quinta-feira, 17 de maio de 2018

DESENCANTAMENTO NACIONAL

O crescimento da violência urbana é um sintoma da falência de uma  sociedade incapaz de reinventar a si mesma.

A violência é sempre o somatório de uma multiplicidade de injustiças e desmedidas. Seja a corrupção na administração pública e a precariedade dos serviços prestados à população, a falta de oportunidades, seja de emprego ou de realização pessoal, a falta de cultura e civilidade,   a ausência de perspectivas futuras e tudo mais que define a brutalidade de um cotidiano absurdo.Em um país de todos os tipos de miseráveis e angustiados a violência tende a se tornar uma moeda cotidiana. Afinal, as instituições não funcionam e a existência não tem muito brilho.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

A DECADÊNCIA DA COMUNIDADE POLÍTICA



Os fatos políticos já não são mais “históricos” no sentido estabelecido pela racionalidade moderna. Não é mais possível derivar dele o sentido de um desenvolvimento progressivo e cumulativo. Já não avançamos em direção a panaceia de qualquer ideal de racionalidade ou de comunidade política.

Ao contrário disso, constatamos atônicos a decadência e a corrupção como vocação de todo sistema ou regime politico. Impera o eterno retorno, os ciclos de nascimento, crescimento e declínio, contra todas as idealizações e ideologias.

Constata-se, ainda, que a vida politica é frequentada pelos medíocres, pelos mais desqualificados a vocação pública.

terça-feira, 15 de maio de 2018

A DEMOCRACIA À SOMBRA DA DITADURA


A única vantagem da democracia é que formalmente temos o direito de nos indignar, de questionar as autoridades e expressar livremente o que pensamos. Mesmo assim, isso tem um limite. A democracia também possui um aparato repressivo para manter a ordem.Movimentos sociais não são bem vistos e, muitas vezes,  são considerados perigosos e reprimidos. O aparato jurídico, afinal, existe para servir ao poder e legitimar seu exercício, para alimentar nossa cotidiana desordem pública através da desfuncionalidade das normatizações.

A democracia nos proporciona a ilusão de que somos livres e escolhemos nosso destino. Mas muitas vezes ela pode ser tão opressora quanto qualquer ditadura. Assim sendo, retornamos ao ponto inicial: a única vantagem da democracia é poder condenar abertamente as sombras de ditadura que povo am nosso cotidiano mais elementar.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

CONTRA AS IDEOLOGIAS

Longe de mim  afirmar qualquer ideal de sociedade, dizer como as coisas deveriam ser. Não acredito em mundos perfeitos. Não cultivo a ilusão de qualquer reformismo social. Nada espero de nada. Tudo passa e muda em todas as direções. Amanhã será outro dia. Mas não será o dia de ninguém.

terça-feira, 8 de maio de 2018

A LEI SERVE SEMPRE AO PODER

As leis não servem necessariamente a justiça. Destinam-se a legitimação e garantia do poder vigente. Raramente contrariam a moral estabelecida e os conservadorismos que fazem dos costumes mas absurdos a retaguarda da lei. 

Há, até mesmo, certa cumplicidade entre o legal e o ilegal que  fortalece o crime. Não é preciso ser honesto para ser reconhecido como um homem de bem. Há, aliais, muita ambiguidade nas práticas legislativas e penais. Afinal, sabemos de longa data que a lei não trata todos como iguais.

Os maiores criminosos nunca são presos. Pois a lei serve sempre ao poder. Este monstro que a todos corrompe....

segunda-feira, 7 de maio de 2018

O BRASIL E A HERANÇA DE MAIO DE 1968

Em maio de 1968, na contra mão da primavera libertária que reinventada a cultura ocidental, o Brasil era prisioneiro de uma bolha nacionalista autoritária. Tanto do ponto de vista do discurso oficial da ditadura, quanto por parte da oposição de esquerda defensora de um nacional desenvolvimentismo. 

Talvez só em 2013 os ventos de 1968 sobraram por aqui por um curto e atrasado período. Mas foi o suficiente para semear horizontes e novas perspectivas que talvez algum dia germinem.

CETICISMO CÍVICO

Partidos políticos funcionam como organizações criminosas. Políticos são movidos à negociatas, privilégios e propinas. Todo mundo sabe. Mas ninguém grita.

No fundo, há certa tolerância em relação a corrupção. Tanto que o escândalo não virá protesto, indignação. Ninguém espera nada diferente da elite dirigente ou da máquina pública.
Por isso as pessoas ainda votam.

Julgam não ter outra escolha. Não acreditam em mudanças efetivas na atual é miserável ordem das coisas.

O FALSO OTIMISMO DO DISCURSO MIDIÁTICO

As crônicas jornalísticas sobre a situação política tupiniquim, tão farta na imprensa falada e escrita, registra apenas o midiático espetáculo midiático dos escândalos de corrupção, a mediocridade dos políticos e os absurdos de um senso comum tacanho que oscila entre a indiferença e o fanatismo de direita e esquerda. Impera sempre a retórica vazia de um futuro sem tantas contradições que , paradoxalmente, nasça da ordem falida  republicana e oligárquica da qual somos vítimas e reféns. Assim, apontam o caminho das ilusões eleitorais e das soluções de gabinete. Insinuam que o poder nos salvará do poder. Mas quem ainda é tão idiota para aceitar tal disparate midiático?

CRISE DA REPRESENTAÇÃO E A FALÊNCIA DA REPUBLICA



Nos dias de hoje, graças em grande parte as novas sensibilidades e codificações do real proporcionadas pela tecnologia digital, a ideia de participação politica deixou de ser monopolizada pela relação cidadão X partido ou representantes X representados. Poderíamos dizer, sem qualquer pretensão conclusiva, que há um redimensionamento da representação que já não passa necessariamente por agenciamentos coletivos institucionais. Pelo contrário, já não levamos muito a serio as soluções institucionais e verticais oferecidas pelos governos e suas maquinas partidárias.

 Há, portanto, uma crise do engajamento cívico, da própria esfera pública, cada vez mais reduzida a administração das coisas como uma categoria técnico/pragmática, algo reservado ao domínio de especialistas ou burocratas. Este discurso de saber/poder e apologia a autoridade dos especialistas, explica um pouco o desgaste dos políticos que, geralmente, são especialistas unicamente na arte de defender seus próprios interesses. Há mesmo um esvaziamento do próprio politico como esfera onde se produz a gestão dos assuntos públicos sem a interferência dos apetites privados. Por outro lado, isso não tem gerado, até agora, uma contra partida da sociedade, no sentido de sua auto organização e mobilização em torno de temas pontuais capazes de introduzir mudanças. Observa-se, ao contrário, um sentimento de dispersão, de desinteresse dos assuntos públicos. Afinal, o jogo da representação nos é oferecido como uma resposta final a qualquer possibilidade de organização politica. A república dita democrática seria a única forma de organização viável; algo inevitável e uma alternativa a ditadura.
O que a vida nos impõe é o sentimento de que não há saída, que é preciso  algo diferente que passe por uma nova forma de federação, por novas formas de organização que combinem estratégias de  representação indireta e direta fundamentadas por uma sofisticação maior do poder local e sua gestão.

Mais do que nunca é preciso exigir o impossível....  


A MISÉRIA DOS PARTIDOS POLÍTICOS E SEU FINANCIAMENTO PÚBLICO


Um em cada três siglas não foi capaz de demonstrar a lisura de suas contas junto ao TSE. Em outras palavras, o fundo eleitoral aprovado na ultima pseudo reforma política, irá liberar recursos para pelo menos nove partidos caloteiros eleitoreiros ( PT, PSDB, PR, PPS. PCB, PCO, PRTB, PSL e PTN).  Esta é mais uma pequena amostra do quanto somos todos reféns de um modelo político viciado e corrupto. E o aumento de verba pública para as maquinas partidárias tende a piorar a situação, ou seja, a corrupção. As maquinas partidárias não são transparentes e muito menos democráticas. Pelo contrario, são oligárquicas e elitistas, representam exclusivamente seus próprios interesses corporativos e pouco se importam com a coisa pública. A representação é uma farsa. Nenhum poder institucional representa a população.



https://oglobo.globo.com/brasil/com-17-bilhao-para-usar-em-2018-partidos-tem-contas-reprovadas-21947700

quarta-feira, 2 de maio de 2018

MILÍCIA E POLITICA

O problema das milícias não é uma questão nova no Rio de Janeiro.  Antes de tudo trata-se de uma estratégia de poder construída à sombra da Polícia Militar e com articulações político partidárias. Não se resume a uma pretensa segurança pública privada, mas de uma verdadeira privatização de serviços, tráfico e mesmo roubo. Milícia é crime, mas se legitima e afirma nas entranhas do poder e da vida pública dominando territórios antes assombrados por traficantes.  Mas o que realmente mais assombra é a relação perversa entre milícia e política que se cristaliza , inclusive, através do domínio de associações de moradores e ligações com grupos evangélicos.