quinta-feira, 26 de abril de 2018

PSEUDO PSICOLOGIA DO DIZER COTIDIANO


Mesmo as falas inúteis que povoam nosso cotidiano possuem a desagradável pretensão a seriedade. Nas situações mais banais, tudo que é dito e compartilhado precisa ser validado pelo seu reconhecimento como verdade. Mas a verdade aqui não tem o sentido de o oposto do falso. O discurso apenas demanda a cumplicidade do ouvinte. Eis a dinâmica de qualquer dialogo cotidiano, seja na mesa de um bar ou em uma reunião de trabalho.

Cumplicidade é o que cria o efeito de verdade, é sinônimo de respeito e identidade. Estabelece um vinculo momentâneo entre as partes de um diálogo onde a diferença, quando se manifesta, é um componente desestabilizador.

Ocorre, assim, nas situações mais corriqueiras, uma espécie de banalização dos discursos e decadência dos diálogos.
É para isso que nos serve ainda a noção de verdade: distinguir os “aliados” dos “adversários”.



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