Segundo Benedict Anderson em seu clássico estudo “Nação e Consciência Nacional, um estado nação é uma comunidade política imaginária, uma dessas estranhas construções culturais da modernidade. Particularmente, diria ainda que algumas imaginações nacionais mostram-se mais funcionais enquanto outras, por uma serie de variáveis, são tragicamente desfuncionais e carnavalescas versões de qualquer fantasia nacionalista ideal. O exemplo brasileiro enquadra-se, naturalmente, neste ultimo caso...
quarta-feira, 6 de setembro de 2023
SOBRE O CONSERVADORISMO ESTRUTURAL DO STF
Expressão máxima do poder judiciário em um estado de direito liberal, o STF é tido como o guardião da constituição e, portanto, defensor maior da ordem republicana.
Antes do julgamento do mensalão ter focado os holofotes da mídia e da opinião publica para a suprema corte e a transformado em uma instituição mais zelosa com sua auto imagem, o STF representava para o senso comum não apenas uma instância de poder, mas principalmente, mas uma instituição elitista, pedante e com a cabeça enterrada em suas pompas e privilégios.
Mas como esperar algo diferente da cúpula do poder judiciário? Bem sabemos que seu compromisso não é com qualquer ideal de justiça, mas com a manutenção da ordem vigente e, consequentemente, de seus próprios privilégios.
A intimidade com jogo podre do poder de Estado, em relação ao qual, em tese, deveria cultivar certa isenção ou independência, é evidente pelo fato absurdo de que a eleição dos ministros do Supremo ser uma prerrogativa da presidência da república e não de um fórum independente dos próprios juristas.
As criticas do ultra conservadorismo de inspiração fascista ao Supremo alimentam o mais sombrio autoritarismo, mas colocam uma questão a ser enfrentada com certa ousadia. Em tempos conservadores é bastante razoável esperar que o STF ganhe cada vez mais a cara de tal conservadorismo.
Há uma grande chance de que os ministros do Supremo que venham a tomar posse nos próximos anos tenham um perfil mais conservador do que o de seus antecessores, refletindo uma tendência atualmente dominante na sociedade em tempos de brutal consenso neoliberal.
Mas não somos defensores do famigerado estado de direito liberal e de sua duvidosa democracia e não pretendemos judicializar nossas lutas ou subestimar a cultura conservadora que sustenta a tradição do STF entre nós.
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