sexta-feira, 27 de maio de 2022

DESASTRE

A realidade deu em desastre. 
Um desastre cotidiano,
domesticado, 
transfigurado em fatos midiáticos.

Seguimos em frente,
 sem chão ou horizonte, 
 conformadamente indignados,
até o incerto limite do insustentável do desastre.

O fato é que não há palavras para dizer o desastre.
Há alertas de incêndio em todas as partes.
Mas ninguém enxerga a tragédia 
convertida em corriqueira e silenciosa banalidade.

No fundo, todos nós juntos,
somos o inominável deste desastre
que nos observa através do espelho do mundo
onde  não reconhecemos
nossa própria face.

Talvez, se quer faça ainda sentido
o uso comovido da palavra desastre.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

O NOVO JOGO DO PODER OLIGÁRQUICO

Em pré no século XXI e na contramão de todas as ingênuas expectativas dos especialistas em politica institucional, o Brasil assumiu-se de vez como republiqueta das bananas. O desgoverno bolsonaro, afinal, foi palco não de uma crise institucional permanente, mas do clímax de uma repactuação corporativa em curso entre as facções oligarquicas dos "três poderes"parasitárias da gorda máquina Estatal.
Judiciário e militares dão o tom das negociações para um novo equilibrio das forças desarmônicas que sobrevivem das tetas do erário.
O fato é que  as relações de poder e privilégios que ditam a teatral performance das instituições duvidosamente democraticas estão em mudança. É preciso atualizar o arcaismo patrimonialista nacional.
Afinal, no nosso eterno "antigo regime", o mantra de que "as instituições estão funcionando" apenas dissimula a luta oligarquica por trincheiras na maquina estatal. É preciso garantir o rentismo mais descarado as facções oligarquicas com melhor desempenho. 
No fundo, a politica nacional se resume ao jogo dos interesses privados dos que mamam no Estado, não importa o governo da vez. 
Militares e magıstrado querem agora mais espaço disputando a vaga de poder moderador de uma republicanismo sem lei e ordem, tradicionalmente gerido pelo velho toma lá da cá entre o executivo e o legislativo.
 Militares e magıstrados, faz algum tempo, querem rever este pacto oligárquico, cheio de vícius e descaramentos, alvo de tantos escândalos e desgastes. Sabem que não há mais lugar para o presidencialismo de coalisão. É hora de novos arranjos.
 Seja qual for o resultado disso, uma premissa define o resultado: no jogo do poder o povo não tem vez. Todo poder se rouba do povo e é exercido com a mais competente desfaçatez. A nova República  sempre foi uma  República Velha construida sob o fantasma do risco de uma " Revolução de 30".
Longa vida ao corrpirativismo!

segunda-feira, 23 de maio de 2022

MANIFESTAÇÃO

Não me importa quem ganhou no futebol,
brilhou no carnaval,
ou foi eleito para dar rosto
a mais um maldito governo nacional.

Nada que realmente  importa à vida 
vira materia de jornal.
Estou farto de tanta notícia
que não sustenta um fato
que me seja do agrado. 

Pois só  me interessa saber se,
antes do fim do ano,
vamos todos nos encontrar na rua,
depois do trabalho,
contra os absurdos da ordem pública,
para adiar o fim do mundo.

Preciso rever velhos amigos,
passar o cotidiano a limpo,
exigir futuros onde triunfa o arcaico,
pedir reembouço pelo tempo
roubado pelo trabalho,
pelo Estado e redes sociais.

Quero participar do enterro da sociedade pós industrial,
engordar  florestas e imagrecer cidades.

Só me interessa saber se depois de amanhã
inventaremos juntos qualquer primavera
onde os ricos e poderosos
serão a única espécie em extinção. 







sexta-feira, 13 de maio de 2022

PRECISAMOS FALAR SOBRE A NORMALIZAÇÃO DO ABSURDO

Somente uma república  bananeira como a brasileira permite que um Napoleão de Hospício,  feito Bolsonaro, chegue impunimente ao final de seu mandato,  com tantos indícios de corrupção,  tanta quebra de decoro,e franca vocação  golpista e anti democrática.
Que prova da falência das ditas instituições democraticas poderia ser mais contuntente do que essa ? Que tipo de sociedade é essa onde um asqueroso como Bolsonaro foi  normalizado pela impotência coletiva ?

ANTI CAPITALISMO

Onde tudo custa caro
a vida não vale nada
e as coisas governam
os homens.

Hoje tudo tem preço
no inferno da sobrevivência
onde são precários todos os direitos,
Onde os fragelos do mundo moderno
asseguram a elites o progresso
relegando multidões a miséria.

Pois que se insurjam os desesperados,
os sem futuro,
os desalmados,
contra os lucros da modernidade
e o absurdo dos seus salários.

Que a revolta custe caro aos engravatados globalizados,
e conduza a ordem mundial ao colápso. 

Façam arde as chamas 
anunciadoras de outros mundos
que nos inspiram o impossível,
o arcaico,
nas futuristas ruas de nossas cidades mortas.



quarta-feira, 11 de maio de 2022

ELEIÇÕES GERAIS

Não importa quem ganhará as eleições gerais.
Todos nós perdemos na continuidade do jogo,
do absurdo do Estado,
da lógica do mercado e da produção,
na precariedade de nosso cotidiano.

Seguiremos em servidão voluntaria
apontando os erros do novo governo,
em permanente crise de representação,
abominando os rumos da república. 

Os politicos continuarão ricos,
os negros sendo assassinados,
e os jovens angustiados
e sem o legado de qualquer futuro.

Nada de novo há de surgir das urnas
e do falsos falsos consensos nacionais.

São tempos de emergência climatica
e caos global
onde todo governo e elite
exigem de nós 
um passivo compromisso
com toda forma consagrada de absurdo.

Mas, sim, haverá novo governo,
apesar de toda abstenção. 
Tudo sempre muda
para continuar como está. 
Tudo já foi decidido
nos gabinetes de minorias
que nos governam além do voto.



segunda-feira, 9 de maio de 2022

GOLPISMO E REPÚBLICA

A banalidade do golpe é inerente a tradição  autoritária  da república tupiniquim desde sua fundação.É seu traço mais asqueroso e elitista. O golpismo  define a era vargas, a aberrância populista de Jânio Quadros, e a tragédia de 64.
No crepúsculo da Nova República, os novos conspiradores, delirantes e aloprados, assumem sem o menor pudor a inspiração fascista do golpismo que hoje atualiza a distopia nacional. Não fazem segredo de sua absurda defesa do barbarismo político tropical.

domingo, 8 de maio de 2022

QUESTÃO RACIAL


Em um delírio de imaginação e civilização, 
Os brancos inventaram os negros para escravidão. 
Depois criaram o trabalho
e tiveram que libertá-los
para envia-los à prisão. 
Até hoje lamentam o fato
de que os negros não estejam em extinção
mas tenham se tornados humanos,
contra a branquitude de Adão.


METAFÍSICA AMERICANA

Além do Ocidente e do Oriente,
existe a America.
O grande continente
onde a natureza desafia a história. 
Onde a humanidade
se desfaz diante do sol,
e o sul é mais intenso 
do que o norte 
na geografia do céu.
Os deuses do mundo novo
sabém além dos oceanos,
e superam em destino
todos os deuses do velho mundo. 

sábado, 7 de maio de 2022

PODER E MENTIRA

O poder não é honesto.
Sua lei é o crime,
sua linguagem a hipocrisia.

O poder nos conforma a mentira.
Reduz a vida a uma farsa.

Entre os poderosos
nada é
o que parece ser.

A POLÍTICA COMO NEGÓCIO

No Brasil a política institucional,  sempre elitista e restrita, se fez de vez o reino da hipocrisia e da estupidez. 
O poder corrompe, mas os poderosos ganham dinheiro,
fazendo da democracia,
uma palavra morta.
Mas o picadeiro político é só um jogo
e a vida humana um grande negócio gerenciado pelo Estado.

sexta-feira, 6 de maio de 2022

MUNDO MORTO

Em um mundo injusto
onde multiplicam-se
os explorados e  esfomeados,
viver é um fato raro,
quase absurdo,
e a própria  morte
não tem sentido,
pois existimos como coisas,
conformados as leis do mercado e do Estado.

Nenhuma dignidade é possível
em um mundo de lucros e dividendos. 




quarta-feira, 4 de maio de 2022

NECESSIDADE

A necessidade é quem transforma o mundo
contra a vontade dos conservadores.

Apenas ela,
a necessidade,
conduz os corpos
a festa da novidade.

Ela é sempre inquieta,
selvagem,
subversiva, e indigesta,
uma força viva da natureza,
que não se curva a nenhuma ordem,
ao passado, ou a velhas certezas de fé.

O mundo muda por necessidade.
Ela é a mãe de todos os sobreviventes.




domingo, 1 de maio de 2022

SALÁRIO MÍNIMO

Ganhe um salário mínimo 
e tenha uma vida mínima.
Acumule dívidas,
e angustias
como profissional da fome. 

Seja um cidadão de terceira classe,  um explorado,
um zé ninguém
em um emprego de merda
em nome do progresso da humanidade de alguém.

O trabalho é o fragelo do corpo
e a alma da sociedade.
Ganhe um salário mínimo
e assegure sua sobrevivência
para a bonância dos ricos,
estes filhos de Abel.
Sua pele carrega o fardo
da marca de Caim,
o estigma de infiel.