Mas tal anarquismo, que se insere em uma velha tradição ou cultura de esquerda, inspirada por um militarismo ou engajamento devoto e religioso, conduz inevitavelmente a um certo vanguardismo e elitismo que, na prática, não nos mobiliza criativamente como demiurgos de nós mesmos, mas nos reduz a uma bolha ou a igrejinha onde se reproduz a carcomida e desgastada fórmula de "poder popular" que ainda alimenta as ilusões de uma classe média urbana decadente.
No final das contas, frente a atual ofensiva conservadora, diante da disputa por hegemonia entre uma extrema direita fascista e uma direita moderada e liberal, no contexto de uma crise e reestruturação do capitalismo frente a hemergência climática e a falência do modelo pós industrialista.
Tudo que temos , em meio a esta disputa entre as facções oligárquicas dominantes, no fundo, é a desmobilização e a impotência das multidões ou sua franca e ampla captura pela pauta conservadora em tempos de novas tecnologias e sensibilidades.
Sim. Estamos perdendo. E os relativos e timidos sucessos eleitoreiros do progressismo ou da chamada esquerda institucional, não passa de expressão de uma relativa e frágil hegemonia de uma direita moderada e liberal cada vez mais ameaçada pelo avanço fascista.
Romper com o lamentável e perigoso quadro atual significa buscar novas formas de mobilização e ação, materializar outras estratégias de existir e criar novas modos de viver e conviver em nossos pequenos locais de ambiências, nos espaços e territórios de produção cotidiana da vida.
Não existem soluções ou respostas mágicas. Mas nosso modesto ponto de partida deve ser assumir nossa própria impotência, sentir os limites de nossas correntes e e criar possibilidades de fugas e resistências.
Somos parte da miséria e da decadência de um mundo moribundo, mas também somos aqueles que cultivam a sincera intuição de um outro e hoje ainda improvável futuro revolucionário que já desafia as gerações futuras.
É urgente reaprender a respirar...
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