segunda-feira, 29 de novembro de 2021

REFLEXÕES SOBRE O BRASIL DO CORONA VIRUS XLI

Com o avanço da vacinação as ditas autoridades públicas,  em nome da saúde econômica das cidades, falam inresponsavelmente em festas de fim de ano e carnaval. Mas a pandemia completará dois anos acumulando mortes enquanto nos iludimos com uma suposta volta a normalidade. 
Mas nada mais será como antes, para o bem e para o mal. O mundo, em tempos de emergência  climática,  entrou na era das pandemias.

sábado, 27 de novembro de 2021

CONFORMISMO DE SÍSIFO

E é sempre a mesma angustia,
a mesma miséria, 
a mesma injustiça e exploração. 

Sempre de novo o que não dá jeito,
o que nos conforma ao protesto sem resultado
e a falsa esperança das próximas eleições.

Sempre de novo o mesmo enredo,
o mesmo fracasso.

Ninguém tem coragem
de romper com o mundo,
rasgar a rotina no grito
e se lançar  ao desconhecido.

somos sísifos contentes
esmagados pela pedra de duvidosos fatos consumados.


terça-feira, 23 de novembro de 2021

A FRAGILIDADE DA ORDEM

Onde nada é certo,
todos tem certezas,
explicações,
soluções e alternativas.
Há velhas respostas
a novos problemas
e apostas em futuros descartáveis
alimentados por convicções vazias.
Mas a ordem morna das coisas
não sobreviverá ao desrazoável da poesia.

sábado, 20 de novembro de 2021

RACISMO E IDENTIDADE NACIONAL

O Brasil não foi inventado por imigrantes europeus para integrar negros e indios. Ele foi criado para colonizar, explorar, destruir e matar em nome de deus e do progresso dos brancos.

ACORDE!

Não importa o raso do dia,
ou a grande noite das horas,
é imperativo acordar,
saber o hoje e gritar,
o desespero dos fatos.

Acordar com todas as inconsequências, 
revoltas e questionamentos,
Acordar contra a razão  na história e os falsos consensos.

 Saber o pesadelo,
o absurdo, o inacreditável
e inaceitável,
que acontece o tempo todo
lá fora.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

ULTRA MODERNIDADE

A vida é injusta.
Não  existem finais felizes,
 os corruptos morrem ricos,
o Estado nos oprime,
e nenhum deus existe.

O trabalho não dignifica,
nem a moral santifica.
A lei não é para todos.
A razão não esclarece.
Ninguém tem o que merece,
 os canalhas mandam no mundo,
 as ruas andam cheias de racistas
e todos os deuses estão mortos.
Só nos resta perder a tarde relendo Crime e Castigo.





segunda-feira, 15 de novembro de 2021

REPUBLICA DAS BANANAS

Apesar de todas as revoltas e lutas republicanas do período regencial, a república nos foi imposta de forma elitista por um golpe militar, tornando-se, desde o nacedouro uma ideia fora do lugar.
Longe de um regime de participação popular, a república  cresceu palaciana e oligarquica, profundamente autoritária e dedicada a manter o poder econômico e político dos latifúndios.
Procramou-se, inspirada por fake news, a maior república das babanas das Américas. O povo, este eterno ausente da vida pública, nada tem a comemorar no dia de hoje.

sábado, 13 de novembro de 2021

TRABALHO & ROUBO

Quem não  trabalha não come.
Mas não  há trabalho para todos,
E muitos não  servem para o trabalho.
Pouco adianta o esforço. 

O que importa é manter a hierarquia,
para que alguns poucos 
vivam sempre
do trabalho dos outros.

Mas quem não trabalha não come,
enquanto os ricos vivem do roubo.




quinta-feira, 11 de novembro de 2021

A VIDA QUE É


Condenado a um salário de quase indigência,
sonhava um dia viver a alegria
de um  bilhete premiado de loteria.
Mas morreu de hemorragia
na fila de um hospital de periferia
sem conseguir receber o beneficio da aposentadoria.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

CONDENADOS

Estamos condenados a uma vida rasa,
precarizada,
abreviada,
enquanto os ricos
fazem fortuna
e gozam de boa saúde.

Vivemos em uma sociedade injusta, 
e elitista,
onde uma minoria
tem motivos para ser otimista.
Mas ainda podemos imaginar
o fim do mundo
contra os horrores do futuro.

POLÍCIA

A policia não impede o crime.
Muitas vezes participa dele
agindo a margem da lei.
Ela não salva a ordem
de si mesma.
Mata crianças e negros 
executando uma política de morte
em nome do Estado.
A policia não promove a justiça.
apenas defende o poder.
A.C.A.B.



segunda-feira, 8 de novembro de 2021

O PARLAMENTO COMO NEGÓCIO

O congresso nacional é o coração volúvel da velha república oligarquica.  Ele não passa, nas duas casas, de uma praça de mercado onde tudo se negocia. Lá reina o apetite dos mercadores da coisa pública.
Senadores e deputados buscam o benefício privado e estratégico dos grandes negócios dos orçamentos e verbas, bem como transformam seus votos em moeda no promíscuo e fisiológico jogo da governabilidade. 
No congresso nacional tudo está a venda de forma lícita e ilícita. Não faz diferença. O que menos importa são as necessidades do povo, frente ao jogo do Estado.
A corrupção é tão natural que os partidos se comportam abertamente como facções criminosas tranvestidas em bancadas de interesses corporativos.

CONFISSÃO LIBERTÁRIA

O anarquismo é meu canto,
meu encontro com a vida,
meu escândalo.

É devir,
o intempestivo contra a história,
na criação de um corpo vasto & intenso, 
na heterotopia da liberdade
de todos os espaços abertos
contra os limites do tempo.

A anarquia é vontade de potência, 
forças intensas 
que me atravessam
em tempestades
na festa da natureza.

O anarquismo é uma dança,
teleologia de assombros
que me arrebatam e transformam
na arte viva da coexistência.

O anarquismo é uma infância
que me liberta.

Sem dogmas, deuses
ou tiranos,
invento um novo modo de existência
contra todas as formas de poder. 








quarta-feira, 3 de novembro de 2021

CETICISMO POLÍTICO

CETICISMO POLÍTICO

Não acredito em gnomos,
políticos, pastores,
policiais, 
e empresários honestos.

Também não acredito
em gente que não se revolta
contra a opressão das elites
e não se reinventa no canto de um  povo
onde por todos os cantos 
 todos carregam silêncios.

BOLSONARO E A COP26

 

Para quem tem ainda na memória a realização da reunião de cúpula da ONU sobre Meio Ambiente, conhecida como Rio-92, a participação do Brasil na Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP26), há de ficar na lembrança como uma inacreditável tragédia. Mesmo sem a participação direta do inergumeno presidente deste país, o Brasil consolidou de vez, sob seu desgoverno, a posição de pária mundial diante da emergência climática que ameaça o futuro da própria espécie humana.

Se já não cabe esperar muito das deliberações dos políticos do primeiro mundo sobre a questão, resta a nós, desesperar de vez, com a paródia terceiro mundista de ditador de república das bananas que é Bolsonaro.

Os danos ao meio ambiente no território nacional e, especialmente na Amazônia, entre queimadas , garimpos e venda de madeira ilegal, são praticamente irreversíveis a médio prazo. Mas, mesmo se essa fosse uma projeção pessimista, tentar pensar  a situação de modo mais generoso, é questionar se, depois do atual desgoverno, ainda existirá um Brasil para cinicamente reivindicar sua parte do território da Amazônia entre as nações vizinhas, já que tanto se empenha pela sua destruição  ( e isso não começou com o desgoverno bolsonaro) .

Quanto aos acordos, até agora,  assinados pelo Brasil na COP26, sob pressão norte americana, seja o de redução de 30 %  da emissão de Metano até 2030,  ou o de zerar o desmatamento até o mesmo ano, sabemos que dificilmente tais metas serão alcançadas. Afinal, o lunático do Planalto há de manter sua insana política de destruição ambiental.


BOLSONARO NA ITÁLIA: VERGONHA NACIONAL

Em descarado ato de campanha eleitoral na Itália, com o falso pretexto participação no encontro do G20 sobre a emergência climática, e financiado pelos cofres públicos, Bolsonaro e sua trupe mais uma vez sapateiam sobre a Republica, enquanto instituição, e avacalham  nosso já duvidoso regime democrático.

Em claro diálogo com a extrema direita italiana, Bolsonaro, não teve pudor em recorrer, através de seus seguranças ,a violência para reprimir representantes da imprensa brasileira que fazia a cobertura do evento.

Pouco adianta repudiar ato tão ditadorial sem que isso acarrete a responsabilização do autor que, ninguém duvida mais, conta com a cumplicidade envergonhada das instituições democráticas em seus arroubos autoritários. 

Uma democracia que admite que alguém como Bolsonaro, que no exercício do mandato já cometeu ou acobertou tantos crimes, não é uma democracia e, muito menos, pode-se dizer que as instituições estão funcionando a contento. 


 

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

TEMPOS DE MORTE

O mundo alcançou a assombrosa cifra de cinco milhões de mortes por Covid as vésperas  do dia dos mortos.
É um marco realmente absurdo e vergonhoso, não  importam os avanços da medicina e a eficácia das vacinas hoje existentes contra o virus. Sobrevivemos em um mundo morto, cada vez mais tóxico, e de futuro duvidoso.
Em outras palavras, temos motivos, mais do que suficientes, para questionar o tipo de realidade em que precariamente existimos e onde tamanha tragédia se tornou possível.
Em tempos de emergência climática,  uma pandemia é expressão da falência de certo padrão  civilizatório baseado em uma racionalidade técnico científica e instrumental. Se nada mudar, outras tragédias virão e a pandemia da Covid será lembrada como o início do período  do grande ocaso da nossa tão inumana espécie humana e dos seus artifícios tecnobiológicos de civilização. 
 Divorciados da natureza, podemos nos tornar sua maior vítima. Mas, neste processo, somos, irônicamente,  nossos próprios carrascos.
As sociedades humanas e suas metrópoles nunca produziram tanto lixo, morte, incerteza e delírio. Envenenamos o mundo em uma espécie de involuntário suicidio coletivo.
Talvez, o mundo já não exista mais para nós nos cemitérios de nossa cultura global de circulação de mercadorias, precariamente sustentada sobre as ruinas do moderno e ofuscada pelas Luzes da Razão. 
De tanto transfomar a natureza, agora somos transformados por ela as vésperas de um inesperado colápso pós industrial .