sexta-feira, 10 de março de 2017

AS MAZELAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA



O Estado brasileiro é uma maquina inchada condicionada ao fisiologismo. Isto explica em certa medida a precariedade do serviço público, as mazelas da burocracia. A máquina publica, até os anos oitenta do século passado, quando ainda existia a lei do concurso público, era feita de feudos e oportunismos.  Isso para não falar do infinito caos administrativo cujos protocolos e rotinas eram definidos pela obscuridade e pela falta de procedimentos ou normatizações claras.

A modernização da administração pública é ainda um desafio urgente que contraria os interesses das oligarquias de poder e sua clientela de afilhados. Mesmo o concurso publico , na maioria das vezes, apenas incorporam ao quadro de servidores mão de obra insatisfeitas com o jogo da iniciativa privada que veem em um cargo público a oportunidade de uma ociosidade remunerada.

Por tudo isso, falamos aqui sobre mais um dos graves problemas da vida nacional cuja solução mostra-se escandalosamente utópica no contexto de nossa medíocre realidade.

SEGURANÇA PÚBLICA E BARBARIE



Para boa parte das pessoas o problema da segurança publica se reduz a policiamento e coerção. Como se a violência fosse à solução para a própria violência. Mas uma sociedade refém da insegurança é uma sociedade onde a violência se impôs como linguagem e estratégia e o bom viver tornou-se impossível a maioria das pessoas. Altas tachas de criminalidade e violência expressam o fracasso de uma sociedade, sua falta de civilidade e discreta barbárie. O embrutecimento e animalidade são sintomas de falta de cultura. É isso que faz da violência um fenômeno social. Não é a pobreza ou a miséria. Mas a incapacidade de convívio em uma sociedade que não garante a plena realização da grande maioria dos seus membros. A deficiência dos direitos mais básicos, como saúde, educação, morar dignamente, impossibilitam a “boa sociedade” entre os seres humanos.

quarta-feira, 8 de março de 2017

BREVE NOTA SOBRE O DIA INTERNACIONAL DA MULHER



Em um país como o Brasil, o dia internacional da mulher é uma data triste. Afinal, as mulheres por aqui são vitimas de todas as formas de violência e abusos. Falando francamente, são tratadas como ser humano de segunda classe. Não há como considerar esta data como um dia de homenagens hipócritas e vazias. Trata-se de uma ocasião propicia a indignação, protestos e questionamentos.

PORQUE NÃO SOU NACIONALISTA



Sempre tive problemas em vivenciar e entender identidades nacionais. Afinal, não me sinto parte de qualquer comunidade ou representação abstrata de estado nação. Não consigo estabelecer identidade como isso. Pelo contrario, considero um problema. Uma bandeira ou situação jurídica não me diz quem eu sou. Penso nos dilemas dos tantos refugiados espalhados pelo mundo e não apenas me solidarizo com eles, também me considero vitima do estado nação em que nasci e de suas impessoais fantasias de identidade.

Conhecemos e sabemos tão pouco o mundo quando nos prendemos a falácia de uma identidade nacional que perdemos de vista o cosmopolitismo da vida, da existência de todos nós em um pequeno planeta do sistema solar que nada significa diante da abissal complexidade e indiferença do universo.

segunda-feira, 6 de março de 2017

DA CRISE AO CAOS



A citação que segue foi extraída da pagina do Banco Mundial na internet (http://www.worldbank.org/pt/country/brazil) e expressa o estado de estagnação social e econômica que se instalou nos últimos anos no Brasil:

"Entre 2003 e 2014, o Brasil viveu uma fase de progresso econômico e social em que mais de 29 milhões de pessoas saíram da pobreza e a desigualdade diminuiu expressivamente (o coeficiente de Gini caiu 6,6% no mesmo período, de 58,1 para 51,5). O nível de renda dos 40% mais pobres da população aumentou, em média, 7,1% (em termos reais) entre 2003 e 2014, em comparação ao crescimento de renda de 4,4% observado na população geral. No entanto, desde 2015 o ritmo de redução da pobreza e da desigualdade parece ter estagnado".

Conclui-se dos dados apresentados que a estabilidade econômica perdeu o folego  esvaziando o ufanismo dos discursos oficiais que deliravam uma eventual ascensão do país ao “primeiro mundo”. Agora voltamos a amargar a medíocre realidade nacional sem maquiagens. Vivemos em um país medíocre onde a crise econômica é aditivada por uma crise politica sem precedentes. Mas tal crise não deve ser vinculada apenas aos escandalosos esquemas de corrupção revelados pela Operação Lava Jato. A crise política é também uma atestação da incompetência das elites de poder e sua miopia.

É cada vez mais evidente que os políticos vivem em função do Estado e esperam que toda a sociedade gire em torno dele e de sua reprodução. Mas até mesmo o Estado anda atualmente mal das pernas. Simplesmente, em todos os níveis da vida nacional, nada anda funcionando direito e nos surpreendemos perplexos e sem esperanças. 

Não é exagero dizer que o instinto popular sabe desde sempre que o Brasil é um país que não deu certo e tudo que podemos fazer é sobreviver do pouco de cada dia.  Mas diante da desfuncionalidade generalizada até mesmo os mais conformistas são vitimados pela indignação. Simplesmente alguma coisa precisa acontecer. Mas não serão os políticos que oferecerão qualquer solução. Na verdade, fica cada dia mais claro o quanto eles são parte do problema. Em poucas palavras, a sorte esta lançada. Não há um plano, nenhuma receita de redenção ou salvação nacional. Apenas algumas palavras de ordem e muitas e controversas opiniões.  Como sempre, a única coisa certa no Brasil é que a confusão não para de crescer.....

quinta-feira, 2 de março de 2017

ANATOMIA DO CONFORMISMO

Do ponto de vista da vida cotidiana em uma sociedade de massas, nos preocupamos apenas em garantir  a banalidade da reprodução de nosso dia a dia medíocre. Assim sendo, não pretendemos muita coisa. O churrasquinho de fim de semana, a conquista de certos bens de consumo e alcançar um certo status social baseado mais no que temos  do que naquilo que somos. O tipo de sociedade e de Estado em que vivemos é tratado como um problema secundário. Vomitamos em rodas de conversas ou nas redes sociais alguma indignação em relação a desordem social reinante e seguimos em frente, dentro da ordem, suportando tudo.

isso é no fundo tudo que acontece. Não acreditamos realmente em qualquer possibilidade de mudança. Aderimos aos lugares comuns das opções pseudo ideológicas e apostamos nessa ou naquela falsa alternativa de futuro e esperança.  Sabemos secretamente que nenhuma sombra de mudança decora o horizonte. Mas fingimos acreditar no contrário.

a verdade é que estamos pouco preocupados com a realidade....