sexta-feira, 2 de junho de 2023

O TERCEIRO GOVERNO MOLUSCO E A CRISE DA NOVA REPÚBLICA VELHA

Desmoralizada durante os anos de desgoverno Bozo, a instituição “Presidência da República”, sob o terceiro governo Molusco, retornou a mediocridade que lhe é própria na vida republicana nacional. Afinal, a chamada Nova República [Velha], através de presidentes fracos e exóticos, como Collor, Itamar, Dilma e Temer, que em suas personas mais pareciam tristes caricaturas de si mesmos (no fundo Bolsonaro só levou esta tendência as últimas consequências) garantiram a mediocridade como um quase pré requisito para ocupante do troninho presidencial. 

 Enquanto isso, as quadrilhas partidárias se organizavam e aperfeiçoavam seus esquemas obscuros de negociatas e corrupções no Parlamento Nacional. Parlamento que graças aos dispositivos pró parlamentarismo da Carta Constitucional de 88, consagraram, desde  Sarney, o toma lá da cá como fundamento do desiquilíbrio entre os poderes. Apesar do sempre possível abuso das medidas provisórias, o poder executivo curvou-se no período pós Collor ao jogo de um legislativo cada vez fisiológico e conservador. De lá pra cá, tudo só piorou.

A falência do Presidencialismo de coalizão, decretado oficialmente com o colapso do segundo governo Dilma de Aguentar, abriu um período de incertezas que ainda não terminou. O enorme poder do parlamento e das facções oligárquicas que dominam a politica institucional, alimentado por Temer, aprofundou a crise de representação que define o atual regime político. Cada vez mais gulosos de recursos públicos e privilégios, os políticos e seus partidos reduzem a vida pública a relações mercantis, a um grande negócio nacional, as custas da exploração do povo.

 O atual terceiro governo mula, coroa esse processo de empoderamento do parlamento ao constituir-se desde o inicio como o mais fraco de todos os governos fracos da nova república velha. Acuado pela polarização ideológica e sensível ao jogo podre do poder ele segue totalmente indiferente a princípios. Neste ponto, não é muito diferente do desgoverno que lhe antecedeu. Em ambos prevalece a crença de uma autonomia ilimitada da política frente as demais esferas da vida comum, uma dogmática certeza de que todos os conflitos se resolvem pela política . Estando ela, na prática, acima do bem e do mal.

 Vivemos, definitivamente, tempos difíceis neste país e as coisas não param de piorar.

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