Prezados e eventuais leitores,
Muito taciturnamente este blog divulga um pequeno manuscrito encontrado no lixo de calçada pública onde nos deparamos com o involuntário testamento de um indigente, do sem rosto de um recém falecido em fila de hospital público que nos legou a seguinte e cosmopolita mensagem que segue contra os cotidianos absurdos nativos desta terra dos papagaios:
CARTA ABERTA AO ESTRANGEIRO
Caros e cosmopolitas amigos que não conheço e jamais conhecerei;
Sirvo-me deste precário expediente para declarar para fins de dignidade e respeito pessoal que, embora nascido em ermas e exóticas terras tupiniquins, não sou corrupto, ladrão oportunista ou tarado.
Também não cultivo megalomanias tropicais e muito menos guardo ilusões sobre o rumo futuro das coisas desta bizarra fantasia nacional em cujo palco teatral resido anonimamente sobre a herança podre de ditaduras e delírios politico/fisiológicos.
Nada por aqui, assim como para muito de vocês, me parece de algum modo aceitavelmente digno do rótulo de raciona . Tudo é um caos sem limites onde não estou seguro do perpetuar-se de minha humilde existência.
Inerte e moribundo em uma fila de hospital a espera de decisivo atendimento sinto-me um estrangeiro, um triste sonhador a sofrer a realidade de seu derradeiro pesadelo desesperadamente querendo está agora em outras e suportáveis partes do mundo...
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