sexta-feira, 12 de outubro de 2018

SOBRE O QUE TENHO A DIZER

O que tenho a dizer sobre a insanidade deste intenso instante político de verdades oportunistas, deixarei para dizer daqui a um ano. Então, ou meu dizer fará sentido como enunciado de lucidez pessimista, ou deverá ser esquecido como um risível equívoco. O certo é que  existirão outras mentiras, outras hipnoses coletivas, conduzindo rebanhos e identidades coletivas. Ainda seremos nômades no grande deserto a margem da multidão cheia de justificativas.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

PRISÃO NACIONAL

Quanta estupidez nos define  como sociedade?
Quantos limites nos aprisionam?
O quanto me esmaga este estado abstrato de burocracias e normas?

O país é uma grande prisão existencial. 
Meu inferno é a realidade nacional. 

Quero gritar,
Quero fugir....
Mas no meio do povo
Meu desespero é banal.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

ELEIÇÕES 2018: PERSPECTIVAS ELEITORAIS II




Algo que precisa ser dito sobre o sombrio pleito eletivo de 2018 é que, por ter sido marcado pelo transbordamento da polarização cega, ele foi também decisivo no sentido de afirmar uma tendência a  qualquer novidade que ainda não veio. Falo contra as analises sombrias de triunfo da vocação autoritária, em sua face conservadora, que parece mais do que certa. O problema é que não é só isso. Não há linearidade ou totalizações que definam o curso dos acontecimentos humanos. As teleologias racionalistas e as analises conjunturais pecam por sempre partir dos limites e preconceitos de nosso tempo presente. Tendemos a avaliar os fenômenos sociais a partir de nossas miopias culturais, reduzir e domesticar fatos que criamos com nossas precárias ferramentas cognitivas.

Em lugar de remoer o obvio do fantasma do totalitarismo, que paira sobre todas as democracias contemporâneas, é mais saudável pensar o que se transforma em meio as incertezas e tempestades deste triste momento eleitoral de opções nulas.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

ELEIÇÃOS 2018 : PESPECTIVAS PÓS ELEITORAIS



As eleições de 2018 certamente passarão aos anais da historia republicana como um momento de inflexão. O impeachment do PT conclui-se nas urnas de forma melancólica, conduzindo ao poder novas oligarquias de orientação conservadora. Mas não se trata de qualquer conservadorismo. Trata-se de um conservadorismo teocrático e autoritário misturado a uma voga militarista salvacionista.

Em tempos de crise e de falência das narrativas de esquerda, agora reduzida, em sua versão hegemônica, a uma espécie de conto mítico lulista petista, não deve surpreender que a teocracia se afirme como alternativa conservadora a tamanho descabimento, consumando de vez o obscurantismo que orienta o imaginário nacional contemporâneo já faz alguns anos.

Abre-se um cenário, ao mesmo tempo, de incertezas e de reedição de velhas novidades. A única coisa que parece certo é que coletivamente naufragamos mais umas vezes nos agitados mares da contemporaneidade. Nos colocamos na onda conservadora global reinventando nosso insuperável arcaísmo nacional.

A politica tupiniquim finalmente começou a se redesenhar nesta ultima eleição. O problema é que foi para pior. As consequências disso são inevitáveis.


quinta-feira, 4 de outubro de 2018

VOTE SEMPRE NULO !!!

Em época de circo eleitoral todo político posa de honesto, bem intencionado é vomita soluções. Uma vez eleitos, entretanto, revelam a verdadeira mesquinha e oportunista que faz deles nosso maior problema.

Votar é sempre entregar um cheque em branco a um caloteiro de profissão.

NOSSO FRACASSO POLÍTICO COLETIVO


O pior lado das expectativas eleitorais é o agenciamento ideológico vazio. Isso se torna ainda mais verdadeiro em conjunturas eleitorais marcadas por polarizações como a deste sombrio ano de 2018.

Um quase candidato preso e outro esfaqueado durante a campanha, polarizam as leituras do passado recente. Revirando os destroços da “Era PT”, o mais esdruxulo momento de nossa periodização de democracia pós 1988, estabelecem-se oposições entre seus herdeiros e seus detratores.  Tudo que resume a uma tosca disputa de poder onde o que esta em questão não é qualquer projeto de país, mas birras ideológicas sem qualquer pé na realidade concreta.


As narrativas de ambos os lados destilam ódio pelo outro, inventam o inimigo a ser combatido em nome do bem supremo. Atestam desta forma nosso fracasso como sociedade.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

NA CONTRA MÃO NACIONAL


O Brasil é cheio de dias históricos, de datas comemorativas, que não valem um segundo de nossas vidas. O país é uma farsa carnavalesca que ri de si mesma.  Apenas isso...

Não marchamos para o progresso, para a conquista de um lugar ao sol na paisagem do mundo ocidental. Tudo que nos resta é a expectativa de sobrevivência, a esperança de que a barbárie não vença de vez nossas ilusões de razão domestica.

O FANTASMA DA ERA PT

Lamentavelmente, a política tupiniquim ainda é vítima dos efeitos do populismo metafísico eleitoral dos ecos da era PT. Resultado disso é a bipolarização estéril que domina os debates eleitorais desde as eleições de 2014.

A cultura política da pós verdade, da afirmação das opiniões a revelia dos dados e fatos, é o que nos legou a narrativa ufanista petista de um país das maravilhas emergente. O PT acreditou nas próprias mentiras de governo e continua a afirma-las contra a realidade, mesmo depois da desastrosa e retumbante queda do governo Dilma sobre suas próprias estruturas. 

 De modo compensatório, uma contra narrativa conservadora anti petista se estabeleceu no polo oposto. Mas, semelhante a narrativa petista, ela procura moldar a realidade a imagem e semelhança dos valores que defende com extremismo. Em ambas as tendências a mais absurda afirmação moral , vestida de ideologia, se impõe contra os fatos e o bom senso.
 Já não há pluralismo, diversidade ou alternativas. Toda criatividade deve ser sufocada pelo efeito de uma verdade absoluta. É a cruzada contra o mal, a recusa do oposto, que inspira a falsa agenda política. 

É assim que o autoritarismo vem se afirmando no jogo das falsos engajamentos políticos. Em termos simples: a politica no Brasil foi lá fora e já volta. O que esta nos acontecendo em tempos de polarização é outra coisa....

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

A NATURALIDADE DO CONSERVADORISMO

O pior de todos os conformismo é aquele que nos leva a acreditar que as coisas não podem funcionar ou ser de outro modo além daquele já estabelecido.

De modo geral não temos vocação para a experiência de mudanças. Elas sempre geram ansiedades e incertezas. Não importam as contradições e limitações de uma sociedade ou de uma situação, sempre desconfiados, enquanto coletividade, daquilo que se apresenta como novidade. Mudar é sempre abrir mão de um pouco de convicção.As situações só se modificam quando as pessoas estão dispostas à mudar. Por isso são sempre poucos que abraçam a mudança é a inovação. A maioria prefere seguir em frente pelos mesmos caminhos de sempre, se quer é capaz de formular algo novo em seu simples cotidiano.

ELE NÃO II



Embora predominantemente de centro esquerda, as mulheres que saíram as ruas no ultimo dia 29 de setembro não exibiam pautas fechadas e queriam mais do que barrar uma candidatura  conservadora e misógina. 

Existia nas ruas uma espécie de busca por uma dignidade da politica. Coisa que se perdeu nos movimentos tradicionais e na politica partidária.

As vozes de esquerda somavam-se a vozes anarquistas, apartidárias  ou simplesmente femininas. Não há rótulo que resuma o movimento. O que vale é sua intensidade, seu potencial. Há nele algo de imprevisível, uma espécie de prenuncio de um grande dia que talvez jamais chegue....

ELE NÃO



O dia 29 de setembro pode ter sido um sábado como outro  qualquer. Nada feriu a rotina e a mesmice de final de semana. O país não parou.  Entretanto,  em varias cidades as mulheres foram as ruas em um evento inusitado:  Um protesto contra uma candidatura conservadora que lidera as pesquisas de intensão de votos em uma iminente eleição  presidencial. 

Há leituras  diversas sobre o movimento organizados pelas redes sociais.  Há falas oportunistas e de reação, ao mesmo tempo. Mas o fato é que, em tempos de  desmobilizações, as mulheres ainda são capazes de mobilizar, de afetar a vida politica.  Por si só, o movimento, que é mais uma das tantas mobilizações politicas  femininas que marcaram os útimos anos, pela primeira vez, tenta interferir em uma eleição. 

É tempo novamente de falar em ética na politica em um momento de tantas corrupções e cinismos politico partidários.  Talvez as mulheres sejam  um devir que arrasta toda a sociedade em  espirais de perplexidade.