O TEATRO ELEITORAL

O poder é sombrio,

Falso e perverso.

Todo politico vive do exercício cínico

De fazer dos seus privilégios

Uma necessidade de todos.

Toda eleição é uma mentira

Fantasiada de princípios e ideologias.

No teatro politico, todos são personas

Tentando inventar consensos

Em torno de mentiras.

DEFININDO ANARQUISMO

Eleição é igual a futebol. Não importa se seu time ganha. O jogo é sempre o mesmo e suas reclamações também. Não vote. Seja um cidadão ativo. Ação direta é viver, pensar, tomar decisões e agir entre os outros. Seja ingovernável e invente cotidianamente a liberdade.

A anarquia é apenas isso: a arte de bem conviver livre entre livres construindo seu próprio destino.

O BLA BLA BLA DA POLITICA PROFISSIONAL

A politica moderna é amoral e obedece aos ditames da racionalidade instrumental na busca do consenso entre os diversos agrupamentos sociais. Assim, ela é a arte de costurar interesses e opiniões. No Brasil, ao contrário, testemunhamos uma proliferação de narrativas politicas fundamentalistas. Seja no sentido do messianismo esquerdista, do fundamentalismo religioso de direita ou ainda pelo cinismo pragmático dos corruptos que, bom esclarecer, esta presente também nas entrelinhas das duas primeiras.

AS MAZELAS DA POLÍTICA BRASILEIRA

Em qualquer parte do mundo é normal que a sociedade civil tenha do que reclamar sobre a sociedade política. Mesmo em países com solida tradição democrática, como nos Estados Unidos, onde observamos uma cultura comunitária bastante desenvolvida, tal animosidade se faz presente.

No caso especifico da sociedade brasileira, entretanto, tal antagonismo se tornou dramático após sucessivos escândalos de corrupção envolvendo nomes expressivos na constelação politica nacional. Pode-se dizer que os vícios no exercício do poder e a mercantilização da atividade parlamentar se tornaram tão evidentes que fez crescer em demasia a desconfiança do cidadão comum com relação á classe politica.  

Este desinteresse ou ceticismo cada vez maior com a politica constitui um dos traços mais complexos da democracia contemporânea nos trópicos. Ultrapassa qualquer posicionamento ideológico ou partidário convertendo-se em um impasse que desafia o próprio modelo politico.

Definitivamente, impera por aqui um jeito falido de fazer politica e estabelecer poder. Mas as atuais oligarquias de poder são demasiadamente conservadoras para vislumbrar qualquer mudança. Pelo contrário, tendem a tentar impor seus interesses coorporativos, a revelia do que possa ser mais conveniente a sociedade como um todo.

PASSIONALIDADE TROPICAL

A vida emocional no Brasil é marcada pelo desiquilíbrio, por uma passionalidade que desafia qualquer possibilidade de civilidade e sociabilidade estabelecida a partir da alteridade. Crimes que tem por arena o existir privado e impasses afetivos  são  tão recorrente que nos faz pensar a insanidade cotidiana como um traço alarmante do acontecer social.

Sim, vivemos em uma sociedade doente. Não é só a questão da violência urbana e de criminalidade. Existe algo mais sombrio...

DE PAI PARA FILHO: A POLITICA PATRIMONIALISTA

Uma das mais insinuantes características da elite politica tupiniquim, que polui  a arena pública, é o corporativismo mais indecente de sua auto reprodução. A classe politica não tem vergonha de expor seus interesses, não importa o quão espúrio possam ser. Seja na permanência de seus privilégios institucionais ( que não são poucas) seja na resistência em caçar o mandato ou punir seus pares eventualmente envolvidos em corrupção, como temos visto nos últimos anos.

Os políticos não se comportam como representantes do povo, mas como uma casta privilegiada que, pasmem vocês, vem transferindo hereditariamente, em muitos casos , seu patrimônio politico aos rebentos fazendo da representação uma espécie de predestinação ou herança.

Quando politica se torna negócio de família, é uma prova que já não é mais o interesse e aspirações do cidadão comum que interessa aos homens do parlamento e da cadeira do executivo, mas apenas o pleno exercício do poder pelo poder.

Tal como na republica velha somos dominados por oligarquias ... 

A MISÉRIA DO TRABALHO

O trabalho não traz felicidade

Aos que nasceram sob o império da necessidade.

Estes estão condenados a constante dificuldade.

Não importa se um ou outro,

Com muito esforço,

Consiga fugir a regra.

Serão poucos.

A maioria sofrerá o suor  no seu rosto.

Ganharão pouco,

Não terão regalias.

Terão o mesmo divertimento

Que um animal qualquer.

Terão a vida que for possível.

Quem realmente se importa

Com a maioria da população?

SOBRE A MISÉRIA ELEITORAL

Todos sabemos que não é exatamente o voto do dito cidadão que define uma eleição, mas a  absurda quantidade de dinheiro sujo envolvida nas campanhas eleitorais envolvendo, não raramente, o uso abusivo da maquina pública.

Temos um dos piores sistemas políticos do mundo e , por consequência, também os piores políticos.

Votar nulo é um reconhecimento do quanto votar neste ou naquele candidato não passa de um referendo  das cartas marcadas definidas pelo perverso jogo do poder.

A politica não é feita de ideologia ou opiniões. Mas de negociatas e lucros. 

LULA E OS CONCURSADOS

E assim falou o ex presidente Luis Hilário Mula da Silva,

“Eu de vez em quando falo que as pessoas achincalham muito a política, mas a posição mais honesta é a do político, sabe por quê? Por que todo ano, por mais ladrão que ele seja, ele tem que ir pra rua encarar o povo e pedir voto. O concursado não. Se forma na universidade, faz um concurso e tá com um emprego garantido para o resto da vida"

É pouco comentar o absurdo de tal declaração  feita por um politico profissional investigado por corrupção. Apenas constatamos através deste exemplo a miséria de nossa classe politica e as bizarras leis que regem seu universo paralelo. Chega a ser cinico o distorcido sentido do interesse público que define um político de profissão. Para ele o vício é sempre virtude quando atende aos seus interesses.

À TODOS AQUELES QUE ODEIAM O BRASIL

S

Sejamos francos: O Brasil é um país politicamente falido, moralmente duvidoso, culturalmente  tacanho, economicamente incerto e industrialmente medíocre.  Sei que ainda existem por ai pessoas obtusas e ufanistas que lhe cantam em verso e prosa, que vestem verde brega amarelo e portam a bandeira do orgulho nacional. Não são poucos, inclusive, que chegam a afirmar o arcaísmo como virtude e acreditam no melhor dos futuros. Eu estou entre aqueles poucos filhos do bom senso que aprenderam a odiar este canto ermo perdido nos trópicos. Todos os dias leio os jornais e me deparo com o absurdo como pão cotidiano e lamento a data do meu nascimento. Afinal, como é possível tão insano pais e tão absurda sociedade?

Dou aqui meu testemunho de indignação e revolta para que, aqueles que como eu vivem revoltados com o rumo das coisas e estupefatos diante da realidade tupiniquim, saibam que não estão sozinhos. Apenas desamparados ante os fatos e  o cotidiano nacional. 

QUANDO A RELIGIÃO VIRA UM BOM NEGÓCIO

Em um país onde muito se fala em deus, na moral e nos bons costumes, geralmente reina a hipocrisia. Afinal, é preciso muita fé para não duvidar da realidade. Isso explica a religiosidade tão difundida entre os tupiniquins. O resto é deficiência de uma boa educação. Mas, nos últimos tempos, como nunca antes pareceu possível, a religião se tornou um negocio lucrativo e se converteu até mesmo em poder politico. Sinais dos tempos, deveria dizer os crédulos.

DIA DA INDEPENDÊNCIA

Celebrem a nação estupida,

Esta abstração de poder e  bandeira

Que pesa sobre nossas cabeças

E sustenta políticos e burocratas.

Cantem aos quatro ventos

A independência nacional,

Brinquem o carnaval,

Vomitem ideologias

E  chorem durante a partida de futebol.

Seja um bom cidadão.

O DESAFIO DA ESQUERDA DEPOIS DO PT

Depois de passar anos na oposição pedindo o impeachment de todos os governos, o  PT termina levando um pé na bunda da presidência da republica dado por seus próprios aliados. Em hilária ironia, o partido inventor da formula do FORA, inventa agora a narrativa do golpe para lamber as feridas e jurar vingança contra os seus algozes no mais deprimente exercício de vitimismo politico.

É mais do que sabido que o PT nunca ostentou uma grande habilidade para entender e fazer politica. Sempre foi uma agremiação voltada para os seus próprios interesses e apetites na arena pública. Seja em seu período oposicionista esquerdista ou no seu recém terminado período governista populista.

O aparelhismo da maquina publica  e o discurso fácil das ideologias perdidas sempre foi sua marca registrada contra qualquer possibilidade de uma nova esquerda voltada para a contemporaneidade e a transformação efetiva da sociedade.

O fato é que o PT foi antes de tudo vitima de si mesmo, de seu pragmatismo mal feito e seu demasiado excesso de auto confiança em sua suposta missão de partido salvador dos pobres e oprimidos da nação enferma quando na verdade apenas trabalhava em seu projeto de manutenção de longo prazo no poder.

Nesta conjuntura pós impeachment, onde o discurso das radicalizações ideológicas de esquerda e direita alcançam seu momento mais crucial e, espero eu, derradeiro, o antigo partido do corporativismo sindical ameaça voltar as origens com um discurso revanchista e esquerdoide.

Espera-se que a esquerda, em rumo oposto, seja capaz de superar a miopia petista e se reinventar na atual conjuntura nacional como protagonista da vida politica e social apontando, acima de tudo,  para a radicalização da democracia.

BRASIL: PAÍS DE MERDA

O que me  deprime na atual conjuntura politica deste país de merda chamado Brasil, não é só sua precariedade  econômica, desigualdades sociais,   falência politica, moral e cultural ( para colorir de subjetivismo extremo o discurso!), mas, principalmente e acima de tudo, a tacanha capacidade de pensar do brasileiro típico e sua incapacidade de se  indignar com os absurdos da vida publica nacional. E quando falo  em indignação, não me refiro a adesão a alguma bandeira ou ideologia politica. Falo da sociedade nas ruas contra o Estado exigindo o reconhecimento da soberania popular e resguardando os interesses  do bem comum. Isso é  coisa inimaginável por aqui. Pois carecemos de uma sociedade que  se comporta como horda ou como uma colônia de parasitas.

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O IMPEACHMENT DA DONA DILMA

A consumação do impeachment  da Dona Dilma de Aguentar no  senado  revelou de forma muito clara a baixeza e cinismo da classe politica brasileira. O acordão  de bastidores entre PMDB e PT para, de modo aparentemente  incoerente, desvincular  a cassação dos direitos políticos da presidente afastada do impeachment, através de um golpe de regimento interno, revela o quanto a politica tupiniquim é uma piada de muito mal gosto. Tal acordo, cujo desdobramentos apontam para uma acomodação da crise politica pelas elites de poder, ( leia-se fim  da apuração dos escândalos de corrupção apontados pelas investigações da operação Lava Jato) é realmente asqueroso e revela o vazio dos discursos ideológicos. Seja dos partidários do PT ( e o mimimi de um suposto golpismo) ou do PMDB e seus aliados ( saída da crise e retomada do crescimento). Na politica brasileira é definitivamente difícil dizer quem é mais filho da puta. 

UM ABSURDO CHAMADO BRASIL

No Brasil a verdade e a mentira nunca se entendem. Seja na  esfera pública ou privada, o certo e o errado, o verdadeiro e o falso, sempre apresentam contradições e equívocos. A razão tende a estar contra todos, faz o papel de uma prostituta que fica com todo mundo mas não pertence a ninguém. Quem reina mesmo nestas estranhas terras de forma absoluta é a senhora esquizofrenia nesta absoluta orgia da incoerência nacional e dos acordos espúrios para a acomodação geral de todas as insanidades estabelecidas.