quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

O VERSO CONTRA O ESTADO


Onde o verso é  livre,
Mas a vida não vive,
Todo poema é protesto,
Grito e agressão. 

Toda poética é um  manifesto
Contra a opressão, 
Contra qualquer forma de restrição, 
Controle e censura dos  corpos,
Dos afetos,  gestos
E potência do coração! 

O verso livre é  inimigo da ordem pública,
Do poder e do Estado!
É  expressão  radical
Do mais intenso da vida.
É uma forma de dizer NÃO!



ABSURDO NACIONAL

O país mastiga e descarta cada um de nós. 
Ele vive da escravidão de sua população,
Da miséria que nos habita
A tantas gerações. 

O país não  tem princípios,
Não  tem honra,
É  uma bandeira que nos sufoca.

A liberdade não  tem pátria
e não respeita nenhum país. 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

TRABALHADORES


O sol levanta cedo,
mas muita gente
acorda primeiro que o sol,
Nem dorme direito,
labuta,
quase não existe,
sobrevive...

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

SAÚDE COLETIVA



Apesar de tudo,
a gente segue no escuro
com um enfarto
agendado no calendário,
Mastigando o caos sedentário,
o absurdo diário
e as bobagens do noticiário.

Apesar de tudo,
contra todas as incertezas
e decretos do Estado,
ainda estamos vivos
E compondo o cenário. 

SOBRE PRODUZIR VIDA


Organize sua casa,  sua vida, de modo a tornar-se apito a bagunçar  a falsa ordem do mundo. 
Faça do seu território vital a topografia de uma ética cotidianamente vivida na produção  de novas subjetividades.

A singularidade é  uma conquista que inventa o mundo dentro de nós na impessoalidade fundamental do que nos é  natural. 
Escute sua fome...

Viver é um modo de habitar,
De inventar o corpo.
E todo pensamento ou ato é corpo...
Descolonizar a consciência é  um exercicio de micro politica,
Uma afirmação da vida sem artifícios. 



quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

O QUE É DEMOCRACIA?



Democracia não é voto.
Não é poder oligárquico.

Democracia é participação,
ação, multiplicidade, dialogo,
singularidades,
e criação de liberdade.

Democracia é a potência da multidão.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

O BRASIL COMO ACONTECIMENTO

Não  levo a sério o noticiário político e econômico.  O Brasil é uma piada pronta, Uma tragédia geográfica e um drama existencial, para a grande maioria da população que vive como  refém desta ficção  coletiva.

 No Brasil o pior sempre está por vir....

domingo, 19 de janeiro de 2020

O BRASIL COMO ELE É

Quem diria que a "Nova Republica" desaguaria um dia em uma merdocracia liberal neo fascista , como bem diagnosticou um juiz de direito em uma sentença.  ( https://www.conjur.com.br/2020-jan-18/decisao-juiz-pais-vive-merdocracia-liberal-neofacista).

O pior de tudo é  constatar que isso não  significa que algo mudou para pior, mas que ocorreu  um desvelamento da realidade nacional.

Afinal, O Brasil é desde sempre um país de Arcaismos, elitismos e autoritarismos sem nenhuma vocação  para o democrático e o popular. A censura por aqui é  dispositivo banal de manutenção  da ordem nacional, apesar dos mecanismos legais e constitucionais construidos no periodo pós redemocratização. Não deve surpreender ninguém que ela tenha se tornado principal componente de uma política cultural nacionalista e estatista compatível com o dogma ideológico do desgoverno atual.

Ironicamente, em um país de políticos sem pudor, o juiz transgressor, autor da sentença, pode ser punido por quebra do decoro.

sábado, 18 de janeiro de 2020

ESTADO DE INSEGURANÇA PÚBLICA

A letalidade das forças policiais no Brasil é expressão de uma máquina de morte, De uma política assassina de insegurança pública, Que vítima gente  inocente estigmatizada pela cor da pele e pela pobreza. 

O Estado é  inimigo da sociedade. Seu objetivo é  o controle da população, manter a ordem injusta que nos sufoca a vida.

SOBRE PALHAÇOS E REIS

Prefiro mil vezes a alegria mundana de um palhaço  do que a autoridade supostamente divina de um rei.

Afinal, a historia do mundo seria melhor sem Reis, mas o mundo não  seria mundo sem  o lúdico encanto dos palhaços. 

O Homem é  apenas um animal que ri.



quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

CONTRA INFORMAÇÃO

Não sigo o roteiro dos noticiários,
Nem dependo de informação pré  moldada
Para edificar um muro de opiniões.
Os fatos que desenham a vida
Raramente viram noticias,
Mas circulam a boca miúda nas ruas,
Nas conclusões imprevisíveis das multidões. 



A MUDANÇA


A mudança nasce clandestina,
Cresce marginal,
E prepara suas armas
nos fundos dos quintais
da periferia.

Não faz alarde,
Até ferir a realidade
Com uma pedra de novidade.

Depois disso,
O caos toma a cidade,
Para o desespero das autoridades
E expectativa dos oprimidos
Que sonham com outro tipo de ordem,
com um amanhã que reinvente o passado,
e transforme a vida.

MODELO DE CIDADÃO


Esperam que eu seja produtivo,
alegre e comunicativo,
alguém que ande dentro da linha,
temente a deus
e sempre disposto fazer o bem,
Seja lá que absurdo isso signifique.

Querem fazer de mim um clichê ambulante,
um arremedo de gente,
um fulano conformado,
ou, simplesmente, um hipócrita.

O que importa é manter as aparências,
fazer de conta que tudo segue a contento,
fingir que a sociedade funciona
e que todas as autoridades são legitimas
e dignas de algum respeito.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

A DECADÊNCIA DO ESPANTO





Naturalizamos o ódio, a violência, a guerra, a miséria  e a morte.

Nos habituamos ao patológico como corriqueiro roteiro do nosso tempo vivido. 

O anormal e o intolerável tornaram-se  povoações auto sustentáveis em nossa paisagem domestica, fizeram morada no cotidiano, no horizonte e no céu,  sem despertar grandes protestos.

Não sei o que ainda resta dos estereótipos de humanidade, das ilusões da História. Mas eles não irão nos salvar do  conformismo da auto consciência contemporânea. Acho mesmo que estamos condenados, comprometidos, como seres vivos. Afinal, perdemos a capacidade de  de nos espantar, de ter medo de nós mesmos e dos nossos atos coletivos.


REVOLUÇÃO NIILISTA






Conservadores,
lunáticos e conformados,
fazem a festa do século.

Tudo agora é antigo.
Principalmente o futuro
que nos escorre entre os dedos.

Deu em desastre o progresso.
Mas ninguém se espanta.
Afinal, somos todos cúmplices,
Não importa o lado,
do fiasco das Luzes. 

Mesmo os mais progressistas
rezam a opressão de qualquer tradição
ou vanguarda iluminada.

Ninguém escapa ao arcaísmo.

Resta-nos, portanto, somente
A alternativa estrangeira do intempestivo,
a violência do niilismo,
o perfume da destruição,
o êxtase do desconhecido. 

OBJETIVIDADE

Estamos presos a uma sociedade estranha que desde cedo nos ensina a querer o que não desejamos, a sobreviver como prisioneiros. Chamam isso de objetividade.

É, definitivamente, uma realidade muito estranha, onde normalizados o intolerável na vida cotidiana.

sábado, 11 de janeiro de 2020

REVOLTE-SE!!!

Quero saber quando você  engasga, cospe e vomita, toda informação  que você  recebe. Quero estar onde você se revolta, onde você  se perde.

Quero saber o futuro da sua indignação,  da sua loucura e vontade de liberdade anti estatal.

O CONTROLE É VOCÊ

Seja um bom trabalhador,
Um bom pagador,
Um escravo do Estado e do Mercado.

Compre sua felicidade no cartão  de crédito.
Acredite, reze,
Não queira ser livre.

Estude, repita o que é  permitido
Como pensamento autêntico. 
O controle é  você 

INFÂNCIA PERDIDA


Uma criança carrega outra
Na ausência de pai e da mãe. 
Sua infância está morta
E sua realidade é quase adulta. 

Seu mundo é  mudo,
Seu país  é  a tristeza.
Nada lhe diz um futuro,
Para ela  o presente quase não existe ...

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

O ESPECTRO DA CATÁSTROFE



É um fato elementar que a intuição da catástrofe tornou-se um traço fundamental da cultura contemporânea. Nosso imaginário social é hoje assombrado pelo espectro da iminência de um desastre ambiental, econômico, politico, ou, simplesmente, na confluência de todas estas facetas, pela ameaça de um colapso civilizacional.

Em todos os campos das atividades humanas nos confrontamos com um sentimento de impasse e de crise que constitui o pano de fundo permanente da circulação de notícias e informações. Lidamos com isso desde a segunda metade do século XX, quando,  definitivamente, o impactante trauma de duas grandes guerras, dissolveu qualquer otimismo pós iluminista no progresso da humanidade e da tecnologia. Desde então nos tornamos conscientes de que a vida esta sempre em risco, sugeita a um equilíbrio frágil de forças humanas e naturais.
Sabemos que nossas instituições politicas e tecnológicas não garantem um futuro melhor para humanidade. Talvez, até mesmo o impeçam. A relatividade e reversibilidade de todos os avanços materiais conquistados pelas ultimas gerações parece ser não apenas um risco, mas uma tendência.

Diante disso, o que mais surpreende é nossa capacidade para naturalizar o medo e o pessimismo. Somos capazes de conviver com as piores notícias, pois, no fundo, fingimos que a catástrofe que se desenha no horizonte é reversível ou, quem sabe, até mesmo exagerada. 

Se o fim do mundo esta na ordem do dia, ele não será hoje.Tal raciocineo tosco, justifica o conformismo e a indiferença de muitos. e nos torna cúmplices da catástrofe que, mesmo quando  nos parece iminente, permanece suspensa em nossa imaginação. 

Somos incapazes de gerir os impasses de nossa época e sucumbimos a inercia de um capitalismo decadente. No fundo,  sabemos que nosso grande problema é justamente aquilo que nos tornamos. 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

O PASSADO COMO HORIZONTE

O passado segue na vanguarda. 
No horizonte desponta a guerra,
A crise econômica e política,
A tragédia coletiva tem cores vivas
Em nossa sempre urgente falta de perspectivas.


Como de costume,
A morte define o futuro,
Enquanto louvamos os progressos
De nossa decadente civilização. 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

TEMPO PERDIDO

Faz muito tempo
Que estou aqui sentado
Vendo tudo mudando
Esperando a chegada 
De um bom futuro.
Mas ele parece cada vez mais distante
Enquanto me sinto cada vez mais ausente de tudo,
Dentro da consciência  da vertigem
Que me causa o passar dos anos,
Na agonia dos dias.