REFLEXÕES SOBRE O BRASIL DO CORONA VIRUS V

Talvez, em nenhum outro momento na história deste país um ocupante do troninho presidêncial tenha se voltado contra o poder executivo, exculachando  seus protocolos mais elementares, como fez Jair Bostonaro nos dias de quarentena nacional sob a ameaça do Corona Virus.

Na contra mão  do mais simples bom senso, em um misto de autoritarismo, narcisismo e burrice, ele personificou as tendências mais daninhas da opinião nacional contra os consensos do próprio poder executivo e da maioria quase absoluta das autoridades públicas. 

Não há  antecedente para tal façanha e muito menos palavras que descrevam com precisão o nível de baixeza moral e despreparo demonstrado pelo dito cujo usuário da faixa presidencial.

De repente tornou-se incontestável que já  não  há  mais governo em tão delicado momento em que um sociopata usurpou pelo voto o cargo máximo da República. 

 

REFLEXÕES SOBRE O BRASIL DO CORONA VIRUS IV

A pandemia do corona virus desestabilizou política e socialmente o país.  Expôs de modo contundente toda a fragilidade nacional.

Em tempos de neo conservadorismo econômico e cultural, uma tragédia global fez parecer otimistas aqueles que já diziam que tudo andava  mal.

Perdeu -se a normalidade em tempos de quarentena. Mas como nossa normalidade tinha por regra o absurdo, a constatação  mais lúcida, é  a de que não  perdemos lá  grande coisa. Aprendemos com os tempos de contingências a duvidar ainda mais do futuro....

( QUARENTENA) REFLEXÕES SOBRE O BRASIL DO CORONA VIRUS III

De repente a cidade ficou pequena

E a vida não  cabe no apartamento.

O medo esvaziou as ruas,

E a incerteza desabou sobre nós.

Reaprendemos a angústia, 

Exilados do cotidiano.

Lá fora, o mundo já  não  é o mesmo

E nada mais será como antes.

O país  já  não  faz sentido. 

E não sabemos mais

Quem somos nós. 

REFLEXÕES SOBRE O BRASIL DO CORONA VIRUS II

Já faz alguns anos que a rotina política e social do país se tornou o descalabro de sucessivas crises e escândalos sustentado pela inércia do nosso conformismo coletivo. Mas ninguém esperava que uma pandemia global pudesse abalar a reprodução de nosso podre cotidiano nacional.

De repente, já não somos escravos das respostas prontas e velhas que definem o script de nossa tragédia coletiva. Um país em quarentena aprende com o medo  e a incerteza a fragilidade de suas ilusões mais íntimas. 

Já não há  conservadores e progressistas, apenas os filhos do grande medo em busca de saídas ou milagres, enquanto a velha ordem não se sustenta mais, pois todas as suas mentiras estão expostas.

ONDE TRIUNFA O MEDO

Onde o medo vence a esperança,  o autoritarismo triunfa alimentando a ignorância. 

Não  há pior conselheiro do que o medo. Ele sempre prega a autoridade e o poder em lugar da solidariedade.

MUNDO LIVRE

Sonho com um mundo livre do império das grandes verdades. Abomino a moral das multidões e a boa intenção daqueles que pregam um mundo perfeito e sem contradições. Odeio utopias. A mudança  não  segue receitas prontas, ela é  filha dilata do impensado e do inesperado.

Não jogo o velho jogo dos reformadores da sociedade que semeiam ditaduras.

Sonho com um mundo livre inclusive das minhas certezas. 

REFLEXÕES SOBRE O BRASIL DO CORONA VIRUS

Diante do estado de emergência provocado pelo corona vírus, nos damos conta do quanto o país  mudou muito pouco desde a pandemia da gripe espanhola do inicio do seculo passado. 

É o mesmo tipo de sociedade elitista e miserável,  da arrogância das autoridades e  da fragilidade da vida humana diante da existência  breve e imperceptível do vírus. 

POLARIZAÇÃO

Proliferam por todos os lados

os autoritarismos das verdades prontas,

os  consensos de boi mandado,

ressuscitando o império da caretice,

os dogmatismos ideológicos,

e policiamentos partidários.

É tempo de obtusidade,

de burrice organizada

como inteligência nacional

para o circo das disputas eleitorais!

BRAZIL: MANICÔMIO OU PANDEMÔNIO?

Diante da situação  política, econômica, social e cultural do país,  a grande questão nacional e intelectual que nos assombra é esclarecer se o Brazil se tornou um manicômio ou um pandemônio. 

Seja qual for a resposta, não  há dúvida de que por aqui atingimos o limite do insólito e do absurdo. Mas o que realmente espanta é o quanto , apesar das autoridades e do poder público, ainda predomina na população  qualquer  ilusão  de normalidade. 

PATOLOGIA NACIONAL

O Brasil não vive apenas em estado de estagnação econômica nos cenários da economia global. A estagnação  é  também política, cultural e social. Ela penetra na vida privada, nos sonhos, nas esperanças e indignações  coletivas.  

Trata-se de um país  doente que agoniza, que delira. Todos nós  somos parte da sua patologia.

SOCIEDADE PÓS INDUSTRIAL

Na sociedade pós industrial,

a felicidade existe

em nossas expectativas de consumo.

Todo sonho é dinheiro

e a vida é apêndice do luxo

nas configurações sempre renovadas

dos artifícios de expressão e controle.

Fabricam-se sentimentos,

educação e diversão em massa.

Tudo é copia da copia

na liberdade de expressão pré moldada.

ÓDIO AOS RICOS!!!

O ódio aos ricos é instintivo entre os que sabem que a pobreza é fruto da exploração.

Em qualquer sociedade onde há minorias privilegiadas e maiorias exploradas, o ódio prospera como virtude, como resposta a injustiça. 

Sempre irei aplaudir aos maltrapilhos carrascos dos bem nutridos empoderados. 

É sempre justo o furor de uma população espoliada!

OS SENHORES DA REALIDADE

Para os senhores da realidade

o mundo é utilitário,

uma trama de causas e efeitos.

Tudo se resume a normas,

propósitos e sentidos universais.

Os senhores da realidade

amam a ditadura dos fatos

e dos princípios

Que lhes garantem

o monopólio da verdade e das soluções.

os senhores da realidade,

entretanto, não controlam a realidade,

mas apenas aqueles que acreditam neles.

TEMPOS MORTOS

Estou farto da arrogância dos políticos,

do autoritarismo do Estado,

da falência das ideologias,

da hipocrisia dos adeptos do mercado

da cotidiana miséria de nossas vidas.

Estou farto do tempo presente,

das esperanças de um futuro descente

e dos idealizados passados dos historiadores.

Não há substancia em nossa realidade,

não há revolta em nossa indignação.

Estamos todos perdidos.

Á MARGEM DA HISTÓRIA

Entre as noticias de hoje e de ontem existe sempre uma constante: o descaso das autoridades e a vulnerabilidade da população. A sociedade é  elitista e injusta, não importa o cenário conjuntural, a época ou o regime. Por aqui nunca se deu o caos de uma revolução, nunca o mundo se fez de ponta cabeça. Nada nunca aconteceu....

O Brasil é o tipo de pais que sempre existiu a margem da história e do espirito do mundo, que nunca teve um “povo”.

BREVE NOTA DE RODAPÉ SOBRE O ATUAL CENARIO POLITICO TUPINIQUIM

No atual cenário bipolar da politica tupiniquim, tanto a esquerda quanto a direita, prevalecem narrativas autoritárias e moralistas de desconstrução  das diferenças , afirma-se a construção e desqualificação   do " inimigo " como premissa de mobilização bélica  e pseudo  conscientização pedagógica. ( propaganda). Esvazia-se, assim, a própria política como construção  do comum em nome do espetáculo da rasa disputa do poder de Estado. Os micro fascismos proliferam através  dos afetos tristes que nos enfraquecem e nos tornam presas fáceis do obscurantismo que corrói nossa capacidade de re-dizer o mundo vivido....