sexta-feira, 1 de junho de 2018

AINDA SOBRE A GREVE DOS CAMINHONEIROS

Tanto o caos do desabastecimento, quanto as polêmicas políticas e ideológicas envolvendo a greve dos caminhoneiros, ocorrida nestas últimas semanas de maio, contribuíram para fazer do episódio um momento singular. Talvez um dos mais decisivos  da crise política institucional que define o país desde as jornadas de junho de 2013, passando pelo inicio da operação lava jato em 2014 , desdobrando-se em um impeachment presidencial e na generalização da desconfiança da sociedade em relação aos profissionais da política.

A polaridade ideológica, até então dominante,  assim como o já impopular governo Temer, foram abalados pelas incertezas abertas por uma greve que quase parou o país e expôs a fragilidade de uma república doente. 

O movimento dos caminhoneiros teve o mérito de desestabilizar certezas e lugares comuns. Pela primeira vez o movimento social apresentou-se como um potencial quarto poder capaz de abalar o status quo, seja situacionista ou oposicionista, e abrir a possibilidade de situações novas. Em contar partida, em lugar de uma mobilização popular e da convergência de todos os descontentamentos coletivos, o que assistimos foi o mais tosco fisiologismo de uma sociedade tão corrupta quanto os políticos que tem. Uma sociedade que tudo aceita para manter a rotina, de suas mazelas.

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