segunda-feira, 1 de novembro de 2021

TEMPOS DE MORTE

O mundo alcançou a assombrosa cifra de cinco milhões de mortes por Covid as vésperas  do dia dos mortos.
É um marco realmente absurdo e vergonhoso, não  importam os avanços da medicina e a eficácia das vacinas hoje existentes contra o virus. Sobrevivemos em um mundo morto, cada vez mais tóxico, e de futuro duvidoso.
Em outras palavras, temos motivos, mais do que suficientes, para questionar o tipo de realidade em que precariamente existimos e onde tamanha tragédia se tornou possível.
Em tempos de emergência climática,  uma pandemia é expressão da falência de certo padrão  civilizatório baseado em uma racionalidade técnico científica e instrumental. Se nada mudar, outras tragédias virão e a pandemia da Covid será lembrada como o início do período  do grande ocaso da nossa tão inumana espécie humana e dos seus artifícios tecnobiológicos de civilização. 
 Divorciados da natureza, podemos nos tornar sua maior vítima. Mas, neste processo, somos, irônicamente,  nossos próprios carrascos.
As sociedades humanas e suas metrópoles nunca produziram tanto lixo, morte, incerteza e delírio. Envenenamos o mundo em uma espécie de involuntário suicidio coletivo.
Talvez, o mundo já não exista mais para nós nos cemitérios de nossa cultura global de circulação de mercadorias, precariamente sustentada sobre as ruinas do moderno e ofuscada pelas Luzes da Razão. 
De tanto transfomar a natureza, agora somos transformados por ela as vésperas de um inesperado colápso pós industrial .

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