CONTRA A CULTURA DO ESTUPRO

É aparentemente consensual na sociedade tupiniquim a perversidade e o caráter hediondo do crime de estupro. Mas tal condenação tão evidente ao senso comum, passa a ser duvidosa quando  pensamos o modo como esta mesma sociedade representa a mulher, reduzindo-a   a fonte de erotismo, prazer e passividade. O que ajuda a entender por que esta modalidade de  crime vem se impondo  como uma pratica cotidiana e negligenciada pelas autoridades, como outras formas de violência contra a mulher.

De fato existe uma cultura do estupro, onde o crime é recorrentemente relativizado e, não raramente, a vitima é estigmatizada como “culpada” pela violência sofrida caso não atenda aos padrões conservadores vigentes da persona feminina coletivamente consagrado.

Muito por isso, esta modalidade extrema de violência contra a mulher, que sabemos o quão  frequente é entre nós,  até hoje nunca conquistou  o merecido status de primordial questão de segurança pública, cuja formulação de politicas,  diga-se de passagem, é  monopolizada por agentes masculinos, muitas vezes avessos ao seu reconhecimento como tal.

É preciso que seja dito com todas as letras que a  cultura patriarcal, ainda hegemônica em nossa sociedade, relega a mulher a uma cidadania de segunda classe e ignora as mais urgentes discussões sobre gênero e preconceito.  A pauta feminista que reivindica uma afirmação da mulher na sociedade, promovendo igualdade e respeito,  acaba relegada a  uma injusta marginalidade por força dos preconceitos e a descarada objetificação da mulher e do feminino.

CONSEQUÊNCIAS DA OPERAÇÃO LAVA JATO

Em tempos de políticos sob suspeita, torna-se cada vez mais clara a falência do atual modelo politico tupiniquim fundado na hegemonia  de oligarquias de poder mais ciosos de seus interesses privados do que da defesa do interesse publico.

Diante deste cenário absurdo que ganha inédita visibilidade através das investigações da Operação Lava Jato, é justo questionar a seriedade dos governos resultados de acordos políticos e populismo, que tentam vender o peixe da ordem e do progresso nacional omitindo a desfuncionalidade  escandalosa do Estado e da sociedade politica nacional.

Não se trata da cultura deste ou daquele partido, não diz respeito a ideologias, simplesmente estamos falando do modo perverso como o jogo político funciona e que não nos dá esperança de qualquer mudança enquanto os seus operadores forem os mesmos. 

A FALÊNCIA DA DEMOCRACIA

A politica tupiniquim anda tão louca, que talvez o absurdo transcenda os fatos e supere o impasse da

os hipócritas discursos de pseudo democracia. Todos os partidos estão mortos, na  hipocrisia de discursos de falsa ideologia e moral. Todos apodrecem no vazio do falso princípio da  representação. 

Nenhum partido vale um voto

e a própria democracia não é honesta diante do "povo",

seja lá o que significa isso...

BARBÁRIE CULTURAL

O que define a cultura brasileira é o indiscriminado preconceito contra tudo aquilo que fere a famigerada ordem e progresso do velho conservadorismo. Toda pluralidade sociocultural  é vista com maus olhos e predomina o mais rasteiro e indecente moralismo religioso. Por outro lado, entretanto, todo desvio de caráter, toda corrupção e pequenos crimes cotidianos são tolerados na mais absurda hipocrisia. Geralmente os mais moralistas são os mais hipócritas.

No brasil barbárie é um estado cultural.

MAIS UMA NOTA SOBRE A ATUAL FALÊNCIA POLÍTICA TUPINIQUIM

Não respeito ou defendo hoje em dia qualquer bandeira partidária. Vejo apenas políticos ciosos de seus próprios e mesquinhos interesses e, do outro lado, uma multidão de cidadãos perdidos, ávidos por uma república que lhes enxergue.

Mas tudo que há, é a mentira do golpe e a aventura da acomodação do caos. Uma politica de gritos, boatos e faz de conta contra a miserável existência nacional.

Não há heróis, apenas bandidos decidindo o futuro coletivo que jamais viveremos.

Eis a atual conjuntura vazia que define a politica nacional.

BURRICE POLITICA TUPINIQUIM

Tenho me perguntado o que aconteceu com a opinião pública nacional, onde foi parar o bom senso e a razoabilidade? É tanta asneira pseudo ideológica que circula por ai que já não acredito que alguém faça a mínima ideia do que anda acontecendo em terras tupiniquins. Não se trata apenas de ignorância ou desinformação, mas da opção pela invenção de informações a revelia dos acontecimentos. Este jogo é praticado de modo descarado seja pelos defensores do governo passado, seja pelo partidários do governo transitório.  Cada um inventa seu próprio mundo imaginário e seu  faz de conta de país.

SEGUIMOS A DERIVA EM MEIO AO CAOS NACIONAL

Saturados de discursos políticos e crises institucionais, pela banalização barata de temas cruciais como a corrupção, seguimos a deriva na nau brasileira rumo a uma incerteza cada vez maior em relação ao futuro.  Testemunhamos apenas a descontrução da própria politica enquanto ideal e sua conversão a técnica de poder e administração esvaziada de qualquer significado que transcenda os corporativos interesses das oligarquias politicas aglutinadas em torno de algumas legendas que não funcionam como partido politico.

De um lado o revanchismo do derrotado e humilhado PT que amargou um impeachment, diga-se de passagem, bem merecido, do outro, o pragmatismo do governo provisório que parece longe de apontar para  uma reforma politica capaz de mudar a forma realmente tosca através da qual funciona o modelo politico brasileiro em sua promiscua realidade atual. 

INDIVIDUO E IDEOLOGIA

Para o individuo os acontecimentos sociais e políticos não passam de mera fatalidade, algo que escapa a suas decisões e opiniões privadas, estando além de sua influência.  Mesmo quando disposto a aderir a qualquer tipo de organização coletiva que se proponha,  de alguma forma, a alterar os rumos da vida social,  ele sabe que isso só é possível na medida que abdica de sua autonomia para aderir a qualquer opinião impessoal ou bandeira ideológica. Mas se tal predisposição era naturalizada no século passado, neste novo século as apostas ideológicas entraram em franco declínio. O individuo já não cai facilmente no canto da sereia das utopias e causas morais e sabe o quanto, nas sociedades administrativas do mundo ocidental, o existir privado é o único horizonte que se apresenta. 

SOBRE O IMPEACHMENT

Contrariando coxinhas  e mortadelas que protagonizam o espetáculo patético da atualíssima toscaria política nacional , exibindo a falência  da opinião  pública neste país de merda, digo o seguinte:

A srª "Dilma de aguentar" tinha que cair mesmo por sua absoluta incompetência e falta de capacidade de articulação politica, o processo  de impeachment  não  foi golpe, não  provocou qualquer ruptura institucional,mas foi um ritual ridiculamente conduzido pela oposição  que é  tão  merda quanto o PT. Mas devidamente justificável pela perda de governabilidade do falecido governo e pelos abusos e absurdos de sua gestão lamentável marcada por escandalosos casos de corrupção.

Fora isso, livres do PT, ainda estamos longe de um final feliz e permanecemos nas  mãos  de uma elite política vagabunda e ciosa dos seus interesses corporativos. O que não  me impede de dizer que, pelo menos, nos livramos do PT.

O que acontece daqui para frente em temorosos tempos do sr Temer é a amarga constatação de que mais do que o moralismo diante da corrupção é preciso reinventar a politica, coisa que não será feita pelos atuais políticos. 

FODA-SE O BRASIL

Não  temos coletivamente no Brasil boas perspectivas políticas,  econômicas,  sociais ou culturais. Vivemos a margem do bom senso da civilização.

Está merda deste país  sempre esteve predestinado a tomar no cu no processo histórico.

 

Ainda chegaremos ao amargo dia em que tal premissa não  poderá ser questionada pelos ufanistas de plantão que vestem a camisa da corrupta CBF sem um pingo de vergonha.

UMA SOCIEDADE DE MEDÍOCRES

A sociedade brasileira e suas formatações  culturais são  vazias de grandes conteúdos existenciais. Ela é   banal e sensual no sentido negativo do termo. É  superficial de um modo selvagem que reduz toda civilidade ao artificialismo mais tosco. Por aqui os absurdos são  naturalizados e todo idealismo pervertido pelo fanatismo mais tacanho. Por isso o discurso do poder tem dificuldades em inventar heróis. Todos são  plenos em defeitos e não  merecem uma linha na história universal. 

A sociedade brasileira define-se pela mediocridade. E não  são  poucos que tomam tal traço  como uma virtude meio informal.