A conservação e delimitação das terras indígenas
não diz respeito apenas a demarcação fundiária. Ela está relacionada à definição
e manutenção de territórios, ao reconhecimento de um plano de imanência onde
afloram praticas culturais, modos de vida. Também há a demanda de toda uma
estrutura material de cuidados como educação diferenciada e atendimento médico.
Trata-se de uma reparação histórica.
Os estados nações que se constituíram no
continente americano, impondo sobre as tradições originárias seus marcos matérias
e imateriais, promoveram massacres e sofrimentos cujas dimensões ainda não
foram suficientemente estudadas ou precisadas. A extinção dos povos originários
sempre foi uma tendência, uma fatalidade, até mesmo desejada por alguns que
acham que lugar de índio é no museu. Os interesses do agro negócio, hoje mais do
que nunca, alimentam este apetite predatório civilizatório com o qual os povos
originários sempre foram confrontados. Durante muito tempo foram até mesmo tratados como
incapazes e objeto de tutela estatal. Atualmente
são simplesmente negligenciados e quase ignorados, seja pelo Estado ou pela sociedade nacional.
Eis aqui mais um motivo para desprezar o
Brasil, esta ficção coletiva a qual somos oferecidos como sacrifício no altar
da soberania nacional.
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