quarta-feira, 7 de junho de 2017

MODERNISMO CONSERVADOR

Em 1913 o necrófilo Olavo Bilac era considerado o maior poeta vivo  em terras tupiniquins.  Inspirado pelo neo classicismo europeu reduzia, ao gosto da época, a poesia a um artificio retorico onde a forma, através das amarras do soneto, recusava a inspiração.

Falando em Bilac, é pertinente observar que o modernismo tropical, consagrado mediante o duvidoso marco da semana de 22, muito diferente do original europeu, nunca rompeu inteiramente com a boa retórica através do coloquial do verso livre. Afirmou, ao contrário, um certo sotaque provinciano que acomodou a poesia a invenção do Estado Nacional. Deste modo, a poesia moderna nunca alcançou por aqui certo condição rebelde e anárquica inspirada pela transfiguração linguística e sentimento de crise da própria cultura e civilização.

Pelo contrário, a literatura moderna tupiniquim, em seu aspecto mais amplo, serviu a invenção de uma muito bem comportada identidade nacional. Assim, a poesia de Bilac sobreviveu ao nosso provinciano modernismo. Aliais, sempre surpreendeu no Brasil a capacidade do arcaico ser contemporâneo do moderno, revelando a fragilidade do ultimo como expressão do contemporâneo.


Muitos acharão exagerada esta minha tese. Mas defendo que as épocas literárias são invenção de historiadores e que as fronteiras entre o novo e o velho, mesmo em literatura, não são nítidas neste cenários letrados e tropicais, onde os intelectuais vivem em seu próprio mundo de ufanismos e pueris nacionalismos.

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