sábado, 12 de agosto de 2023

AQUELE QUE QUASE NASCEU

Tenho gasto meu tempo
 no trabalho, no mercado
e no circo.
Vivido para ser visto,
controlado e explorado.

Tenho sido isso ou aquilo
na ausência de mim mesmo
e através das coisas gastas e perdidas
em exercícios  fúteis de sociabilidade
que arremedam a vida.

Tenho visto meu tempo encolhendo nos anos,
meu corpo morrendo aos poucos nos fatos,
e minha existência desaparecendo em meus atos 
e silêncios cotidianos.

Tenho morrido, 
sofrido noites dentro de dias,
como se parte de mim
nunca tivesse nascido
ou não pudesse ter sido.



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