sexta-feira, 31 de maio de 2024

ALÉM DA REVOLUÇÃO POLÍTICA E CONTRA TODA MODERNIDADE

Os que querem um outro tipo de sociedade
não se entorpecem com a erudição inútil dos acadêmicos,
não se embriagam com vagos tratados 
destinados a iniciados,
não buscam a arrogância dos iluminados,
nem o discurso fácil e populista dos políticos e seus partidos
que, acima de tudo,  amam o poder e o Estado.

Os que querem um outro tipo de sociedade
não esperam aplausos,
nem impõe caminhos e soluções milagrosas.
Não vendem como futuro nenhuma moral ou  ideal sagrado.
Apostam, ao contrário,
no anonimato de uma multidão furiosa que inventa a si mesmo  em sua própria ação formando o coro dos marginalizados.


Os que querem um outro tipo de sociedade
esperam  superar o dia de hoje e sempre,
destruir velhos modos de existência,
eliminando a opressão dos poderes, hierarquias e disciplinas que cotidianamente 
adoecem a vida.

Os que querem, com toda sinceridade, um outro tipo de sociedade
sabem o cruel limite de toda mudança,
a restauração que subverte a revolução e despaz a esperança.

Não haverá, afinal,
um outro tipo de sociedade,
sem a ousadia da travessia,
o desafio da longa agonia 
do parto de  uma outra forma de vida.

 O inédito acontecimento 
de um dia inteiramente outro,
profundamente novo,
além do humano, do tempo e do mundo,
é um evento que terá lugar no fundo de nós e através das próximas gerações.

Um outro tipo de sociedade
nascerá, afinal, da recusa do progresso 
e  sobre as ruínas da modernidade
como um grito de reconquistada natureza e de liberdade
além do bem e do mal.




quinta-feira, 30 de maio de 2024

REBELIÃO E REVOLUÇÃO

Estamos fartos de todos os governos,
reformas, PIBs e IDHs.
Já não suportamos  tanta desigualdade,
 a brutalidade de tamanha exploração.

Não teremos mais limites.
Pois nada temos a perder
além das correntes
que nos prendem
a grande prisão a céu aberto
do seu maldito mundo de lucro,
 poder e absurdo.

Em defesa da vida,
 contra o Capital e o Estado,
 somos um único corpo,
um só grito e  insurreição.
Nos tornamos, através do múltiplo e performático espetáculo 
de grandes e amplas manifestações,
a urgência das ruas e o terror dos palácios
reinventando o espectro das grandes revoluções.





quarta-feira, 29 de maio de 2024

ESTADO

O Estado vigia,
 controla, censura,
julga, castra, humilha, 
prende e  mata.

O Estado é o avesso da vida,
é expressão de dominação,
 barbárie,
desigualdade e injustiça.

É inimigo do povo,
da  beleza,
da sorte e da poesia.

O Estado é a mais perversa expressão do sagrado, 
da Lei, do Rei,
e de tudo que em nós 
foi destruído, dilacerado.
O Estado é uma grande ferida coletiva.




segunda-feira, 27 de maio de 2024

ENTRE IMPOTÊNCIAS E RESISTÊNCIAS

Não posso, sozinho,
 mudar meu dia, minha rotina,
 ou fazer frente a toda injustiça
 que sustenta as autoridades e macro poderes 
que nos impõem um mundo doente.

 Confesso aqui sem pudor 
minha elementar impotência, 
sem, entretanto, renunciar 
ao inconformismo da minha existência.

 Carrego na imaginação um mundo novo 
que não se rende ao tempo presente,
 que desafia nossa realidade indecente 
como vontade insurgente que cresce
 compartilhada entre todos os que,
 de alguma forma,  negam 
e resistem a ordem vigente.

A transformação da existência,
transcende teorias e discursos, 
resulta de um modo de acontecer
entre os outros,
explorando e compartilhando os maravilhosos abismos
das pequenas coisas.

sábado, 25 de maio de 2024

DINHEIRO

Todos precisam de dinheiro.
Mas alguns desejam dinheiro,
amam o dinheiro,
como um fim em si mesmo,
como algo acima da necessidade, 
 do consumo e da própria vida.

Mentem, matam e roubam em nome do dinheiro.
Sejam empresários, pastores, policiais, magistrados ou deputados.
Dinheiro para eles, é religião e poder.

Tudo o que lhes importa
 é ter cada vez mais dinheiro.
Pois  nada existe além do dinheiro.

Dinheiro que chama dinheiro
onde só o dinheiro tem alma
na equivalência de todas as coisas.
Dinheiro nunca tem preço.
Dinheiro que é sempre dinheiro.


 
 

segunda-feira, 20 de maio de 2024

A MISÉRIA DO CONFORMISMO

Dignidade é coisa
que facilmente se perde 
quando a servidão 
se torna rotina
e a vida se reduz a sobrevivência.
.

sábado, 18 de maio de 2024

GOVERNOS

Todo governo tem seus defensores,
bajuladores e seguidores.

Não importa todas as cagadas,
negociatas, verbas desviadas,
nepotismo, fisiologismo
e interesses escusos,
todo governo tem seus entusiastas.

Todo governo é elitista,
conservador,
e meio fascista.
Mesmo que faça discurso de progressista.

Todo governo é um arranjo de vigaristas.
Nenhum governo há de ser melhor que o outro
mudará para melhor nossas vidas.
Pois todo governo, acima de tudo,
é porta-voz da ordem capitalista.




sexta-feira, 17 de maio de 2024

POLÍTICOS

Todos os políticos mentem.
Pois é mentindo que se chega ao poder,
que se fala em nome do Estado,
da república e do povo.

Todo político é um demagogo
preso a obscuros acordos.
Um rico a serviço dos ricos,
dos privilegiados e bem nascidos.

Todo político é meio canalha,
meio empresário, meio bandido.
Nunca confie em nenhum político,
repudiar todos os partidos,
não acredite na República.


 






quinta-feira, 16 de maio de 2024

A VIRTUDE DE DESOBEDECER

Nada muda no mundo
através do jogo tosco
de mandar, obedecer e morrer.

A vida se cria com rebeldia,
fora da prisão da educação 
que nunca nos ensina
como dizer não.

É preciso gritar,
espernear e sonhar
para com um novo mundo
algum dia renascer
contra todas as formas de prisão e exploração.


domingo, 12 de maio de 2024

MALDITO SEJA O MUNDO!

O mundo não é o mesmo
para todos 

Alguns são bem nascidos
e muitos apenas paridos.

Alguns crescem no ouro
e outros sobrevivem do lixo.

O mundo é para ricos,
 e a vida é para  poucos.

Destruam de vez este mundo maldito.
A vida não é o que nos ensinam na escola.


O PLANETA CONTRA O CAPITAL

Hoje sabemos que existe um limite
para ambição, 
para o crescimento econômico,
para massificação,
e para a acumulação.
Este limite é o planeta,
a vida e a natureza.
Talvez, este limite seja o marco
de uma ressignificação 
do conceito de revolução.


sábado, 11 de maio de 2024

ESPECULAÇÕES SOBRE A ORIGEM DA DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS

Nunca compreendi a diferença entre castas e classes. O argumento de que uma sociedade de classes permite certa mobilidade social sempre me pareceu falacioso.
 O mesmo pode ser dito sobre a tese de que a definição de classes corresponde a um lugar na vida econômica e produtiva, enquanto as castas correspondem a uma hierarquia cultural que define o lugar e papel de cada um em uma sociedade.
Em linhas gerais, a desigualdade como premissa da vida social nunca me pareceu tão racionalmente natural como pretendem estas definições teóricas tão serenas.
Nunca vi diferença significativa entre castas e classes. Ambas as categorias são expressão de relações assimétricas de poder que permeiam a associação entre os homens em termos de domínio e coerção.
Creio que tal desigualdade  deve ter se originado, em tempos muito remotos, de primitivas fantasias divinas sobre a ordem natural do mundo e sobre a possibilidade de termos algum controle sobre nosso destino coletivo através de alguns privilegiados indivíduos.
Tais especulações me levam aqui a insinuar que a ideia de que existem deuses acima de nós sustentou ou legítimou , desde muito cedo, a formação de elites, a consagração de  representantes destes mesmos deuses como líderes dentro de um determinado coletivo.
A desigualdade nasce do poder e o poder surge da religião.Esta é minha modesta tese sobre a legitimação da desigualdade. Não importa se em uma sociedade de castas ou de classes.
Fato curioso é que, até o industrialismo europeu, a desigualdade parece ter sido vista com naturalidade e aceita sem questionamento por todas as sociedades.


quinta-feira, 9 de maio de 2024

ENTRE A TRANSFORMAÇÃO E A MUDANÇA

O mundo muda o tempo todo.
Mas não se transforma.
Mudar só contenta a quem obedece
e se conforma.

É preciso destruir
para transformar,
criar e transgredir.

É preciso acordar o caos
dentro de si
para transformar o mundo
na contramão das mudanças 
do sempre igual.

É urgente recusar toda esperança,
hierarquias e lideranças.

É necessário indignar-se,
revoltar-se,
antes  que seja tarde
e a ordem nos devore
para que o mundo
siga em frente.

CONTRA GOVERNOS E ESTADOS

Governos mentem,
roubam e enganam o povo.

São feitos do jeito
que esperam os ricos,
sempre contra as necessidades 
dos excluídos.

O Estado, afinal,
existe para poucos.
É para os bem nascidos
 e contra todos os despossuidos.

Governar é administrar e produzir
a ordem vigente.
É manter hierarquias,
 desigualdades e privilégios.

É crer em deus e no progresso 
em nome do capitalismo,
coletivismos e autoritarismos.
É destruir, consumir,
acumular e explorar a vida 
até o infinito da morte.

Governos e Estados,
devem ser destruídos,
superados pelo apoio mútuo,
por um mundo 
que seja por todos,
para todos.

Construído pela vontade de muitos,
pela a liberdade e para bem comum,
na reinvenção de todas as infâncias,
sonhos e imaginações.






quarta-feira, 8 de maio de 2024

DISTOPIA CAPITALISTA

No Brasil, como em toda America do Sul,  vivemos a ditadura da normalidade neoliberal.  Ela é definida por uma política de alteridade, precarização  e uberizacão do trabalho, associada a um conservadorismo dos costumes que fomenta a servidão  voluntária entre os excluídos e cada vez mais sem futuro. 
Estas três tendências confluem para uma experiência de mercantilização radical da vida onde tudo é consumo.
Assim, se articulam a destruição industrial do ambiente através do agro negócio e outras atividades econômicas predatórias que revelam que, além do consumo, o que importa é a acumulação infinita e doentia de capitais. Todo nosso sistema de sociedade é um mecanismo de produção e destruição da existência.

sábado, 4 de maio de 2024

UM PRIMEIRO DE MAIO BANAL

E o Primeiro de Maio no Brasil da polarização, da "frente única" e da reconstrução nacional foi, como esperado um fiasco. Não foi festa, não foi protesto. Foi apenas  indiferença, silêncio, enquanto tudo segue de mal a pior entre neo liberarismo, extrema direita e franca precarização do trabalho e da vida.
As velhas centrais sindicais, pelegas e eleitoreiras, se curvam as politicagens do governo eleito e não se importam com os trabalhadores que sabem mais do que nunca que elas não lhe representam.
É preciso reinventar a luta contra o absurdo do trabalho.