Segue um interessante texto sobre uma questão colocada na pauta das discussões globais faz alguns anos. Entretanto, ela escapa ao provincianismo do imaginário tupiniquim. Mesmo quando o resultado das últimas eleições nacionais foram definidos, em grande parte, pelo uso indiscriminado e até mesmo abusivo, de
dispositivos e estratégias de cibepolitica. Ironicamente, no Brasil, a direita tem sido mais contemporânea do que o dito camnpo progressista....
“ Tratamos, aqui, de um pensamento que invoca um vitalismo. Pensamento que recobre a fala do professor Alliez e que pode ser definido pela atribuição de um estatuto ontológico à crença e ao desejo, potências que seriam imanentes à Vida, o que nos permitiria situar nossa consideração para além dos estados mentais e afetivos dos sujeitos. Precisamos ultrapassar o Eu. Ultrapassar-nos em direção a um plano povoado de singularidades nômades, de vitalidade impessoal para fazer acontecer o impensável de nós. Ativar a potência de vida que nos habita, ativar o coletivo de nossas redes e associações, revelando uma base ontológica que reside nas práticas criativas da multidão. Constituir o que Toni Negri chama de poder constituinte12. O espaço biopolítico se torna, neste contexto, mais interessante do que o político, na medida em que ele é o caldo em que se misturam o político, o social, o econômico, o afetivo: é ele que reúne o ponto de vista do desejo, da produção concreta, da coletividade humana em ação. É neste ponto, prezado professor Alliez e relembrando o papel crucial que as tecnologias desempenham no lançamento das base da governabilidade embora seus resultados não possam ser considerados como a priori , que lhe devolvo a palavra, colocando-lhe duas questões: Uma, alinhada ao fluxo da presente Conferência: como a produção de cérebros e de corpos de muitos pode construir um sentido e uma direção comuns, num momento em que as forças do liberalismo e a onda de individualismo impregnam os modos de ser e estar em sociedade? Outra, a título de virmos a conhecer suas mais recentes produções no campo da filosofia e da arte, como nos mostra seu curriculum e últimas publicações. Também acreditamos que na obra de arte há uma crença que assegura o laço do homem com o mundo. É Deleuze que nos lembra que só a crença no mundo pode unir o homem ao que vê e escuta e que na obra de arte há uma fé que devolve o mundo. A arte operaria como uma perfuradora do real que nos possibilitaria crer novamente no mundo. Como poderíamos problematizar as relações Filosofia, Ciência e Arte no contexto da produção do poder constituinte da multidão?”
FONSECA, Tania Mara Galli . Conversando com Éric Alliez sobre Ciberpolítica – da Incorporalidade à Biopolítica. Informática na Educação: teoria & prática, Porto Alegre, v.9, n.2, p.74-86, jul./dez. 2006.
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