O impeachment é, definitivamente, um instrumento elitista de destituição que depende do jogo legislativo. Indiferente a voz das ruas, os políticos profissionais decidem, ao sabor dos seus próprios interesses, a manutenção ou queda de um governo, independente de todas as suas inequívocas transgressões das ditas " regras do jogo". Raramente as facções oligárquicas aceitam sem temor que o chefe do executivo seja destituído, pois isso traz fragilidade e instabilidade ao próprio jogo de poder oligárquico e seus diversos arranjos de manutenção da ordem. Mesmo no caso do Bolsonaro, que, paradoxalmente, é o principal adversário do seu próprio governo, por sua clara vocação autoritária. De um modo ou de outro, a desfuncionalidade do atual sistema político sempre lhe garante sobrevida.
Para mudar tudo isso é imperativo, antes de tudo, um movimento contundente e radical da sociedade civil, que supere os agenciamentos eleitorais e demagógicos, colocando na ordem do dia a sempre adiada questão da falência da república. O cúmulo da falácia liberal é o argumento de que os três poderes estão funcionando dentro da normalidade institucional sem o sequestro de diversos micro poderes que sustentam o conservadorismo da " velha " e da " nova política", a esquerda e a direita, diante de um "povo bestializado", indiferente ao bem comum.
Ou a sociedade muda a correlação de forças afirmando a autonomia e o poder constituinte da multidão, contra os profissionais da política, ou permaneceremos como eternos reféns da crise de representação e falência de governança de sucessivos governos.
mas, sobre o risco de impeachment hj, prevalece o elitismo oligárquico do veredito:
"O que acontece se o presidente da Câmara não arquiva nem aceita a denúncia? Há prazo para análise?
É nesta espécie de limbo que os pedidos de impeachment de Bolsonaro se encontram. Ao criar essa etapa de verificação pelo presidente da Câmara, o regimento não estabeleceu um prazo para que ela ocorresse."
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