SALVEM OS PALESTINOS!

Não adianta negar.

Todos os oprimidos

denunciam unidos pelo mundo a fora:

O sionismo é o novo nazismo.

Parem o genocídio,

salvem os palestinos.

Não ousem falar de humanismo,

democracia e liberarismo,

enquanto Gaza se torna 

um  imenso cemitério.

Salvem os palestinos.

É quase tarde demais

para deter o genocida 

Estado  de Israel.

VERSOS DE GUERRA

Aprendi a fazer versos de guerra,

a denunciar em praça pública 

nossas mazelas,

a gritar contra a ordem, o progresso e a República,

enquanto o mundo segue em desastre.

 Sei que versos não ganham guerras.

Mas são uma forma de resistência

e um meio de combate.

Não subestimem, portanto ,

versos de guerra,

sua surpreendente letalidade, 

sua capacidade de ferir  a realidade.

NAS VIELAS E RUAS DA PERIFERIA

Nas vielas e ruas da periferia

a autoridade  é o fuzil,

o respeito é o medo,

e ninguém acredita no Estado

ou na democracia.

Pois a  morte usa farda,

criminaliza a pobreza,

tem raiva dos negros

e ama dinheiro.

Nas vielas e ruas da periferia 

a sobrevivência é a lei

e o crime faz parte

do jogo do poder e do Capital.

A paz é uma questão de propina,

 discurso bonito não enche barriga

e a violência é simplesmente banal.

13 DE MAIO

A escravidão acabou por decreto,

mas os escravos nunca foram libertos.

Pois a liberdade dos brancos

não podia ser preta

em uma sociedade eugenista

higienista, profundamente racista,

onde impera o princípio da branquitude.

O 13 de maio reinventou o cativeiro...

POLÍTICO ELEITO

Um político eleito gasta mais do que custa a República, ao povo miserável que o sustenta.

Um político eleito é um parasita que suga e rouba seu hospedeiro.

Um político eleito elege sempre  como prioridade o próprio bolso, sua sobrevivência contra o povo.

NOSSA ALEGRIA

Nossa alegria é marginal.

Não é imposta por decreto

através das mal feitas páginas do diário oficial.

Nossa alegria não  demanda verba pública,

não depende de hierarquias ou burocracias.

Não  é adotada por políticos,

ou patrocinada pelo Estado.

Jamais será objeto de falcatruas e demagogias.

Nossa alegria é nua, crua,

avessa a toda falsa ideologia.

É obra de um povo, da rua,

que não se curva a autoridade,

nem serve a hipocrisia.

CONTRA O TRABALHO

Abomino o ato de ser usado,

explorado,

reduzido a coisa como um escravo.

Odeio ter meu tempo roubado,

meus dias desperdiçados

em troca de um miserável salário.

Não me basta a sobrevivência.

Por isso não me define um emprego

ou a prisão de um trabalho.

A LEI É PARA POUCOS

Não sou amigo da polícia, dos magistrados

e não acredito na justiça do Estado.

Somente pretos e pobres são vigiados, encarcerados e condenados,

independente do certo e do errado.

Afinal, a lei não é para todos

e serve aos poucos que mandam,

que ganham, que enganam,

nos mantendo acoados e amedrontardos.

A lei é inimiga de todos os marginalizados e explorados

e não passa de um instrumento de controle e poder.

A lei é branca e elitista,

sempre protege os que matam 

sob a proteção do Estado.

 

O TRABALHO É UM ROUBO!

O trabalho é a prisão comum a todos 

que não nasceram proprietários.

Ele  é a  sobrevivência que nos oprime 

e a necessidade que nos mata como proletários.

É o tempo que nos falta

e a vida que passa.

É o uso do nosso esforço,

do labor do nosso corpo,

por um patrão ocioso

que vive do morrer  dos outros.

O trabalho é, em poucas palavras,

uma brutal modalidade de exploração,

sacrifício e  roubo!

A TRANSFIGURAÇÃO DO MUNDO

Acedito no inconformismo

dos  desajustados

que desprezam a ordem,

a lei e a verdade.

Pois quero, acima de tudo,

 mudar o mundo.

Desafiar o Estado,

destruir costumes, ídolos e ideologias.

Espero viver a  invenção de um povo

contra todos os privilégios, 

autoridades, elites e hierarquias.

Espero provar o susto

de saber no rosto aquilo

que ainda não tem nome,

mas supera sonhos,

expectativas e utopias.

ENTRE PRIMEIRO E TREZE DE MAIO

Entre nós,o primeiro de maio,

feito imigrante e operário,

por muito tempo foi branco.

Teve um gosto amargo de treze de maio.

Afinal, estigmatizados como escravos,

os pretos eram invisibilizados, desprezados,

vistos como indignos do progresso

e do trabalho assalariado.

Durante muito tempo,

ensinava-se os pretos,

mesmo longe da escola,

a viver sem direitos, 

morrer na roça 

e nunca questionar o Estado.

Entre nós, o primeiro de maio,

por muito tempo, foi treze de maio.

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