terça-feira, 31 de maio de 2016

CONTRA A CULTURA DO ESTUPRO

É aparentemente consensual na sociedade tupiniquim a perversidade e o caráter hediondo do crime de estupro. Mas tal condenação tão evidente ao senso comum, passa a ser duvidosa quando  pensamos o modo como esta mesma sociedade representa a mulher, reduzindo-a   a fonte de erotismo, prazer e passividade. O que ajuda a entender por que esta modalidade de  crime vem se impondo  como uma pratica cotidiana e negligenciada pelas autoridades, como outras formas de violência contra a mulher.

De fato existe uma cultura do estupro, onde o crime é recorrentemente relativizado e, não raramente, a vitima é estigmatizada como “culpada” pela violência sofrida caso não atenda aos padrões conservadores vigentes da persona feminina coletivamente consagrado.

Muito por isso, esta modalidade extrema de violência contra a mulher, que sabemos o quão  frequente é entre nós,  até hoje nunca conquistou  o merecido status de primordial questão de segurança pública, cuja formulação de politicas,  diga-se de passagem, é  monopolizada por agentes masculinos, muitas vezes avessos ao seu reconhecimento como tal.

É preciso que seja dito com todas as letras que a  cultura patriarcal, ainda hegemônica em nossa sociedade, relega a mulher a uma cidadania de segunda classe e ignora as mais urgentes discussões sobre gênero e preconceito.  A pauta feminista que reivindica uma afirmação da mulher na sociedade, promovendo igualdade e respeito,  acaba relegada a  uma injusta marginalidade por força dos preconceitos e a descarada objetificação da mulher e do feminino.


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