quarta-feira, 21 de junho de 2017

A DEMOCRACIA DOS ESPECIALISTAS

A pratica politica se distanciou de tal forma da vida concreta das pessoas comuns  que perverteu todo ideal de uma sociedade democrática onde imperam os interesses coletivos e o bem estar comum. Consideramos agora a pratica politica um domínio de especialistas. Mesmo não confiando em tais duvidosos profissionais dos assuntos públicos.


Não concebemos alternativas ao jogo sujo dos ditos representantes do povo porque no fundo sabemos que o povo não existe, assim como a soberania. Somos escravos do Estado e pacificamente o alimentamos com nossos tributos. Nos sentimos vitimas dos políticos e não os seus cúmplices. Nos consideramos incapazes de reinventar a democracia. Já quase se quer acreditamos nela. 

terça-feira, 20 de junho de 2017

BRASIL: PAÍS SEM FUTURO.

A situação politica institucional tupiniquim chegou a um ponto tão absurdo de desqualificação dos partidos políticos, caciques e profissionais do poder, que qualquer solução autoritária já não assusta o cidadão comum, dada a perplexidade com os rumos da precária e esculhambada democracia vigente.

Entre a mesmice e a incerteza politica, a ruptura institucional ganha a boca dos moralistas de plantão, ávidos por uma cruzada pelos bons costumes. Como se moral e politica fossem no Brasil coisas compatíveis.

As soluções fáceis  dos demagogos e salvadores da  nação, as formulas desenvolvimentistas e promessas de progresso, ainda tem seus carentes adeptos, mas é cada vez mais evidente a falta de perspectivas concretas em um país mulambado cuja vocação sempre foi o atraso.


Particularmente, sou antipático ao discurso positivo que propõe boas saídas, projetos e alternativas, mesmo quando o cenário aponta para pequenos e grandes desastres. Penso que o realismo amargo é sempre o  melhor caminho. Principalmente em situações de franca e estrutural falência nacional como é o caso do Brasil.

CONSENSO MIDIÁTICO

A mídia inventa os fatos que nos definem o dia a dia, as urgências e relevâncias do grande acontecer nacional. Tudo acaba sendo reduzido a um espetáculo onde somos todos descartáveis telespectadores, passivos consumidores de realidades precárias  televisionadas e  digitalizadas.

Tenha sua opinião sobre os fatos selecionados e formatados segundo o grande consenso mundial. Mas não queira pensar demais.


PODER POLÍTICO

Não há mentira maior do que o interesse público nos assuntos políticos. Os que vivem da autoridade e do poder do  Estado apenas buscam a manutenção de seus privilégios. Mesmo que o faça em nome desta abstração vazia e constitucional denominada “povo”.

O sufrágio apenas legitima a pompa e os cargos que reinventam em nome de todos uma nova aristocracia.



quarta-feira, 14 de junho de 2017

AÇÃO DIRETA E ESFERA PÚBLICA


A vitalidade da vida politica é medida pela mobilização popular, ou dos coletivos organizados que personificam, de modo independente , autônomo e plural, as grandes ansiedades e indignações coletivas. Não são as manobras e bandeiras partidárias que mudam a vida .  O acontecer politico  deve ter algo de festa, de lúdico e espontaneismo que preencha o espaço público de tensões, de rostos anônimos e ações diretas. É preciso que haja algo de sonho, criatividade e plena liberdade de expressão e criação.

A vida pública não é um privilégio de alguns eleitos, mas participação que ganha as ruas e enfeita a cidade de vida. Sem isso a politica se torna um mero jogo de interesses privados entre minorias aristocráticas e privilegiadas. Por isso ela não exclui confrontos e tensões frente as resistências da ordem estabelecida e sua logica excludente e elitista. Frente ao monopólio das decisões reivindicado pelas autoridades ungidas pelo sufrágio econômico, afirma-se a voz das ruas e multidões.
Mais do que algumas pautas pragmáticas, a politica é um modo de reinventar socialmente a cidade como espaço comum e compartilhado de solidariedades e não como uma dissimulada rede de controle e interdições comicamente apelidada de ordem pública.


segunda-feira, 12 de junho de 2017

CULTURA E DESIGUALDADE

 Vivemos em uma sociedade cuja cultura social é basicamente estamental e hierarquizada. Por isso é crucial observar que o problema da desigualdade é acompanhado por uma mentalidade de castas onde o poder aquisitivo é não apenas sinônimo de prestigio e poder como também estabelece relações de autoridade no sentido mais perverso da palavra.


A expressão “nascido em berço de ouro” é por aqui uma regra ferrenha, pois as oportunidades não são iguais em um país deficitário em educação, saúde e oportunidades. Os que ganham dinheiro sempre ganham mais dinheiro e os que trabalham sempre trabalham cada vez mais. Assim se reproduz a desigualdade estrutural que não será modificada por nehuma politica publica.

A POLITICA COMO CRIME PERFEITO


Judicializar a  política é uma estratégia pouco eficaz no combate a corrupção. Afinal, existe uma cumplicidade sombria entre os poderes que sempre colocarão a manutenção da ordem acima da justiça. Poder e justiça são coisas que dificilmente andam juntas. E, quando isso acontece, é sempre em beneficio de poucos.


A politica no Brasil é um crime perfeito e está acima da própria democracia. 

VERDADE ELEITORAL

Tudo é uma questão de poder, dinheiro e hipocrisia.
Não cabe ideologias  quando  o assunto é o mundo real da politica.
O Estado é um privilegio para oligarquias que nos definem como sociedade.
O bem comum é uma letra morta legal para mascarar interesses corporativos.
Isso , no fundo, é tudo que importa aos donos da república.
Protestem o quanto quiserem,
Desde que não perturbem a ordem.

Votem, paguem impostos e se divirtam.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

MODERNISMO CONSERVADOR

Em 1913 o necrófilo Olavo Bilac era considerado o maior poeta vivo  em terras tupiniquins.  Inspirado pelo neo classicismo europeu reduzia, ao gosto da época, a poesia a um artificio retorico onde a forma, através das amarras do soneto, recusava a inspiração.

Falando em Bilac, é pertinente observar que o modernismo tropical, consagrado mediante o duvidoso marco da semana de 22, muito diferente do original europeu, nunca rompeu inteiramente com a boa retórica através do coloquial do verso livre. Afirmou, ao contrário, um certo sotaque provinciano que acomodou a poesia a invenção do Estado Nacional. Deste modo, a poesia moderna nunca alcançou por aqui certo condição rebelde e anárquica inspirada pela transfiguração linguística e sentimento de crise da própria cultura e civilização.

Pelo contrário, a literatura moderna tupiniquim, em seu aspecto mais amplo, serviu a invenção de uma muito bem comportada identidade nacional. Assim, a poesia de Bilac sobreviveu ao nosso provinciano modernismo. Aliais, sempre surpreendeu no Brasil a capacidade do arcaico ser contemporâneo do moderno, revelando a fragilidade do ultimo como expressão do contemporâneo.


Muitos acharão exagerada esta minha tese. Mas defendo que as épocas literárias são invenção de historiadores e que as fronteiras entre o novo e o velho, mesmo em literatura, não são nítidas neste cenários letrados e tropicais, onde os intelectuais vivem em seu próprio mundo de ufanismos e pueris nacionalismos.

MISÉRIA POLÍTICA

O abuso do poder econômico transformou a politica tupiniquim em uma  verdadeira propinocracia. Leis custam caro e beneficiam  sempre quem tem muito dinheiro. A democracia no Brasil é para poucos abastados. Disto já não resta duvidas. O grande paradoxo é que, condenada pela opinião pública e pelas autoridades, a corrupção continua por ai quase onipresente e onipotente nas esferas do poder. Mostra-se, mesmo, mais forte do que os mecanismos jurídicos disponíveis para julga-la e condena-la.  Isso apenas uma verdade obvia,  a ordem jurídica nunca foi pensada para punir os detentores do poder.  Direito e justiça, afinal, são coisas distintas em uma sociedade não apenas desigual, mas banalizou o abuso do poder confundindo-o com seu mais natural exercício de privilégios. Onde políticos podem mais do que a opinião pública e atentam contra a boa gestão da coisa publica é sempre necessário repensar a republica e discutir seus limites do ponto de vista da hipótese de uma radicalidade da democracia. 

quinta-feira, 1 de junho de 2017

CONJUNTURA NACIONAL

Vislumbrando cenários: em tempos de descarada falência das oligarquias políticas e seu modelo elitista de espaço público, viver dois impeachment e uma nova eleição, seja direta ou indireta, para um mandato tampão, em pouco mais de um ano, seria a consagração desta repubriqueta das bananas como império de macacos. 

Não que qualquer alternativa possível à tamanha zona eleitoral possa proporcionar a política tupiniquim alguma mínima dignidade. O absurdo dá o tom do dantesco espetáculo tragicômico nacional. 

Este é um país de de bestializados onde a sociedade sempre foi vítima do Estado e o jogo elitista do poder é mais importante do que qualquer ideal de liberdade. 

A única novidade em tempos tão sombrios é a indignação libertária contra todos os lugares comuns de nosso arremedo de esfera pública.