Em entrevista publicada no site do jornal El Paísº, o
cientista politico chileno Cristóbal Rovira Kawltirasser, especialista em
democracia e populismo na America Latina, comparando Trump e Bolsonaro, aponta
diversos aspectos de como o populismo conservador que ambos representam
fragiliza a democracia. Entre tais razões encontra-se o fato de que tanto as elites politicas quanto os eleitores,
enxergaram neles um receptáculo para seu descontentamento com o stablishment representado por todas as forças tradiconiais
do jogo politico. Principalmente com as de esquerda( ou do campo progressista),
dado a encluzilhada a qual a redemocratização nos levou através da consiolidação
de um sistema politico corrupto e viciado. Foi justamente a desconfiança e
antipatia pela classe politica, que levou ao sucesso aberrações eleitoreiras como Trump ou
Bolsonaram.
No caso deste ultimo, não deve surpreender sua baixa
aprovação popular com menos de um ano de governo, sempre variando em torno dos
30 %. O determinante para ele é a rejeição
muito mais ampla dos políticos e partidos convencionais. Mesmo que Bolsonaro, diferente
de Trump, represente justamente a mais repugnante escoria da velha politica de
sempre, muito bem atestada pela nulidade
de sua longa carreira parlamentar, ele foi consagrado como avatar de um protesto eleitoral ingênuo que ainda possui
muito folego. Resta saber apenas se isso
assegurará sua reeleição.
O que é mais do
que certo , até agora, é que seu desgaste não representa o fortalecimento das
oposições. Muito menos radicaliza o descontentamento com a classe politica,
abrindo a possibilidade de um novo 2013. Coletivamente estamos presos a
mediocridade e absoluta obscenidade politica que é o atual governo.
O absurdo foi normalizado em um grande consenso nacional.
Todas as merdas feitas e ditas por Bolsonaro e seus ministros fazem hoje parte
do jogo do poder agora. Mas pode chegar
um ponto em que a democracia terá que expurgar tal aberração em nome da
garantia da ordem das coisas. Na atual
conjuntura, apenas o próprio conservadorismo e seu desencanto parece ter a
necessária energia para derrubar Bolsonaro.
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