falência da esquerda,  e hegemonia absoluta da cultura neoliberal, é preciso dizer com todas as letras: o arcaismo é nosso projeto nacional. O Brasil não  foi inventado para o futuro, para mudança. Mas para o progresso de uma ordem politica reacionaria, a margem dos grandes debates do mundo contemporâneo. Assim nasceu o único imperio das Americas que reinventou no continente o pior da erança maldita do velho mundo.

PRECARIEDADE EXISTÊNCIAL

Onde viver é impossível, 

sobreviver é o que importa

no imperativo de existir.

Sobreviver,

mesmo que precaria e insatisfatoriamente,

onde nos falta a alegria de ser.

ECONOMIA DOMÉSTICA

Com o aumento do custo de vida

o dinheiro mingua,

a sobrevivência diminui 

o valor da vida.

Respirar nunca é de graça

em um mundo de mercadorias,

carestia, inflação, e melancolia. 

Quanto custa a angustia

de um carrinho vazio

no supermercado?

A IMBECIBILIDADE DO CONSERVADORISMO

Em tempos de governo de extrema direita, os imbecis saem das sombras da ignorância para sustentar delírios como opinião. 

Os partidários da insensatez, do ódio,  da truculência, da burrice, do fanatısmo,  e do autoritarismo, reivindicam " liberdade de expressão "contra qualquer versão do bom senso e decência, afirmando a indignidade da pessoa humana como opção politica.

CONDENADOS

O país segue sem futuro entre as ruinas do tempo presente e o peso de um passado nefasto.

Tudo piora enquanto morremos aos poucos, todos os dias, sem qualquer esperança de mudança.  Infelizmente, a maioria de nós está condenada a viver e definhar no Brasil.

COMBATE AO CRIME

Como acreditar no combate ao crime onde a polícia mata inocentes impunimente, corruptos fazem leis, e demagogos governam?

Como acreditar no combate ao crime onde o crime é poder de Estado e a justiça serve aos injustos?

INCERTO AMANHÃ

Do amanhã ninguém sabe.

Mas do hoje somos todos vitimas

em um país sem futuro. Cultivamos as piores espectativas em um mundo que muda a nossa revelia, que semeia distopias em nossa imaginação  faminta por outros horizontes, por uma suportável espectativa de vida.