sábado, 29 de dezembro de 2018

SOBRE OTIMISMO GOVERNAMENTAL

Foi com a era PT que a gramática governamental mergulhou no populismo e na fantasia da ordem oficial contra a realidade da sociedade. Este distanciamento entre a verdade do governo e a realidade do "povo" promete se aprofundar com o início de uma era  de populismo de direita. 

A arrogante afirmação do poder de Estado sobre as contradições e limites da realidade política e social, há de se consolidar como um mantra. Os governos tendem a impor a mentira que vivemos no melhor dos mundos quando estamos indo cada vez mais fundo no lodo do poço.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

SOBRE A NOVA DIREITA GLOBAL

O que hoje dá o tom da política internacional é uma nova fase da economia mundo ocidental definida por uma radical integração transnacional dos mercados nacionais. Trata-se de uma leitura conservadora do processo de globalização e suas pautas que desperta insurgencias localistas ( nacionalistas). 

O Brasil entra nesta onda neo conservadora  de modo subordinado a reação norte americana. Assim, Trump e Bolsonaro despontam no continente como expressões caricatas e periféricas do novo nacionalismo europeu anti globalização.

Mas essa nova direita mundial que se insinua,  na medida em que afirma o localismo, é incapaz de articular uma alternativa ao projeto hegemônico de globalização. Na verdade permanece subalterna e reativa a pauta das corporações e interesses empresariais do novo capitalismo global. Daí sua fraqueza.

SOBRE O NOVO CONSERVADORISMO TRIUNFANTE

O novo conservadorismo  é uma espécie de busca por uma identidade nacional fantasiosa. Uma combinação estranha entre liberalismo econômico, fanatismo religioso, senso comum, e imediatismo de vida privada.

Não é propriamente uma ideologia, mas um sentimento de que a política tradicional não funciona em sua pauta dita progressista. É também a ilusão de que uma agenda conservadora seria uma resposta a falta de representação política, a corrupção e a polarização direita/esquerda.  É como tentar apagar um incêndio com gasolina.

Alguns setores minoritários alimentam ainda a desastrosa ilusão de intervenção militar como alternativa ao elitismo de nosso atual regime democrático.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

QUASE DESESPERO

Na época em que nasci ainda era possível conviver com o insuportável. Hoje em dia ele se tornou intolerável, asfixiante e tóxico. 

A depressão, a loucura, a demência ou a insurgência são nossas opções. Mas são elas que nos escolhem, já que é o absurdo quem rege nossos destinos.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

A ILUSÃO REPUBLICANA

As mentiras governamentais povoam  discursos e noticiários, os posicionamentos ideológicos e a opinião pública. 

A política deixou de ser a construção permanente da esfera pública e a materialização do bem comum. Não estão errados  aqueles que dizem que isso nunca  passou de um moderno  ideal abstrato para mascarar a continuidade de privilégios e elitismos.

A ilusão republicana, afinal, é quase um apêndice da história da monarquia.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

CONTRA A CORRUPÇÃO POLÍTICA

Apesar de todo esforço do ministério público, da polícia federal e outras instâncias do poder público, o número de políticos presos e condenados por corrupção é pequeno. Isso considerando o volume de escândalos investigados e imaginando o que permanece oculto. 

Significativamente, os crimes de corrupção não foram até o momento, apesar dos escândalos da lava jato, objeto de uma legislação específica ou da construção de uma agenda destinada a passar a limpo a administração pública. A razão é obvia: são justamente os legisladores os principais promotores e beneficiados por estas práticas de pura pornografia política. Urge um enfrentamento dos políticos, um grito da sociedade contra seus supostos representantes. Sem isso jamais viveremos novos cenários de vida pública.

DIANTE DO INÉDITO


O medo nos roubou de nós mesmos.
Tudo é incerteza, corrupção,
Desconfiança.
Não há mais verdades.
Seguimos todos à deriva
Na antevéspera do naufrágio.
O futuro ficou no passado.
Mas o presente é um campo aberto.
Tudo é inédito e  inesperado....

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

GOVERNOS E CORRUPÇÃO

O que torna todo governo em alguma medida corrupto é a necessidade de compor e integrar apetites diversos, interesses e estratégias de facções oligárquicas que vivem do jogo do poder. É ingenuidade pensar que o interesse público é o que prevalece nos atos de Estado. Os governos são sempre arranjos privados, Visam atender a clientelas. No fundo, governar é apenas um grande negócio.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

A MISÉRIA DA GOVERNANÇA

A arte da governança que fundamenta o poder público e a política como um instinto coletivo de associação, degenerou-se na normatização vazia da vida cotidiana.

A miséria dos povos é a fortaleza dos governos que administram a vida, que sufocam desvios, impondo o imperativo da falsidade da ordem pública.

Na sociedade atual somos todos vítimas de nossas necessidades.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

CINE POLITITICA BRASIL


O noticiário politico é monótono e previsível como um filme ruim. Mas não importa se mudam a fita, o enredo é sempre terrível. Mesmo assim quase ninguém quer sair da sala, de suas confortáveis cadeiras dispostas à esquerda ou a direita do espetáculo, para ir lá fora enfrentar a vida no tumulto das ruas.  Esperam apenas que a administração do cinema ofereça pipoca como cortesia enquanto o noticiário dita o ritmo das horas perdidas. Assim o tempo passa  e a tela vai nos roubando a vida....

No noticiário é sempre o mesmo governo. Não importa os eleitos. O poder não tem outro enredo.....é sempre o mesmo filme: o noticiário.

A DECADÊNCIA DA ESQUERDA LATINO AMERICANA



A decadência da esquerda institucional na América Latina não se deve propriamente a eventuais virtudes de uma nova direita emergente, mas as contradições e fragilidades  das forças politicas que lhe representam nesta parte do continente.

Em que pesem suas diferentes trajetórias e identidades, todos os partidos e lideranças de esquerda, demonstraram ao longo das últimas décadas em que gozaram de alguma hegemonia em diferentes cenários nacionais, um apreço desmedido pelo poder de Estado, uma vocação autoritária e abertura para o mais rasteiro calculo fisiológico. O alinhamento com Cuba e Venezuela, entulhos do velho capitalismo de estado soviético, também contribuiu para expor os arcaísmos ideológicos de governos como o brasileiro.  

Países como Argentina, Brasil, Chile e Uruguai tentaram afirmar nos últimos anos uma nova inserção da chamada América Latina no novo cenário mundial. Contavam para tanto com a manutenção e consolidação de um projeto de poder de longo prazo, personificado por partidos políticos de tradição de esquerda comprometidos com alianças conservadoras e acomodações politicas e corporativas. Em outras palavras, as forças e legendas de esquerda, que no plano multinacional buscavam consolidar um projeto politico comum, dito progressista, no plano nacional sujeitavam-se a uma logica conservadora onde iniciativas populistas eram dosadas com o mais nefasto fisiologismo. Evidentemente as peculiaridades de cada situação nacional devem ser consideradas em tal generalização deliberadamente imprecisa. Mas o fato é que o resultado é o mesmo em todo os casos: a perda de hegemonia e uma guinada a direita ironicamente alimentada pela vitória de Trump nos Estados Unidos. Fato politico que deu ao continente uma nova silhueta na geografia global.

A esquerda institucional latino americana, longe de filiar-se a intenção de qualquer projeto emancipatório caiu no medíocre calculo da simples manutenção do poder de Estado, descredenciou-se como alternativa politica transformadora, acabando  estigmatizada pela opinião pública como uma variação do status quo. Não é, portanto, de forma alguma lamentável ou surpreendente sua derrocada politica na região.

Assim como na Europa, o desgaste da politica tradicional vem alimentando inquietudes e ensaios de uma nova forma de pensar e fazer politica a margem das instituições de poder, baseada em mobilizações e ações moleculares, formas horizontais e diretas de participação.  No Brasil, 2013 e a greve dos caminhoneiros são exemplos desta nova tendência. O populismo da esquerda já não contempla este novo movimento social e suas demandas por mudanças efetivas que extrapolam a pauta reformista e suas concessões a agenda neo liberal.