terça-feira, 16 de agosto de 2016

UM POUCO DE FILOSOFIA TROPICAL: A CONDIÇÃO PORNOGRÁFICA

Mais do que em qualquer outro tempo a contemporaneidade tupiniquim pode ser filosoficamente definida como pornográfica. Podem questionar os eruditos de a palavra pornografia é de origem grega, PORNOGRAPHOS, e significava “ tratado  sobre prostituição”. Em sua acepção contemporânea ela  esta associada a qualquer representação da nudez destinada a produzir excitação sexual.

Poder-sei-a objetar, portanto, que a contemporaneidade tupiniquim, seja no campo politico, social, cultural, econômico  ou insano, absolutamente não inspira a excitação  de quem quer que seja, muito pelo contrário. Logo não se relaciona com pornografia.

Entretanto, se considerarmos que pornografia é  um sinônimo de obsceno ( que se opõe ao pudor, vulgar, grosseiro) , e considerando que conceitos como puta merda, porra, escrota, são apropriados para codificar a contemporaneidade tupiniquim, podemos  sem qualquer reticencia atribuir-lhe a condição de pornográfica , sendo assim a referência sexual uma metáfora.


Logo, vivemos um novo período histórico, uma “epocacidade” que poderíamos considerar A CONDIÇÃO PORNOGRÁFICA.     

A MISÉRIA DAS AUTORIDADES

Em países periféricos como o Brasil, as autoridades públicas tendem a truculência  concreta ou simbólica. Acreditam mais no poder coercitivo e no exercício da autoridade como um fim em si mesmo, não como uma estratégia racional e pragmática de construção da liberdade cotidiana. De um modo geral, não se entendem muito bem com a democracia. Aliais, viver no Brasil nos faz questionar o que é, afinal, uma democracia nos dias de hoje....


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

SOBRE O CINISMO DO SISTEMA PENAL BRASILEIRO

As normas e regras da sociedade, no fundo não possuem a sincera pretensão de serem justas. Apenas refletem os ideias e valores vigentes em dado período cultural.  Desta forma, há mais conservadorismos embutidos no sistema legal do que propriamente a perspectiva de realizar a ressocialização dos indivíduos que em algum momento e de algum modo se tornaram transgressores.

Por isso, o modelo de sistema penal existente no Brasil, em seu arcaísmo e perversidade, funciona como uma lata de lixo destinada a acumular “marginais”. Todo detento é considerado praticamente um “não cidadão”,  alguém irrecuperável e predestinado desde o nascimento, por sua índole ruim,  a criminalidade. Tal preconceito é corrente e justifica as mais autoritárias propostas de higienização social.

Só podemos concluir que, em uma sociedade marcada por desigualdades,  a lei legitima a exclusão e não promove justiça. O que é aceito como algo absolutamente natural por boa parte da população brasileira que ainda aposta de modo tacanho em  leis mais severas como solução para a violência urbana.


terça-feira, 9 de agosto de 2016

CRÔNICA DE UMA OLIMPÍADA MUITO LOUCA: RIO 2016

É sabido que no Brasil o esporte profissional não goza de grande incentivo ou patrocínio. O que não causa espanto em um país pobre e arcaico secundariamente inserido na sociedade global.

 Por isso é mais do que natural um certo sarcasmo diante da celebração midiática da conquista da primeira medalha de ouro ( primeira de poucas) nas olim-piadas do Rio 2016.

 Bem recompensado o esforço e perseverança da judoca Rafaela Silva realizadora do feito que, contra todas as circunstancias, foi capaz de afirmar-se vitoriosa em sua trajetória desportiva. Mas o  que se deve frisar também  é que trata-se de um caso raro em terras tupiniquins.  A maioria dos seus pares não vence as dificuldades.


Por aqui esporte e cidadania só serve para embalar o discurso da ordem e do conformismo e não o da superação e da transformação da vida e da sociedade.  O atleta não é visto e nem tratado como cidadão. Apenas como um útil patriota , um instrumento de afirmação do ufanismo e do cinismo da ordem e progresso. Pelo menos é o que assistimos nos discursos oficiais midiáticos.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

SOBRE AS RUÍNAS NACIONAIS

O Brasil é um país em ruínas onde os restos de paredes, decoradas em cores vivas, dá a ilusão de que tudo seguem serenamente.

Caos e ordem se confundem na truculência da realidade. Já não se sabe mais que país é esse, já não há futuros, promessas  e muito menos qualquer estratégia viável para mínima construção de uma dignidade coletiva.


Mas é sempre carnaval em meio aos escombros da grande piada nacional.  A alegria vence a realidade e o bom senso quando não há qualquer inteligência para reclamar a razão. 

PROGRESSO E SOBREVIVÊNCIA

Para maioria da população é cada vez mais duvidosa a existência disso que chamam de bem estar social. Não se morre de fome, mas não anda fácil viver de tão pouco. É preciso consumir muita ilusão, muito futebol e televisão para não enxergar a realidade, seus absurdos e limitações. Cada vez mais o que importa é a mera sobrevivência e o acontecer sem sentido das pequenas coisas.


Vendam um pouco de esperança para as crianças e entorpeçam os adultos com religião e patriotismo. O progresso pesa sobre nossas cabeças.

SOBRE A ABERTURA DAS OLIM-PIADAS RIO 2016: ONDE ESTÁ O ESPETÁCULO?

A abertura das olim-piadas do Rio, em que pese o rigor técnico da produção midiática de um espetáculo, pode ter induzido com eficácia o publico a evasão e ao ufanismo vazio . Mas fogos de artifícios e performances não são suficientes para apagar a realidade., as contradições e desafios do dia a dia. Assim, não torna o evento menos absurdo e cínico diante da crise politica e econômica, dos gastos excessivos e da falta de perspectivas no plano da vida coletiva local.

As olim-piadas ainda são, na atual conjuntura, uma ideia fora do lugar que nos faz sonhar ou acreditar com um país que não é e nunca foi. Essa tendência coletiva a ilusão e ao deslumbre fácil é realmente lamentável em uma país de tantas mazelas.

Por aqui um pouco de pão e circo sempre funciona. Mas há ainda quem pergunte: onde está o espet

terça-feira, 2 de agosto de 2016

A VIDA NO RIO DE JANEIRO: AFORISMOS E MÁXIMAS II

Dentre as metrópoles tupiniquins o Rio de Janeiro, pelo arcaísmo e primitivismo evocado por suas paisagens naturais, é aquela onde se observa maior tensão entre civilização e barbárie, natureza e cultura. 
Pouco se nota em suas ruas qualquer traço de civilidade mais sofisticada. Até mesmo sua elite exibe trejeitos de provinciana irracionalidade hedonista.

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Viver no Rio de janeiro é aprender a conviver com a violência,
Seja como agente ou como vitima.

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A praia nunca foi democrática e nem a cidade de todos.

CIDADE OLÍMPICA DE QUEM?

A cidade das Olimpíadas
Não é a cidade de todos.
É a polis irreal midiática
Que desconhece o cotidiano
E o banal das pessoas
Que sobrevivem dos silêncios urbanos.
Somos feitos de carne e osso
E não cabemos na paisagem ideal olímpica.
Não somos feito de ouro,
Negócios e pódios.
Não vivemos de olimpíadas
Ou dos legados de qualquer fantasia.


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

A VIDA NO RIO DE JANEIRO: AFORISMOS E MÁXIMAS I

No Brasil, e de modo especial na cidade do Rio de Janeiro, é muito comum que cada um imprima seu modo de ser em sua relação com os outros sem grandes dificuldades. Há um certo pudor em criticar publicamente alguém. Pelo menos na presença do criticado. Assim, você pode ser inconveniente, vomitar preconceitos e dizer as coisas mais absurdas sem ser confrontado por isso. As pessoas sempre assimilam os abusos comportamentais. Seja por vício ou para não arrumar problemas.  Por aqui os tipos mais socialmente escrotos  são tolerados por mera questão de "educação".
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Caso você more no Rio de Janeiro e nunca viveu ou viu uma situação de assalto, você deve viver restrito a uma bolha. Estatisticamente tal coisa é impossível e desafio a qualquer um provar o contrário.

SOBRE A DECADÊNCIA DA POLÍTICA

Até mesmos as indignações foram diluídas e banalizadas diante dos absurdos cotidianos.  Já não se acredita mais nos que falam em mudanças, nos que prometem muito  ou tremulam a bandeira de qualquer solução. Todos parecem conservadores aos olhos dos que aprenderam o filtro do ceticismo como critério de avaliação das realidades politicas contemporâneas.

A mudança  talvez  acorde convulsa na  microfísica cotidiana de nossas subjetividades afetas pelas mazelas do espaço público e da fragilidade dos discursos políticos.