terça-feira, 21 de junho de 2022

REVOLTA E INTIMISMO

Ser revoltado  é insistir 
contra a ordem,  hábitos, e melancolias, 
saber o indecente vigor de morte
nos subterrânios de nossas rotinas.

É produzir perigos,
assumir riscos,
na embriaguez da insurgência
contra a autoridade de todos os ídolos.

É afirmar o ilegível,
a potência do incompreensível,
fazer do não um rugido. 

É explodir o tempo em mil urgências e des-sentidos,
aprender o fogo e o frio,
até provar o efêmero do eterno.

É estar onde o futuro envelhece
e tudo desaparece
no eterno retorno de falsos princípios e hipocrisias.

Ser revoltado é ser insubmisso a rotina,
fazer ploriferar desordens,
deboches, risos e gritos,
a beira de abismos.

É afirmar-se  intempestivo,
selvagem, precário, 
em um corpo em desastre
dançando no escuro.

Ser indiferente a sorte e ao destino,
desfazer a si mesmo,
saber-se um outro,
 a margem do instante,
da verdade e de seus rebanhos.

É tornar-se trágico
onde te imaginam livre.

É superar a si mesmo,
sucumbir a potência do impossível,
criar como quem se entrega
a correnteza de um rio invisível. 


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