Tentam nos fazer esquecer o quanto a FIFA é uma instituição de duvidosa reputação e o quanto o futebol já não é mais uma prática esportiva que renova vínculos comunitários, mas um negócio milionário muito distante de nossa humilde realidade.
Segundo Benedict Anderson em seu clássico estudo “Nação e Consciência Nacional, um estado nação é uma comunidade política imaginária, uma dessas estranhas construções culturais da modernidade. Particularmente, diria ainda que algumas imaginações nacionais mostram-se mais funcionais enquanto outras, por uma serie de variáveis, são tragicamente desfuncionais e carnavalescas versões de qualquer fantasia nacionalista ideal. O exemplo brasileiro enquadra-se, naturalmente, neste ultimo caso...
domingo, 27 de novembro de 2022
EM TEMPOS DE COPA DO MUNDO
Em tempos de copa do mundo há todo um esforço midiático para vender o evento as nossas consciências, torná-lo espetacular e cada vez mais lucrativo, de uma perspectiva global.
CONSERVADORISMO ELEITORAL
Existe apenas um tipo de eleição: a da continuidade. Não importa a conjuntura das candidaturas, muito menos o resultado das urnas, uma eleição é sempre um evento conservador, destinado ao rito de reprodução de um sistema político que sustenta uma dada ordem social econômica vigente.
Em toda eleição muda-se apenas para perpetuar o velho. É a regra da democracia quando redudizada a superficial fórmula liberal de alternância do poder de Estado . Não se deve, portanto, esperar muito de qualquer novo governo. Nossos problemas permanecerão os mesmos enquanto vigorar tal regime oligárquico fundado em desigualdades e privilégios.
sexta-feira, 25 de novembro de 2022
CONTRA O NACIONALISMO
Por si só, o patriotismo é uma destas miseráveis patologias coletivas que nos foram legadas pela modernidade. Pode-se dizer que, ao conformar ao confinamento e administração nacional uma população, alimentou o capitalismo em sua fase comercial e imperialista fundada na exploração desmedida. O fez desterritorizando o homem da terra através da vertigem das grandes cidades pós industriais na imposição do materialismo produtividade e burguês.
Mas a mais triste memória do nacionalismo são ainda os fascismos e as duas grandes guerras europeias do século XX.
Onde invocado pelo espírito da época, o nacionalismo fede a autoritarismo e exploração.
quinta-feira, 10 de novembro de 2022
CONTRA O BOLCHEVISMO
Não tente reduzir minha rebelião
a impessoalidade da relação capital/trabalho.
Não me venha com
economicismos e doutrinas
para enjaular meu grito.
Não sou força produtiva,
sou inteiramente selvagem
e avesso
ao progresso de sua civilização.
Não tenho nenhuma pretensão
ao cretino juízo de qualquer razão de Estado.
sábado, 5 de novembro de 2022
CONTRA O PODER QUE NOS MATA
É tempo de extremo perigoso,
quando o poder já não mais oprime,
mas conforma.
Quando a norma não nos limita de fora,
mas nos conduz por dentro.
Neste momento é preciso emitir
um alerta de incêndio,
é preciso resistir
como um bárbaro
ou como um filho do inferno.
Pois já não há mais futuro
que não se ofereça
como o inevitável
de qualquer distopia.
Apagou-se, para sempre,
o fogo de toda esperança.
Tudo é melancolia.
Ninguém mais pode existir
fora ou além da falsa paz da norma.
A verdade é uma fé totalitaria,
esmagando todos nós,
enquanto tortura e mata a poesia.
quinta-feira, 3 de novembro de 2022
POEMA IMPOLÍTICO
Pouco me importa quem ganhou a eleição.
Se há governo sou oposição.
Tenho todo direito de sê-lo,
de dizer não,
de querer ser livre,
e me recusar a viver
como me obrigam os donos do mundo.
Ainda é tempo de virar hippie,
nômade, louco ou vagabundo,
contra o cada vez mais duvidoso
progresso nacional.
Não esperem que eu acredite em governos,
Na lei, na ordem, em deus, pátria e família.
Quero distância de tudo que fede e apodrece como poder, norma, e hierarquia .
Também não aposto no futuro do mundo.
Creio no eterno retorno do caos
contra as mentiras da humanidade.
O futuro é a Terra reinventada pelo impolitico da natureza.
O amanhã será verde e terrestre.
A VERDADE COMO MENTIRA
A verdade é a mentira perfeita.
Ela é o que nos conforma
a ilusão de outros mundos.
Ela é o que domina
ou define,
os limites do próprio possível.
A verdade estabelece
o que pode ser dito,
sonhado,
gritado ou pensado,
fora das quatro paredes do quarto de hospício.
A verdade é a narrativa que vira norma,
a propaganda que inventa o produto
que todo mundo compra.
Sua essência é o segredo da fé:
o vazio que une o rebanho,
o desejo sem gozo,
sempre renovado.
A verdade é a alma do nada,
é a vida que mata,
o livro que nunca foi escrito,
ou, simplesmente,
aquilo que não pode ser,
mas que todos juram
que aconteceu.
A verdade é a falácia
que alimenta a esperança.
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