Neste sentido, quando a luta dos negros contra o racismo se confunde com uma crítica a branquitude isso gera pânico e medo. Pois põe em xeque a confortável falácia liberal eurocêntrica dos valores universais e da "democracia racial".
Os brancos envergonhados de classe média não gostam que negros os critiquem e recusem sua "igualdade de faz de conta". Para eles, as lutas não podem ter a cor da pele, nem os saberes devem questionar os micros poderes e hierarquias que perpetuam sua supremacia racial.
Para os brancos o mundo não é tão feio assim e os negros exageram nas cores de suas críticas a hegemônica cultura branca colonialista. Alegam os brancos irritados que o real problema são os particularismos e as identidades, que precisamos todos falar a mesma língua. Mas é justamente essa mesma língua, essa "mesma luta" que deve ser questionada, assim como todos os assujeitamentos e micro poderes que a duvidosa pauta de neutralidade dos valores universais mascara.
A fala recente da psicalista Maria Rita Kehl, que reacende uma polêmica sempre atual, demonstra muito bem o quanto a psicanálise, reduzida a um dispositivo de assujeitamento, tão caro a classe média branca, ainda se presta a estratégias de silenciamento social do "negro" e manutenção da branquitude como premissa estrutural da cultura racista a qual estamos todos presos, seja como agentes ou vítimas.
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