domingo, 24 de março de 2024

DA REVOLTA A REBELIÃO

A revolta, as vezes, é 
discreta.
Sem alarido cresce entre os oprimidos
como um permanente e discreto estado de indignação,
insubordinação &
Insatisfação.

 Sussurramos contra o poder,
debochamos das hierarquias,
ciências e autoridades
 que se acham no direito de decidir nossas vidas.

A revolta cresce sem alarde,
silenciosa e constante,
a margem da ordem estabelecida.

Um dia ela vira rebelião,
um ato de poesia da mais feroz multidão.


quarta-feira, 20 de março de 2024

CARESTIA

A vida custa cada vez mais caro
aos que não tem quase nada.
Vida que já quase não vive,
que só sobrevive para ser explorada.

As coisas custam cada vez mais caro.
De quase nada nos serve um salário
quando as coisas valem mais do que a vida,
e somos tratados como coisas abaixo do custo da vida.

Não confiem nos números do governo
nem no otimismo dos economistas.
Existir é cada vez mais caro
onde a vida tem preço 
mas não nenhum valor.












segunda-feira, 18 de março de 2024

AS GERAÇÕES FUTURAS


Vivemos sob o julgo da negação
de toda forma de vida.

Vivemos para o que nos nega a existência
e tudo reduz a cifras.

Vivemos para o que nos degrada e mata
dia após dia,
para o que nos faz morrer
em confortável agonia
e absurda obediência.
Tudo em nome de uma ridícula sobrevivência.

Deixamos, assim, a nossa descendência
 o desafio de se reinventar,
de redescobrir a vida,
no tempo transfigurado
da mais potente e redentora insurgência.


sábado, 16 de março de 2024

O APOSTATA

Não sou conservador ou progressista.
Abomino o progresso tanto quanto a tradição.
Não acredito em metafísicas ou iluminismos
que igualmente nos conformam a degenerada e danificada vida de todos os dias.
Não caio no jogo da verdade e  ilusão.
Recuso o Estado, o Mercado, Igrejas
e todas as mentiras sobre sucesso pessoal e redenção.
Existo tão somente para minha morte,
entre o absurdo e a ilusão.
Estou entre os surdos e
mudos que por simples bom senso
renunciaram a palavra e a razão.

sexta-feira, 15 de março de 2024

O CAMINHO DA REBELIÃO E DA RESISTÊNCIA

As vezes, a resistência é sutil,
dissimulada e cheia de ardil,
até crescer sorrateiramente
e ganhar as ruas,
movendo corpos e consciências
contra o poder dos fatos e a ditadura do agora e sempre.

Levantam-se sempre contra o governo, 
o Estado e o Capital,
todos aqueles que cotidianamente sofrem,
sendo explorados e desrespeitados,
como quase escravos.
Mesmo que o levante seja silencioso,
quase invisível,
ele existe virtualmente como potência. 

A resistência é presente
mesmo onde não é aparente.
Pois a revolta é uma planta que germina, cresce e floresce em qualquer chão
e só obedece ao seu próprio caminho,
seguindo intensa nos subterrâneos das imaginações
forjando para todos outros destinos.






quinta-feira, 14 de março de 2024

DESIGUALDADE E DESOBEDIÊNCIA

A desigualdade
é mãe da hierarquia,
da servidão,
da exploração e exclusão.

É o que nos impõe
a obediência
como uma falsa necessidade
estabelecendo a autoridade como princípio de dominação e assujeitamento.

A liberdade é a gramática
dos revoltados,
dos que se recusam a abodecer
e se submeter a uma ordem injusta.

terça-feira, 12 de março de 2024

A PEDRA COMO POEMA

Uma pedra é um poema
ao quebrar uma janela
ou estilhaçar uma vidraça.

Pois o poema não requer palavra.
Ele é um afeto em movimento.
Potência, ato e acontecimento.

É através da mudez do grito
que  um poema fala,
se faz corpo
contra a realidade
através do inefável
de uma vontade insurgente.

sexta-feira, 8 de março de 2024

ALERTA CONTRA OS PERIGOS DO CONFORMISMO

O conformismo é um vírus
altamente contagioso.
Ele circula por todos os lugares.

Infecta com facilidade mentalidades e vontades
conformando-as a mesmices e rotinas,
as mentiras do poder, 
do Estado e da religião.

Pode-se mesmo classifica-lo como pandêmico.
Seus principais sintomas são
a impotência,
a obediência e a ausência de resistência.

O conformismo é uma doença
que adoece o presente e mata futuros.
É o que nos condena a subserviência,
 a uma existência fútil
e a entorpecência de um otimismo oco e inútil.




quinta-feira, 7 de março de 2024

A MISÉRIA DO NOSSO TRABALHO

O trabalho não nos traz dignidade.
Muito menos é uma atividade 
imposta pela necessidade.
É uma norma imposta,
 um dispositivo de controle,
de submissão e assujeitamento
a um relacionamento de poder
que nos degrada e submete
a vil condição de despossuídos e explorados.
O trabalho nos  mata dia após dia
reduzindo a existência a cruel dependência de um salário.
Não somos livres...
Isso é o que mais importa dizer
sobre a miséria do nosso trabalho.


quarta-feira, 6 de março de 2024

CONTRA TODAS AS ESCOLHAS QUE NOS SÃO IMPOSTAS



Nos impuseram a seguinte escolha:
Morrer de fome,
de trabalho,
ou de esperança.
No fundo é tudo a mesma coisa.

Por isso escolhemos a revolta
e recusamos tão absurda escolha.

A vida nos ensinou a insurreição
e um mundo novo no coração.

Eis nossa intempestiva alternativa
contra as escolhas que nos são covardemente impostas.

sábado, 2 de março de 2024

O FIM DO DIREITO DO TRABALHO

As condições trabalho e vida tendem a ser cada vez mais precarizadas uma vez que segue em curso a consolidação de uma reforma trabalhista que  representou menos direitos, salários menores e maior jornada de trabalho para os trabalhadores.
Isso em um contexto de aumento do "desemprego formal" e do " trabalho informal" em tempos de transformações tecnológicas inéditas e de amplo alcance sob o modo como percebemos e produzimos o mundo. Um mundo, diga-se de passagem, cada vez mais desigual e injusto diante de uma ofensiva neo liberal que parece não ter mais qualquer limite na redução da vida a racionalidade de uma acumulação ilimitada de capitais e concentração da riqueza coletivamente produzida por tão poucos.
Nunca foi tão difícil acreditar em qualquer ética ou dignidade do trabalho ou na conveniência de se conservar modos de vida baseados na exploração de muitos por tão poucos.
Definitivamente, o trabalho não dignifica e nunca dignificou ninguém. Ele apenas nos rebaixa a condição de explorados e a decadência das leis trabalhistas e direitos históricos que até tão pouco tempo definiram o mundo do trabalho dão lugar a exploração sem limites que lembram a brutalidade do início do indústrialísmo e urbanização da vida no chamado ocidente dos secs. XVIII e XIX.



DESIGUALDADE

A desigualdade é uma criação ocidental,
um dispositivo moderno e colonial
para sustentar privilégios,
Justificar disciplinas
e hierarquias.

A desigualdade é  o que faz do trabalho
um modo de roubar a vida,
a dignidade e a razão
das multidões que padecem
nos labirintos urbanos.

A desigualdade é inerente ao capitalismo,
a riqueza de poucos  arrancada de muitos,
Justificada e mantida pelo Estado
e pelo arcabouço jurídico que sustenta a ordem estabelecida
acima de qualquer noção de justiça.

A desigualdade é a fome,
a banalização da morte,
a ditadura da necessidade 
imposta pela opulência dos bem nascidos
que tanto  exploram os excluídos.

A desigualdade é o paraíso dos ricos
e o inferno dos pobres.
É o que condena a maioria de nós a maldição de viver de labor e salário
para o benefício de tão poucos
que vivem de rendas, heranças e títulos.

A desigualdade é um artifício maldito
a ser sempre combatido e rejeitado
pela multidão de despossuídos e explorados.