domingo, 29 de agosto de 2021

NINGUÉM SE IMPORTA

Ninguém se importa
se você chora,
passa fome,
deseja,
pensa,
ou fica doente.
Ninguém liga se você ama
ou vive um etetno luto.
Tudo que importa
é que você consuma
o que te consome
sem afrontar a paz social
de nossas violências cotidianas.

RESIGNIFICANDO O BRASIL

Brasil deveria ser o nome de um hospital onde a morte de muitos justifica a sobrevivência de poucos.
Afinal, em tempos de peste e de fome, o país se confunde com a geografia de um estado patológico.

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

VAGAS & OPORTUNIDADES

Há vagas para sonhadores,
loucos, subversivos e dissonantes.

Há oportunidades para poetas,
boêmios e quixotes.

A realidade anda em baixa,
o possível raso,
e a vida precária.

Há vagas e oportunidades
para os inimigos do tempo presente,
para os inventores de futuros urgentes,
que nada tem a perder,
adivinhando no peito
mundos dentro do mundo.

Há futuro para os caracóis
no horizonte aberto em cores vivas e luzentes de liberdade
e  autonomia.


segunda-feira, 23 de agosto de 2021

O FIM DA NOVA REPÚBLICA E O PRESIDENCIALISMO DE CASERNA



O cientista político Sergio Abranches cunhou o termo “presidencialismo de coalizão”  para descrever  nosso sistema eleitoral distópico baseado na promíscua relação entre executivo e legislativo na construção da governabilidade como composição de forças oligarquicas.
Tais arranjos  entre poderes definiu a política institucional de 1985 a 2018. Trata-se do ciclo político da chamada "Nova República", inaugurada com a constituição de 1988, e que teve seu fim decretado com a eleição disruptiva de 2018. 
O sistema político tradicional que sustentou o dito presidencialismo de coalizão ou de conchavo deteriorou-se  pela exacerbação do patrimonialismo, do clientelismo, da corrupção inerente a seu próprio funcionamento.  Em seu lugar, os anos bolsonaro, caracterizaram-se pela tentativa de introdução de um "presidencialismo de caserna" baseado em um estado de conflito permanente entre os poderes com vistas à uma ruptura institucional. O que virá em seguida será um novo pacto político entre as facções oligárquicas para consolidar a "velha politica" da "nova república" através da novidade do sempre igual de qualquer "parlamentarismo  de formação de quadrilha dos políticos organizados em conluio".
O fato é que nunca saimos dos anos vinte da " república velha"....


domingo, 22 de agosto de 2021

CONTRA A POLÍTICA DO RESSENTIMENTO E O AUTORITARISMO POPULISTA


As falas de Bolsonaro ( vulgo napoleão de hospício do Planalto) contra o STF , contra seus adversários reais e imaginários, desvelam algumas premissas do projeto distópico que ele representa e que não costumam ser devidamente consideradas.
Em seu populismo, ele pretende, antes de tudo, representar um povo contra um sistema corrompido. Seu autoritarismo deve ser referendado por mobilização popular, pois, a democracia, para ele, é um sistema hierárquico de delegação que institui  um poder soberano e autocratico, com direito de vida e de morte, legitimado pelo aplauso de uma multidão de fantoches.
 Trata-se de uma "democracia autoritária", do ideal de um atualíssimo "estado novo" capaz de passificar os apetites oligarquicos de todas as facções políticas em nome de uma ficção de nação que anule todos os conflitos e diferenças.
Tal como o populismo petista, o populismo bolsonarista, inventa-se a sombra do varguismo evocando o povo imaginário e ideal, a docilidade de um rebanho, contra uma república corrupta e em crise de representação.
Arranjos institucionais, tratativas elitistas palacianas dos profissionais dos três poderes, não tem efeito frente a vontade de potência populista. Contra seu veneno ideológico, só existe um antítodo: a afirmação da autonomia, da pluralidade e da mobilização da sociedade em nome da vida,  da soberania da multidão, da sua capacidade de criar, de desejar, reivindicar e afirmar o novo, a alegria, contra os afetos tristes de todas as crises, sem a tutela de qualquer poder ou  autoritarismo institucionalazado.
A vida é a bandeira política da liberdade que define a potência nômade das ruas contra os sedentarismos dos palácios, que institui o desejo organazado como máquina de guerra e a política como a grande festa do comum no desafio da instituição de uma nova agenda e esfera pública.
É preciso afirmar um povo contra Bolsonaro e seus seguidores, combater o ressentimento, o ódio e a tristeza que eles representam, com uma alegria intensa e transbordante, com a afirmação da natureza contra a barbarie civilizada das instrumentalidades das racionalidades doentes.

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

TERAPIA

Viver no Brasil exige terapia...

Sem emprego,
sem comida,
sem dinheiro,
muita gente
precisa de terapia
em um país onde a única solução
é morrer.




quinta-feira, 19 de agosto de 2021

ENGAJAMENTO

Não serei cúmplice
do nosso horror cotidiano,
nem irei me conformar
em ser mais uma de suas vítimas.

Através de todas as formas de ser e pensar
farei dos meus mínimos jestos
um ato de protesto.

Hei de ser sozinho uma multidão furiosa,
um ponto cego na multidão confirmada.

Meu tempo é o agora que se desfaz,
minha hora é urgente!

Enquanto o mundo não muda,
mudo eu através da luta.

BRASIL: PAÍS SEM FUTURO

Para S. Zweig em "Brasil, país do futuro", o país era  um continente, um mundo,  de solo opulento e intacto, da qual apenas a milésima parte foi aproveitada, e que guardava um grande potencial civilizatório. Evidentemente, seu Brasil inventado, era uma forma de esquecer a barbarie euopéia da segunda guerra mundial e ressignificar seu exílio nos trópicos .
Mas é no minimo irônico o quanto,neste nosso presente, antigo futuro da epoca de lançamento do livro, o Brasil seja, mais do que nunca, um país sem futuro, condenado a sua própria barbarie e a miséria de sua realidade social e política. Só mesmo um estrangeiro poderia ter vislumbrado um futuro de properidade em um país que sempre se alimentou do conservadorismo e da miséria.
 Hoje em dia, certamente, o literato vislumbraria a sombra de qualquer distopia para escrever sobre o Brasil. Seu país do futuro ficou no passado.
Bom lembrar que, lançado em agosto de 1941, na vigência da ditadura vargas, o livro mais parecia peça de propaganda wncimendada owlo D.I.P., embora não fosse o caso.

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

BOLSONARO X DEMOCRACIA

Bolsonaro não passa de um napoleão de hospício cujo delírio paranóico é sentir-se perseguido por todo mundo que tem bom senso e não o reconhece como comandante supremo das forças armadas e milicianas tupiniquins.
Apenas em um país de políticos corruptos e fisiológicos, povo moldado por uma tradição autoritária, e instituições duvidosas, a ordem instituicional suportaria por tanto tempo um aloprado que todos os dias desafia a democracia, põe de forma cada vez mais escancarada, na ordem do dia, a demanda de um golpe de extrema direita que afunde de vez o país no obscurantismo.
Um detalhe realmente preocupante é que não exista, até o momento, nenhum adversário político que o ponha em seu devido lugar. Diante disso, é o poder judiciário que consolida como obstáculo aos abusos do executivo e do legislativo. Resta, entretanto, saber até quando. Afinal, o bolsonarismo é uma ameaça muito maior do que bolsonaro e tende a superá-lo como agrutinador dos conservadorismos de diversas matrizes que hoje procuram hegemonizar a vida politica nacional em todos os planos,na lei ou na marra.

MISÉRIA E ELITISMO

No ano passado, segundo o relatório apresentado
pelo Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (Pnud), o Brasil perdeu cinco posições no ranking mundial do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e passou do 79º para o 84º lugar entre os 189 países participantes do estudo.
O IDH brasileiro foi de 0,762, em 2018, para 0,765, em 2019. O reaultado não reflete , ainda, o impacto da pandemia sobre os indices de desenvolvimento humano, ou o resultado seria significativamente pior.
A precariarização da vida humana no Brasil é também um sintoma da irracionalidade das hierarquias sociais e politicas que sustentam o bem estar de uma minoria as custas da miseria da maioria. Tal miséria, entretanto, não é apenas econômica ou social. Ela é acima de tudo cultural. Pressupõe um ethos hierárquico de produção da vida comum e das subjetividades que lembram muito mais uma sociedade rigidamente estamentada do que dividida em classes, ao gosto das velhas representações liberais do mundo pós industrual.
A naturarização da miséria e da exclusão é um dado sombrio da realidade nacional que remonta a eacravidão como instituição hierarquizadora que organiza a sociedade em função do bem estar e progresso de elites.
Por mais que entre nós se apregoe certa modernidade e globalização dos costumes, estamos longe de pertencer ao ocidente europeu do hemisfério norte. Somos no sul do mundo qualquer miserável projeto de estado nação que sobrevive do seu próprio passado.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

APÁTRIDAS

Um hino,
uma língua,
um território
ou Estado,
não fazem uma nação.

Não somos um povo,
mas muitos, tribos,
e crãs,
que não se curvam
a nenhuma bandeira
ou inventada tradição.

Somos multidões,
potências de livres sociedades
contra a história,
inimigos de toda escravidão
e tirania
de uma meta narrativa de opressões exercidas em nome da razão e do progresso de una ordem insana.

Nosso desejo não tem pátria,
é resistência e rebelião.

BOLSONARO E O FIM DA NOVA REPÚBLICA

Sem qualquer programa de governo identificável, ao longo de sua ocupação do troninho presidencial, Bolsonaro dedicou-se a afirmar uma pauta ultra conservadora asquerosa, avacalhar as instituições democráticas, e promover uma política de morte ao longo da emergência sanitária que ainda devasta o país e o mundo. 
Causa espanto que ele ainda não tenha sido arrancado de seu nefasto mandato, pelo conjunto da obra, que inclui o descarado aparelhamento do Estado para execução de uma política personalista e autoritária, além de tentar engavetar escândalosas denuncias de corrupção envolvendo sua família e aliados.
das rachadinhas ao gabinete do ódio, passando pela devastação da Amazônia, Bolsonaro já merece o titulo de pior presidente de todos os tempos.
Uma democracia onde alguém como Bolsonaro consegue se manter no cargo, é no minimo duvidosa. Isso nos faz temer pelo futuro, pois sabemos que com ele inaugou-se um novo autoritarismo, um partido militarista que desvela a sombra da ditatura que sempre rondou nossa transição democratica.
Não faz diferença quem vai ganhar as próximas eleições. O fim da nova república é evidente pela hegemonia do fisiologismo do chamado centrão na definição da república, já que foi ele quem, não só viabilizou a aprovação da constituição de 88, como também sustentou, até agora, todos os governos que se estabeleceram, desde então, na base do toma-lá da cá e da demagogia do duvidoso bom funcionamento das instituições e harmonia dos três poderes.
Bolsonaro só é perigoso porque nossa dita democracia não tem povo, é uma festa privada para elites de todos os tipos.


segunda-feira, 9 de agosto de 2021

TEMPOS SOMBRIOS

Hoje em dia os conceitos não se plestam a definir a realidade, mas servem para desconstrui-la, Tamanha a distância entre as representações do real e sua imanência, entre a brutalidade da experiência concreta e as expectativas mais generosas de nossas convicções e valorações do mundo comum.
São tempos tristes para os otimistas e desesperadores para os pessimistas. Já não há projetos, esperanças ou sonhos que nos faça acordar todos os dias, seguir em frente, quando a própria sociedade parece colapsar.

O ASQUEROSO BRASIL DA ERA BOLSONARO

Bolsonaro será lembrado como o ocupante do troninho da presidência da republica que inaugurou os tempos sombrios de incerteza da democracia. 
Também será lembrado como um napoleão de hospicio que revelou o conservadorismo mais perverso, pois elitista, racista e autoritario, como um traço vivo da cultura nacional, ainda capaz de sustentar uma politica de ódio, preconceito e violência. Depois dele, será difícil sustentar a ilusão de que o Brasil é um país alegre e hospitaleiro. A perversidade social e politica que desde sempre sustentou este eterno projeto de estado nação, inventado na antiga america portuguesa, para exclusivo beneficio de elites tacanhas, agora esta globalmente exposta através dos atos de um insensato ,  genocida e corrupto politico militarista e golpista. Mas ainda alcançaremos dias em que finalmente deixaremos sua memória apodrecer merecidamente na lata de lixo da história.