CONTRA O CONSERVADORISMO

O conservadorismo é o escudo dos fracos,

dos frustrados, 

dos conformados,

dos sem razão. 

É a máscara dos mediocres,

dos autoritários,

dos moralistas de chiqueiro,

que sonham reduzir o mundo inteiro

a indignidade da servidão. 

Todo conservador é um canalha

que vive indignado com a vida

em sua mais radical expressão. 

Pois a vida é incerteza,

imaginação.

É busca, superação,

diversidade, novidade,

contra os dogmas

das verdades mortas

que movem os escravos

que se apavoram frente

toda forma de liberdade

e invenção. 

O conservadorismo é feito para os sem futuro

que fedem a passados obscuros

no cultivo da má consciência.

Contra ele brindemos ao edonismo, ao niilismo,

e ao divino dionísio.

SOBRE CAMPANHAS ELEITORAIS

O cinismo das campanhas eleitorais, a hipocrisia e demagogia desmedida de todos os candidatos fazem da vida pública institucionalizada uma piada nacional de produndo mal gosto.

Todos os candidatos contam diferentes versões de uma mesma mentira.

O TRISTE CENTENÁRIO DO PARTIDO DE 1922

Não existe objetividade na história, pois ela não é feita de fatos, mas de suas interpretações.

A fundação do PCB em 1922 é um bom exemplo disso. Hoje, é uma data irrelevante no ano de seu Centenário, mas seu legado pode ser reivindacado por  pelo menos três agremiações politicas. O antigo PCB, que hoje virou Cidadania e nega o passado comunista, o PCB refundado daqueles que não aceitaram a decretação do fim da agremeação no XII congresso do partido, realizado logo depois do fim da URSS, e o PC do B, que na verdade nasceu nos anos 1960 de uma dissidência dentro do velho partidão envolvendo estalinismo e luta armada. Pelo menos estas três correntes politicas podem reivindicar a inútil erança do partido de 22 que, diga-se de passagem, já era um outro de si mesmo na década de 1930, expurgados seus fundadores.

A historia do movimento comunista no Brasil é ima história  de ilusões,  derrotas e dissidências que nos ajuda a entender como a esquerda morreu no Brasil.

POR ONDE ANDA O POVO?

A vida politica moderna nunca se restringiu aos palácios, as elites, e aos governos, mas sempre fez das ruas seu principal palco e mais poderoso símbolo.  Afinal, segundo a decantada  máxima liberal e republicana, todo poder emana do povo. Mas resta acrescentar  que dele todo poder também é roubado pelo Estado e pelas elites que o controlam. 

É assustadora a quantidade de insanidades e absurdos que são cometidos em nome do povo e do bem estar nacional.

Apesar disso, a vida politica, hoje em dia, já não é mais a mesma.O  povo, esta figura mítica da república,  antigamente tão temida, nunca esteve tão ausente. Talvez tenha se convertido em espectador digital do grande espetáculo dos poderes estabelecidos ou tenha sido domesticado pelas pequenas e grandes praticas de tirania que abundam em nossas duvidosas democracias.

A POLÍTICA NO BRASIL DE HOJE

Bolsonaro representa muito bem nossa elite política: obtusa, conservadora, corrupta, demagoga, e com grandes traços de psicopatia.

Eis a norma entre os profissionais do poder que fazem do Estado um instrumento de opulência, de controle populacional, e enriquecimento pessoal.

A política  no Brasil é um grande negócio espúrio regido pelo jogo oligárquico e selvagem de dinossauros de terno e gravata.

A NOVA SERVIDÃO

O emprego escraviza,

os políticos nos roubam,

a polícia nos mata,

e a lei serve apenas

para quem tem dinheiro.

O mundo não existe para todos.

A vontade geral

é a grande piada da modernidade.

Desconfiem de todas as repúblicas.

O BOLSONARISMO NO PODER

Em tempos de hegemonia de extrema direita, o Brasil virou um pesadelo politico. Aparelhada, a maquina do Estado é movida pelo mais desastroso obscurantismo ideologico. Bastaria citar o caso do Ministerio da Saúde,  convertido em Ministerio da Morte, através da má gestão da crise pandêmica que, diga-se de passagem, está longe de terminar, apesar do negacionismo da pasta.

Mas o desastre na área do Meio ambiente, da cultura, da justiça, só para citar as situações mais graves e óbvias, definem uma crise institucional, silenciosa e mais ampla, que põe em evidência uma inoperância cada vez maior da maquina pública, provocada pelo aparelhamento ideologico e pela tendência despótica de Bolsonaro, que nunca se comportou como um presidente eleito, mas como um virus verde amarelo, a abalar a saúde de nossa já debilitada democracia. 

Novas eleições não irão mudar essa orientação neo conservadora que não apenas adoece o Estado, mas parcela da sociedade, que já não é inspirada pelo bem comum, mas pela afirmação  sectaria de um individualismo ultra liberal que beira a neurose. 

Tal conservadorismo anti sistema parace gozar de um potencial  de destruição da esfera pública ainda considerável, provando o quão desastrosa pode ser uma minoria organizada frente o silêncio  das maiorias desorganizadas.

UM DIA BANAL

Amanha é dia útil.

Um dia normal

no paraiso do capital,

para quem vive de renda

ou de lucro.

Dia infernal para quem só sobrevive,

que segue de modo quase marginal,

dependendo de salário-escravo,

e limitado por um consumo curto.

Amanhã será um dia banal,

desigual, e inútil,

onde o sol nascerá para todos

mas brilhará para poucos.

SOBRE OS NOSSOS CONFORMISMOS COTIDIANOS

Nos conformamos ao intolerável 

de todos os dias,

a comida ruim,

ao salário miúdo,

a carestia,

ao eterno carnaval dos corruptos,

e a grande hipocrisia nacional.

Nos conformamos a morrer aos poucos,

as crises econômicas,

a desigualdade social,

e a desfuncionalidade geral.

Somos mansos indignados,

falsos revoltados,

que não acreditam no bem comum,

na sinceridade de qualquer interesse público,

e aplaudem autoritarismos e populismos de ocasião

contra tudo que é plural e libertário. 

Somos gado num matadouro.

Nunca fomos um povo

numa república que nunca foi democrática.

CAPITALISMO TUPINIQUIM

O capitalismo no Brasil vive de lucro global e pouco se importa com o consumo local.

os lucros almentam quando quase nos mata de some.

Afinal, para os empresarios, pobre é consumidor de terceira categoria.

POLÍTICOS HOJE E SEMPRE

Politicos roubam,

mentem,

fazem promessas de ano novo, 

profecias sobre novos dias,

abusam do fisiologismo e da demagogia,

mas escapam sempre de todas as acusações, investigações,

e, até mesmo, condenações.

A política se tornou o crime perfeito.

Há sempre bandidos desfrutanto de mandatos,

não importa sua ficha corrida.

LUTA E INDIGNAÇÃO

O obscurantismo das interdições,

das coações e imposições

dos poderes do onipresente insano,

das verdades únicas,

dos elitismos e nacionalismos,

jamais vão calar a potência 

de nossa indignação, 

nossa vontade de vida,

nossa necessidade de outros mundos,

em imaginações selvagens.

Seremos sempre aqueles que dizem não,

que produzem o infinito,

e se lançam nos braços do desconhecido

contra a escravidão.

Carregamos um amanhã selvagem

na palma  de nossas mãos combinadas. 

Recusamos toda ilusão que sustenta a escuridão da ordem

que nos priva do cotidiano.

MICRO POLÍTICAS

As micro políticas do mistério definem a Pós Modernidade como uma ética e estética do vir a ser. Ou, segundo Michel Maffesoli,

"Na Idade Média, os 'mistérios' em torno dos quais a comunidade comungava se desenrolavam diante da catedral. O mesmo acontece hoje. É nas igrejas eletrônicas, através dos video games, de sites, de blogs, de fóruns e de enciclopédias que se desenrolam os ' mistérios' pós modernos. Mistérios que unem entre si todos esses iniciados ( sexuais, musicais, esportivos,religiosos,teóricos) que formam a sociedade do vir a ser."

Michel Maffesoli. O Tempo Retorna.Formas elementares de pós modernidade. RJ: Forense Universitária, 2012. p.103

POLÍTICA E MENTIRA

São tempos estranhos onde a velha hipocrisia e falso moralismo foram substituídos pelas calúnias das fakes news. De uma forma ou de outra, a mentira continua sendo a mais genuína linguagem dos profissionais da política.

O BRASIL DE HOJE

Vivemos em um país conformado ao caos social e ao mais obtuso conservadorismo político. 

Um país que prefere a ordem a mudança,  o desastre ao novo, e onde ninguém parece realmente se importar com o futuro.

Os jornais seguém cheio de novas e escandalosas notícias, mas sem nenhuma novidade.

O VELHO NORMAL DA MORTE

A pandemia já não mata como no ano passado.

Aos poucos, a morte volta ao normal.

Morre-se de violência urbana,

racismo,

precariedade da saúde pública,

de tristeza e de pobreza.

Morre-se de desamparo,

por descaso e assassinato.

E o enterro custa cada vez mais caro

no velho normal  da banalidade de nosso morrer banal.

GASTOS PÚBLICOS

A grande fortuna de nossos tributos é gerida por políticos que vivem do uso duvidoso de verbas públicas. Justamente por isso nos falta tudo.

Mas o povo não existe no país das elites.