segunda-feira, 11 de junho de 2018

O MESMO DE SEMPRE DE TODO GOVERNO

Desde a redemocratização,  o amadorismo circunstancial imposto pelos acordos políticos de governabilidade limitam a pauta do poder executivo. 

As políticas governamentais são definidas, em grande medida, pelo loteamento dos ministérios e pelas inércia burocráticas. 
Os macro projetos de governo nunca são executados como idealizados e a administração pública segue a deriva e ao sabor das conjunturas.

Não há candidato eleito que cumpra o prometido de campanha. A realidade de governo, norteada por acordos e falcatruas, não permite compromissos sérios com a sociedade.

Os governos vivem de maquiar uma rotina burocrático administrativa sempre esfaqueada de quatro em quatro anos. Os problemas estruturais e pautas continuam sempre as mesmas: saúde, educação e segurança, reformas e transparência. Assim segue, constantemente renovado, o velho enredo.

domingo, 10 de junho de 2018

CONFORMISMO

Vivemos entre a indiferença e a angústia.
Os dias semeiam incertezas.
Mas rimos do futuro.
Confiamos na nossa confiança
Cultivando a mais franca ignorância.
O desastre será sempre depois de amanhã.
Trabalhe e tenha fé,
Ignore o caos passando pela janela.
Há sempre um pouco de samba e algum futebol decorando o dia através da televisão.

sábado, 9 de junho de 2018

O TRÁGICO DESTINO ELEITORAL



As eleições de 2014  e 2016 afirmaram a tendência ao voto nulo como uma sincera expressão de ceticismo nas alternativas institucionais. Pode-se mesmo dizer que a porcentagem de indecisos, vítimas da chantagem barata do voto útil, seja de esquerda ou direita, foi decisiva na definição desses dois últimos pleitos eleitorais.

Independente disso, já não é fácil apostar no jogo político como arena de mudança para as mazelas nacionais. Os políticos são parte do problema e não dá solução. Isso independe das candidaturas vitoriosas. Já sabemos que os eleitos nada farão de substancialmente positivo pelos seus eleitores. Afinal, é a própria republica que se apresenta como uma construção condenada à sucumbir sobre suas próprias estruturas.

O futuro, definitivamente, não está nas urnas. Mas não somos ainda capazes de vislumbrar o novo de instâncias cada vez mais diretas de deliberação e organização da sociedade. Estamos condenados a ir do ruim ao pior a cada nova eleição,  legitimando os políticos e partidos que nos condenam a ditadura do sempre igual.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

MISÉRIA ASSALARIADA



Esta miserável vida de assalariado não me faz digno da existência.
Meu trabalho me anula e mata.
Qualquer emprego é apenas o outro lado da medíocre condição de consumidor.
Vivo para pagar contas e adquirir coisas que me consomem.
Vivo para não viver e tenho inveja dos animais de rua.

Existo para e através do dinheiro como quem não vive.

A MIOPIA DO PENSAMENTO



A miopia do pensamento é o que define o imaginário nacional.

No Brasil não há horizontes de pensamento, vertigens de abismos. Imperam as afirmações positivas, a confiança em qualquer solução tosca, ou seja: ufanismo nacional desenvolvimentista, salvadores da pátria,(populistas, ditadores e falsos revolucionários) planos econômicos, empreendedorismo, livre mercado,  milagres, esoterismos, etc. Acredita-se em qualquer coisa menos no obvio e gritante fracasso nacional que cada vez mais se expande em todos os tempos e direções.

Negar o obvio é o que nos mantem coletivamente escravos de nossas mazelas.


AFINAL, O QUE É O DEVIR?

Inútil dizer como a vida deveria ser, pois ela sempre será como somos.
O devir se impõe aos fatos através dos atos. Ele é história, mas não é histórico. O devir é o meio das coisas,  acontece através de tudo que nos afeta. É a construção de um plano de imanência.



AS MAZELAS DA ORDEM SOCIAL


Não entendo como a sociedade funciona e não quero entender. Sei que tudo acontece de uma forma perversa onde o poder e a ambição de poucos define as prioridades e as pautas do jogo social. O bem estar de todos, a vida comum, pouco importam diante das exigências da manutenção de uma  ordem que apenas produz desordens.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

ELOGIO A ANARQUIA


Nasci pobre.
Meus filhos serão pobres.
A pobreza mora em nossas entranhas
Como um destino.
Não importa o governo,
A economia
Ou a loteria.
Sou pobre
Como os ricos são ricos
E tem filhos ricos
Predestinados a serem bem sucedidos.
Morrerei pobre.
Não fará diferença meu trabalho honesto,
Minha ambição e esforço.
Sempre existirão pobres
Para que os ricos sejam ricos.
Este nosso tipo tosco de sociedade
Depende disso.
Por isso sonho outro mundo,
Outro estado de coisas
E acredito na anarquia.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

O PRESENTE NÃO É PARA SEMPRE

Não sou movido pelo delírio de qualquer modelo ideal de sociedade. Sei que a vida não é feita de idealismo ou paixões abstratas. O mundo não é definido por boas intenções. 

Apenas abomino os fatos e me indigno com a realidade,  com o modo como tudo nos acontece é monstruosamente perverso. Somos reféns de insanidade domesticadas e banalizada pela fantasia do possível.

Acredito no futuro como a possibilidade do novo, do diferente e estranho. Recuso todo conformismo imediatista que faz do presente um absoluto sem solução.

Um dia nada será como existe agora. Seja para o melhor ou para o pior, a vida é constante mudança.

domingo, 3 de junho de 2018

ANARQUIA E SUBJETIVIDADE

E no fundo tudo se resume nisso: não se trata de estabelecer um contra poder que, cujo vitorioso, se tornaria um equivalente daquilo que combateu, uma nova norma. Trata-se, ao contrário, de não jogar o jogo autoritário ao qual estamos histórica e culturalmente condicionados. Eis o sentido mais genuíno de contracultura. É preciso experimentar novas estratégias de subjetivação que não nos reduza a sujeitos de qualquer verdade.

A liberdade é um modo de experimentar e significar o real sem compromisso com qualquer saber sedentário. Ela pressupõe improviso, criatividade e um exercício constante da imaginação e do desejo.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

AINDA SOBRE A GREVE DOS CAMINHONEIROS

Tanto o caos do desabastecimento, quanto as polêmicas políticas e ideológicas envolvendo a greve dos caminhoneiros, ocorrida nestas últimas semanas de maio, contribuíram para fazer do episódio um momento singular. Talvez um dos mais decisivos  da crise política institucional que define o país desde as jornadas de junho de 2013, passando pelo inicio da operação lava jato em 2014 , desdobrando-se em um impeachment presidencial e na generalização da desconfiança da sociedade em relação aos profissionais da política.

A polaridade ideológica, até então dominante,  assim como o já impopular governo Temer, foram abalados pelas incertezas abertas por uma greve que quase parou o país e expôs a fragilidade de uma república doente. 

O movimento dos caminhoneiros teve o mérito de desestabilizar certezas e lugares comuns. Pela primeira vez o movimento social apresentou-se como um potencial quarto poder capaz de abalar o status quo, seja situacionista ou oposicionista, e abrir a possibilidade de situações novas. Em contar partida, em lugar de uma mobilização popular e da convergência de todos os descontentamentos coletivos, o que assistimos foi o mais tosco fisiologismo de uma sociedade tão corrupta quanto os políticos que tem. Uma sociedade que tudo aceita para manter a rotina, de suas mazelas.